Comunicado Nacional FOB
O dia 08 de março é conhecido internacionalmente como Dia Internacional
da Mulher. Todos os anos o sistema capitalista procura esvaziar o sentido
desse dia, tentando transformá-lo em apenas mais uma data comercial, com
incontáveis estímulos ao consumismo.
Enquanto grandes marcas elaboram campanhas celebrando um ideal
feminino heteronormativo, ou aproveitando-se comercialmente da pauta da
diversidade, não observamos melhoria real na vida das mulheres do povo.
As taxas de violência doméstica e de assassinatos de mulheres aumentam,
o custo de vida exige cada vez mais horas de trabalho feminino e o
conservadorismo cresce no país, expondo nossas meninas e mulheres a
cada vez mais violências físicas, psicológicas e institucionais.
MULHER TRABALHADORA:
DUPLAMENTE EXPLORADA, DUPLAMENTE INSURGENTE
A escala de trabalho 6×1, realidade extremamente desgastante de muitos
brasileiros, fica ainda pior quando olhamos pela perspectiva das mulheres
trabalhadoras. Para esse grupo, essa dinâmica é ainda mais extenuante e
se soma a outras dificuldades como: a sobrecarga mental, a desigualdade
de gênero no mercado de trabalho e a dupla ou tripla jornada, fatores
esses que podem provocar impactos devastadores na saúde física e
mental.
De acordo com dados de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), além da jornada de trabalho semanal, as mulheres
também trabalham cerca de 21,3 horas em casa. Ainda, segundo o
Ministério das Mulheres e do Trabalho e Emprego (MTE), as mulheres
recebem 19,4% a menos que os homens. Esses dados confirmam a
realidade feminina de sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidados e a
menor remuneração em relação aos homens para funções equivalentes e
demonstram a necessidade de nos organizarmos para melhorar nossas
condições de existência.
É PRECISO AVANÇAR NA LUTA PELO DIREITO
À VIDA DAS MULHERES!
Além de impelidas pela sociedade a dedicar muitas horas ao trabalho doméstico,
necessário para manutenção da vida, mas não remunerado, somos impedidas pelo
Estado de ter termos o controle de nossos corpos! Enquanto outros países da
América Latina avançam, o Brasil ainda se encontra no limbo conservador,
impedindo que as mulheres tenham total controle dos seus corpos. Somos
impedidas de decidir, criminalizadas, e muitas de nós acabam mortas.
O aborto é o quinto maior causador de mortes maternas no Brasil. Os dados indicam
que no Brasil, cerca de 800 mil mulheres praticam abortos todos os anos. Dessas,
200 mil recorrem ao SUS para tratar as sequelas de procedimentos malfeitos. No
entanto, nas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), os números
podem ser ainda maiores, podendo ultrapassar um milhão de mulheres. Estima-se
que 7,4 milhões de brasileiras já fizeram pelo menos um aborto.
O que deveria ser uma discussão de Saúde Pública acaba se tornando um palanque
verborrágico de discurso religioso e disputa de poder ideológico, comprometendo a
vida de milhões de mulheres. Nem as crianças escapam, meninas, menores de
idade, têm sido obrigadas a se tornarem mães dos filhos de seus algozes. Crianças
vítimas de estupro tiveram seus direitos negados ao serem impedidas de fazerem aborto.
NÃO QUEREMOS UMA DEMOCRACIA QUE NÃO NOS QUER
Inserir um pouquinho de textoSegundo o 18º Anuário Brasileiro de Segurança
Pública, em 2023, as agressões decorrentes de violência doméstica apresentaram
um aumento de 9,8%, chegando a 258.941 ocorrências. Os casos de feminicídio
também cresceram, totalizando 1.467 registros e as tentativas de feminicídio e
homicídio contra mulheres também aumentaram consideravelmente, com 2.797 e
8.372 casos registrados.
Esses dados demonstram a falsidade da narrativa socialdemocrata, que tentava nos
convencer de que a violência sofrida por nós seria amenizada com a troca dos
representantes do Estado, com a deposição do Bolsonaro e sua corja. Entretanto, o
que a realidade nos aponta é que a misoginia está enraizada no Estado burguês
racista e colonial e, para mudar essa conjuntura, é necessária uma transformação
social radical.
Por isso, neste 8 de março a Federação das Organizações de Base (FOB) convida a
todas as companheiras para que nos lancemos ativamente na luta. Sem peleguismo
e conciliação! É através da construção de espaços de reivindicação, como
ocupações, comitês de bairro ou comércio, do fortalecimento das pautas por
melhoria na nossa vida que construiremos a verdadeira democracia. Somos a faísca
de uma nova sociedade, nos tempos anteriores e hoje também!
AVANTE MULHERES DO POVO! CONSTRUA A FOB!