[FOB-RJ] O Poder e a Mentira: Nota sobre o 15M no Rio de Janeiro

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O ato contra a reforma da previdência, do dia 15 de março de 2017, foi marcado por uma grande adesão de massas. Dezenas de milhares de pessoas nas ruas. Entretanto, o ato, ao chegar na Central do Brasil, foi cenário de uma dupla ação repressiva: a ação comandada pela CUT e pelas centrais; a ação da Guarda Municipal e da Tropa de Choque da PM. Em nota oficial a CUT RJ declarou:

“Ao final do ato unificado das centrais sindicais que reuniu 100 mil pessoas na Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, um grupo de pessoas atacou uma bandeira da CUT e tentou atear fogo ao mesmo tempo que outro grupo jogava bombas e fogos para dentro da sede da guarda municipal em frente a Central do Brasil. Esta ação, que muito nos lembra o avanço fascista sobre a unidade popular que existia no começo de junho de 2013, foi o estopim de uma confusão.”

Temos aqui três grandes mentiras. A primeira delas, a de que um grupo de pessoas tentou atear fogo em uma bandeira da CUT; a segunda, a de que os manifestantes teriam “arremessado” bombas contra a guarda municipal; a terceira, de que existiria um ataque “fascista” durante a manifestação.

A CUT, de tanto tempo junto ao poder de Estado, só consegue reproduzir os modos de ação do estadista: a mentira e manipulação. Assim como as polícias vivem forjando autos de resistência, nos quais sempre o negro, pobre e favelado “atira primeiro”, a CUT está agora forjando “autos de resistência” para as oposições sindicais, estudantis e populares; foram os “vândalos e Black Blocs” (equivalente ao negro-favelado, criado como inimigo número um pelas polícias) que teriam iniciado a ação que justifica a repressão policial. É a mulher, vítima de estupro, que provoca o agressor. São todas narrativas equivalentes. O autoritarismo da CUT criou um equivalente ideológico do racismo e do machismo: nos dois discursos a polícia age em defesa da sociedade para combater monstros que perturbam a ordem. Nos dois quem mais é vitimado aparece como o causador da sua própria agressão.

Essa narrativa, que criminaliza a juventude pobre e os trabalhadores rebeldes, se ampara na mentira. Apesar de a própria ideia de que a polícia “reage passionalmente” ser, em si mesma, absurda (ela recebe ordens, ela só dispersa um ato com ordem para tal, e não porque recebeu alguma “provocação”, e o aparato repressivo municiado só indica que a ordem preexistia a qualquer ataque), os fatos relatados são mentirosos.

Todos que estavam no momento do início da repressão, inclusive os primeiros relatos da imprensa oficial, afirmam que o ato era pacífico até a guarda municipal iniciar uma operação de liberação das vias. E imediatamente após o início da repressão, ainda realizada apenas com bombas lançadas pela GM de dentro da Central do Brasil, os primeiros a chegarem para tentar dispersar um segmento específico do ato, composto por milhares de pessoas que ocupavam a terceira pista da Presidente Vargas e que entoavam as palavras de ordem de greve geral, foram os seguranças contratados pelas centrais. Vejam, as imagens são claras, há um grande intervalo de tempo entre o momento em que explodem as primeiras bombas e a chegada da tropa, intervalo em que é possível ver dezenas de seguranças com bandeiras da CUT e Força Sindical tentando liberar a pista, expulsando manifestantes. Esses são os únicos fatos para os quais

existem registros e provas inumeráveis. Vários registros do momento de início da repressão mostram isso (ver vídeo do G1 http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/manifestantes-fazem-protesto-no-centro-do-rio.ghtml ). Também há provas de militantes da CUT atacando os militantes autônomos feitas e divulgadas por vários coletivos de mídia independente. Além disso as provocações cutistas começaram antes do incidente na central do Brasil; o vazamento na internet de grupos incitando o ódio e violência contra os Black Bloc, e provocações durante a marcha comprovam isso.

A mentira é uma arma de Estado. A própria política do PMDB para justificar a reforma da previdência é amparada em mentiras. E para a CUT reivindicar um poder de polícia que ela não tem (pois mesmo que pessoas cometam quaisquer atos que as centrais considerem ilegais, elas estão em via pública e somente o poder de Estado tem amparo legal para reprimi-la) ela precisa mentir, criminalizar, criar o pânico no “bom manifestante” que, assim como a classe média assustada, irá dar graças a deus quando é preso um favelado ou um “Black Bloc”.

A mentira e o medo criam um clima irracional de polarização e aceitação acrítica dos poderes instituídos. O método da CUT para se manter no poder das direções sindicais é o mesmo da podre oligarquia para se manter no poder de Estado: a mentira, a violência e o medo.

Desse modo, a Nota da CUT apenas explicita como a degeneração da central no sindicalismo de Estado leva a mesma a reproduzir a prática das mentiras, típica da mídia golpista, e a prática de abuso de poder, típicas das polícias. Usando dos mesmos métodos de criminalização da polícia racista, que julga, condena e pune, sem prova, julgamento e contraditório, essa central – assim como as demais – apenas se mostram como instrumentos do sistema que dizem combater, mas ao qual servem tão bem, de corpo e alma.

Mesmo que acontecessem as fábulas inventadas pela CUT, ninguém tem autoridade e legitimidade para julgar e punir, sem contraditório, sem debate, na rua. Esta é lógica dos grupos de extermínio, dos Bolsonaros e companhia. O método da classe deve garantir o amplo debate, direito de defesa, democracia, tudo que o autoritarismo petista-cutista não conhece.                                               

Nós, representantes do sindicalismo revolucionário, que estamos nas barricadas, somos estudantes, trabalhadores, professores, operários, desempregados, camelôs, trabalhadores informais. Somos Rafael Braga. Somos os 23 da Copa. Somos Cláudia e Amarildo. Somos Junho de 2013. Somos Oziel Terena, os Guarani Kaiwá. Somos o povo. E o capuz é apenas o rosto de um povo que luta. A máscara é um ato de rebeldia; nos rebelamos contra a liderança carismática e personalista; nos rebelamos também contra a ditadura mascarada que quer identificar e punir. Nos atacar é atacar o povo. E o povo irá reagir, derrubando as mentiras e os poderes instituídos. Mais cedo ou mais tarde.

Por isso repudiamos a violência policial do Estado e para-policial da CUT. Repudiamos a agressão brutal contra professora Mônica, contra os estudantes no IFCS, contra os trabalhadores agredidos no amarelinho da Cinelândia (estes não mereceram, como a suposta bandeira da CUT, nenhuma solidariedade do petismo-cutismo). Repudiamos também a nota mentirosa. Conclamamos também os trabalhadores a repudiarem esta posição e prática das centrais, divulgando por todos os meios esta nota de repúdio e denúncia. Quem estava lá viu o que aconteceu. Quem reproduzir a nota e a versão da CUT reproduz a mentira e apoia o poder reacionário, pois só a verdade érevolucionária.

OUSAR LUTAR OUSAR VENCER!
IR AO COMBATE SEM TEMER!

0 thoughts on “[FOB-RJ] O Poder e a Mentira: Nota sobre o 15M no Rio de Janeiro

  1. CUT essa sigla é central única da trama? Pois é o que tá parecendo mentira, manipulação, coação. Tudo isso é muito mais pois hoje o foco dessa sigla gira em torno dá burguesia, do capital e dos interesses próprios afim de se ter a vantagem a favor deles. E não dá classe trabalhadora a luta deles não é mais contra a oposição. Mas sim contra nós as classes de trabalhadores o proletariado. CUT central única dos trabalhadores ?????? Onde?

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