Comitê de Propaganda da RECC – UERJ, Boletim nº 1 – Maio/2016
Nas últimas semanas o Rio de Janeiro vem sendo tomado por uma onda de ocupações de escolas da rede estadual, um verdadeiro rastro de pólvora que já alcança mais de 70 instituições. Os estudantes pobres vêm demonstrando como a luta deve ser feita, através da ação direta autônoma, ocupando suas escolas na luta por: a) Melhoria da infraestrutura; b) eleições diretas para diretor; c) Passe livre geral e irrestrito; dentre outras reivindicações. Além disso, as ocupações apontam para uma nova gestão da comunidade trabalhadora sobre as escolas, assim, cada centro de ensino torna-se um foco de poder popular nos bairros, com suas assembleias e comissões, gerindo espaços políticos, pedagógicos e de infraestrutura (limpeza, alimentação, etc.).
A UERJ não está longe dessa realidade de precarização. Os banheiros estão caindo aos pedaços, o Restaurante Universitário pago em parte por verba do vestibular, se encontra fechado não pela greve, mas pelo total descaso da reitoria. O Hospital Universitário Pedro Ernesto está prestes a ser privatizado via OS (“organizações sociais”), dificultando o acesso da população trabalhadora que mais necessita de seus serviços e piorando as condições de trabalho (através da ampliação da terceirização e contrato precários).
A greve, arma fundamental dos trabalhadores na luta por seus direitos, já se estende por cerca de 2 meses, e vem sendo sabotada por aqueles que “teoricamente” deveriam defendê-la: as direções sindicais e as entidades oficiais – DCE (PT), SINTUPERJ (PC do B), ASSDUERJ (PSOL).Estes dificultam a execução de piquetes, desrespeitam as deliberações das assembleias de base (como o DCE que até hoje não repassou o caixa para o comando estudantil de greve). Enfim, estas entidades defendem uma greve de “pijama” que visa fazer com que a luta não respingue contra seus partidos (PT/PC do B) que se encontram no Governo, ou questionem seus privilégios enquanto burocratas sindicais com “conchavos” na Reitoria e no Estado. Seguindo o exemplo das ocupações, não podemos esperar passivamente pelas mesas de negociação, devemos nos organizar de forma autônoma para radicalizar nossa greve!
Para radicalizar a greve e a luta estudantil devemos ter em mente que o principal ataque da máfia do Estado/Governo é o Ajuste Fiscal, aprovado por Dilma (PT) junto com a “oposição” (PMDB, PSDB, etc.). O ajuste fiscal realizou o corte de 14 bilhões da educação em 2015-2016 e implementou a privatização via OS a nível nacional (através do programa Pátria Educadora). Dornelles/Pezão e o PMDB são cumplices nessas políticas e as aplicam a nível local (deixando até os aposentados sem receber, enquanto beneficiam empresários). No mesmo período o Governo Federal aprovou a Lei Antiterrorismo, visando perseguir todos aqueles que lutarem contra a retirada de direitos. Mas não podemos nos intimidar! Nem esquecer do inquérito criminal contra o CA de Filosofia e dos diversos estudantes e professores processados por lutar contra os abusos da Copa.
Frente a isso, muitos estudantes e trabalhadores combativos da UERJ têm lutado de forma isolada em suas categorias e assembleias, visto que DCE e sindicatos estão paralisados. Acreditamos, porém, que devemos dar um passo adiante. É necessário unificar os esforços com a construção de um Comitê de Mobilização unindo todas as categorias, para organizar a luta real nos locais de estudo/trabalho. Este Comitê de Mobilização deve se reunir regularmente para garantir os piquetes, ocupações, fechamentos de rua, catracaços, participação da base nas assembleias e lutas. Depois de se consolidar aqui é fundamental se unir a outros comitês e organismos de luta formando conselhos populares, como espaços de contra-poder do povo no Rio de Janeiro. Esse é o único caminho que nos trará vitórias, não devemos ter ilusões na farsa eleitoral (PT ou PSDB, etc).
Dessa forma, convocamos os estudantes para a construção do Comitê de Propaganda da RECC (Rede Estudantil Classista e Combativa) na UERJ. Cujo objetivo é propagar a defesa de uma Universidade Popular a serviço da classe trabalhadora das favelas e periferias. Para isso pretendemos utilizar todos os meios a nosso alcance: boletins, grafites, murais, estêncil, rap, rádios comunitárias, etc. Queremos iniciar o debate para a construção de um coletivo/oposição que se organize nacionalmente para enfrentar tais ataques do governo e sua máfia empresarial e estudantil (UNE e UBES). Acreditamos que só uma federação autônoma de estudantes poderá ser a linha de frente na defesa dos direitos dos estudantes-trabalhadores no Brasil!
Derrubar o Ajuste Fiscal e a Lei Antiterrorismo!
Construir o contra-poder estudantil e popular!
Conheça o Movimento Estudantil Classista e Combativo!
Conheça a RECC!