Setembro de 2016 | Contato: orc-ce@inventati.org | lutafob.wordpress.com
Filiada ao Fórum de Oposições pela Base – FOB
No final de Setembro de 2016 será realizada mais uma eleição em nosso sindicato – SINDIUTE. Nós da Oposição de Resistência Classista (ORC-RJ), não estamos compondo nenhuma chapa. E depois de inúmeras indagações a respeito, feitas por respeitosos camaradas do movimento, apresentamos aqui nossa avaliação sobre este momento em que acontece o processo eleitoral, como contribuição ao debate. |
Ao final da greve um grupo de professores descontentes com o processo passou a se encontrar para debater a construção de um movimento de oposição e a possibilidade de lançar uma chapa. Estavamos nesse grupo. No entanto o progressivo esvasiamento deste espaço e a chegada da CSP-Conlutas propondo apenas a disputa eleitoral sem debate de programa nos levou a romper com este grupo e consequentemente com a chapa. |
A SAÍDA É PELA BASE!
1) Desde já queremos deixar claro que não somos contra eleições no SINDIUTE ou no movimento sindical e popular. Porém, a participação neste processo de 2016 sem a consolidação de um movimento significativo (em qualidade e quantidade) de luta, organizado e construído pela base, tende a ser uma mera reprodução dos passos dados pela burocracia sindical que dirige o SINDIUTE há anos. Uma nova concepção de sindicalismo demanda igual diferenciação nos objetivos e no modo de fazer política. Aproveitar um recente desgaste da burocracia com uma parcela da base devido a péssima condução da nossa greve, somente com uma estratégia eleitoral, é muito pouco para começar a desmembrar essa direção do SINDIUTE e muito menos ainda para construir Sindicalismo Revolucionário.
2) O levante popular de 2013 mostrou como as bases cada vez mais não reconhecem as direções sindicais como representantes de seus interesses. As greves da Rede Estadual do Ceará de 2011 e 2016, bem como outras greves de outras categorias como a dos garís do Rio de Janeiro e de operários das obras do PAC são emblemáticas na exposição desta contradição entre base e direção. Isso aumenta a responsabilidade do resgate de uma concepção classista e combativa de sindicalismo. Isso é anterior às urnas! Isso é o que demanda a consolidação de uma oposição sindical!
3) A disputa política dentro do sindicato, assim como a greve, não são um fim em si mesmos. Devem ser resultado de uma concepção sindical de fato classista. O grevismo dessa burocracia é apenas mais uma das facetas desta concepção sindical equivocada e que é praticada não somente no SINDIUTE, mas também na maioria dos sindicatos brasileiros: um sindicalismo de Estado, atrelado aos interesses da disputa parlamentar (fetichizada nas corridas de gabinetes e nas eleições de seus candidatos nas eleições burguesas). Partidos como o PT, PC do B, PSOL e PSTU que dirigem uma boa parte dos sindicatos brasileiros são mestres nesta prática política. Com a diferença que os dois primeiros permaneceram por mais de uma década no campo do governismo e os dois últimos são paragovernistas.
4) Esta concepção de política sindical coloca como protagonistas das lutas direções sindicais e partidos, desprivilegiando as bases, além de levar constantemente os trabalhadores a derrotas. Uma política que trai a classe trabalhadora! Para reverter isso devemos colocar entre as prioridades do movimento dos trabalhadores da educação nesse momento:
– construir realmente as eleições de representantes de escolas, a fim de formar e empoderar as bases com novas lideranças nas escolas, que tenham como método de luta a ação direta, a independência de classe e o combate ao aparelhamento (principalmente dos partidos eleitorais).
– enraizar o princípio da solidariedade de classe. Devemos apoiar e defender todo e qualquer lutador da classe, independente de ser da categoria ou não, seja com campanhas, apoio jurídico, propaganda e luta nas ruas.
– construir uma politica de um fundo de greve para que a categoria possa enfrentar a ilegalidade das greves e as ameaças dos governos com mais tranquilidade, sabendo que existe um recurso para amparar as/os trabalhadoras/es que possam ter o ponto cortado.
– combater o sectarismo, construindo um sindicato plural e que delibere através dos trabalhadores a partir da democracia direta.
5) Para tanto, tão ou mais importante que as ponderações anteriores, queremos dialogar com as/os companheiras/os mais novas/os ou muito presentes anteriormente no movimento, que se destacaram em especial nesta ultima greve da rede municipal de Fortaleza e que por alguma razão optaram por concorrer a direção do SINDIUTE, em especial nas chapas 2 e 3. A participação nas eleições pode ser uma rica experiência que não podemos subestimar, mas achamos que não é o momento de se desgastar neste processo, pois se corre o risco de termos militantes sinceros isolados e respaldando uma burocracia sindical, sem a capacidade de intervenção significativa ainda nos espaços de base. Isso pode vir a confundir a base e não trazer um apoio eficaz na luta contra essa burocracia sindical. Já tivemos diretores antes que cumpriram esse papel e sabemos como isso foi ineficaz para a luta. Avançou-se muito nos últimos anos, mas ainda precisamos de mais. Formar os novos e os antigos militantes numa concepção do sindicalismo revolucionário, diferente das referências anteriores do PTismo.
6) Por fim, queríamos deixar claro que uma concepção classista não se caracteriza só por textos ou palavras de ordem. Muito menos por discursos inflamados nas assembleias. Se caracteriza por ações concretas no mundo real que devem ser medidas também pela trajetória de cada um. Por isso a ORC, bem como todas as oposições afiliadas ao Fórum de Oposições Pela Base (FOB), em qualquer estado desse país defende com coerência a mesma política. Sempre estamos dispostos a discutir qualquer polêmica com as demais correntes do movimento sem sectarismo. Olho no olho, assumindo publica e honestamente nossas posições. E principalmente respeitando as divergências e debatendo com aqueles/as que tenham essa mesma conduta.