“A ruína não nos dá medo. Sabemos que não vamos herdar nada mais que ruínas. Porque a burguesia tratará de arruinar o mundo na última fase da sua história. Porém, nós não tememos as ruínas, porque levamos um mundo novo em nossos corações. Esse mundo está crescendo nesse momento”.
“O fascismo não se discute, se destrói”
Em 14 de julho de 1896 nasceu Buenaventura Durruti. Era mecânico e se tornou lendário militante anarquista e da Confederação Nacional do Trabalho (CNT). Aos 21 anos interveio na greve geral de agosto de 1917 lhe rendeu sua expulsão da UGT. Algumas semanas depois, ele foi para o exílio na França para não comparecer ao serviço militar. Em outubro de 1922, fundou com Francisco Ascaso, García Oliver, Aurelio Fernández, Ricardo Sanz e outros, o grupo anarquista Los Solidarios, realizando, entre outras, práticas de expropriação e sustentação da luta sindical e anarquista. Em 1923 depois de participar de ações de expropriação, sendo preso e depois solto decide se exilar quando começa a ditadura de Rivera.
No ano seguinte tenta organização pequenos grupos guerrilheiros a partir da França para combater a ditadura de Rivera, mas não tem êxito. Assim, Durruti e Ascaso vão para a América, onde combinaram trabalhos em vários ofícios com assaltos para financiar a libertação de prisioneiros, a fundação de escolas racionalistas e outros projetos, em uma viagem que os levou a Nova York, México, Cuba, Chile, Argentina, Uruguai, retornando a Paris em maio de 1926.
São perseguidos por forças policiais do estado espanhol no França e na Bélgica. Durruti retornou a Barcelona com a proclamação da República, em 1931, residindo no distrito operário de Pueblo Nuevo. Constituiu o grupo Nosotros com García Oliver, Francisco Ascaso, Ricardo Sanz e outros.
Participação das insurreições de janeiro de 1932 no Alto Llobregat e de Janeiro de 1933 em Barcelona. Interveio na campanha de abstenção das eleições de novembro de 1933. Liderou a insurreição de dezembro de 1933, pela qual foi preso e encarcerado na prisão de Burgos, até a anistia de abril de 1934. Participou do Plenário Nacional da CNT que rejeitou o Pacto de Alianza Obrera assinado pela CNT asturiana com a UGT.
Em julho de 1936 participa do Comitê Confederal de Defesa que derrotou o exercito e faz da delegação que se reuniu com a Companys, presidente da Generalidad de Cataluña, que tomou a decisão provisória de formar o CCMA – Comitê Central de Milícias Antifascistas, um órgão de colaboração de classes que durou nove semanas. Desde o inicio foi contrário contrário à militarização das milícias populares e da participação da CNT do governo junto aos republicanos burgueses.
Em 4 de novembro de 1936 o jornal da CNT Solidariedade Obreira anuncia a entrada de quatro anarquistas no governo de Largo Caballero. Imediatamente Durruti transmite por rádio um duro discurso, crítico a burocratização da CNT e ao avanço da contrarrevolução, se opondo frontalmente ao decreto de militarização das Milícias Populares, apontando a necessidade de reforçar a retaguarda e liquidar o governo burguês da Generalidad. Era necessário transformar a guerra civil em guerra revolucionária. A posição Antifascista em armas de Durruti se opõe a tática de se aliar à burguesia para combater o fascismo, pois submetia o movimento anarquista que aderia aos métodos e programa da burguesia republicana. Assim, parte da coluna Durruti foi transferida para Madri, correndo o risco de cair sob o poder dos franquistas.
Em 19 de novembro de 1936, Durruti foi baleado na frente de Madri e morreu no dia seguinte. Seu enterro teve presença maciça do povo em Barcelona, no domingo 23. No ano seguinte à sua morte, a propaganda stalinista atribuiu falsamente um slogan, que seu aparato de propaganda tornou famoso: “Renunciamos a tudo, exceto à vitória”.
Durruti nunca renunciou a revolução para ganhar a guerra contra o fascismo. A agrupação minoritária na CNT Os Amigos de Durruti continuaram a seguir as orientações de Durruti. Mesmo assim, depois das jornadas de Maio de 37 em Barcelona foram desautorizados e perseguidos pela própria CNT-FAI por denunciar sua traição, como incapacidade e colaboração de classe.