Panfleto distribuído pela Oposição de Resistência Classista (ORC) na Assembleia unificada (município e estado do RJ) do dia 07/05/2013
A situação da educação pública do Rio de Janeiro, seja estadual, seja municipal, se encontra cada vez mais precarizada. Os trabalhadores da educação enfrentam cotidianamente em suas escolas a política neoliberal da educação que arrocha seus salários, precariza suas condições de trabalho, terceiriza os serviços de limpeza, cozinha e administrativos, sem contar a política meritocrática, que no nível pedagógico, retira a autonomia dos professores através das avaliações externas e aprovações automáticas. Nesse contexto, sofrem também os estudantes pobres, fi lhos da classe trabalhadora, que recebem uma educação de baixa qualidade e com muitas carências.
Simultaneamente à precarização da educação, saúde, moradia, transporte, etc; o governo estadual, municipal e federal (PT/PCdoB/PMDB) gastam bilhões com os grandes eventos, favorecendo as multinacionais, empreiteiras, etc. Ou seja, favorecem a burguesia com a construção de estádios e algumas obras de “reforma urbana”. Para tais empreendimentos muitas remoções ocorreram deixando milhares de trabalhadores sem moradia.
As UPP’s vieram também não só para favorecer a especulação imobiliária nos bairros ao entorno, como também no interior das próprias favelas1. Além de ser uma ditadura na favela com um claro intuito de conter as massas. O projeto de pacificação substitui o poder do tráfi co pelo poder do Estado via aparelho de repressão. O resultado são mortes de trabalhadores, humilhações, proibição de eventos culturais como baile funk e pagode, dentre outros.
Os grandes eventos, dos quais a Copa do Mundo é a nossa realidade mais próxima, aumentaram de maneira assustadora o custo de vida do povo, contribuindo para aumentar a precariedade de nossos serviços e as desigualdades sociais.
Nesse contexto, a luta tem que ser de todo o povo e todas as categorias contra os grandes eventos. Uma greve unificada da educação pública é necessária para além de ganhos corporativos e pedagógicos.
Ela tem que ser, principalmente, uma greve política de boicote à Copa do Mundo. Nesse sentido, é necessária a articulação de todas as categorias em greve e em mobilização para construção de uma Greve Geral que tenha a função de barrar a Copa. Assim, uma das bandeiras principais deve ser o Não Vai Ter Copa!
As Greves da rede estadual e municipal: como fazer a unificação ser bem sucedida
As greves das redes Estadual e Municipal ensinaram grandes lições aos trabalhadores em luta. Entre elas, que a luta não é somente contra o Estado e seus capachos, mas também contra a própria burocracia sindical que desmobiliza a categoria. Essa burocracia não é abstrata e se encontra na direção do SEPE composta majoritariamente por PSOL e PSTU. E os governistas do PT, mesmo minoritários, acabam por dar a linha política do sindicato.
A luta contra a burocracia sindical se faz com participação e trabalho de base. Nesse sentido, a construção de comitês, representantes de base por escola, são fundamentais, pois sendo o elo entre sindicato e escola, possibilitam o esclarecimento da categoria e a formação de uma consciência de classe da mesma, consciência que é indispensável para a luta.
Esse trabalho não é feito, nem foi feito para a construção das greves no passado (2011 e 2013), tampouco para a mobilização no presente ano. Porém, isso não significa que não devemos fazer greve, tampouco que será fracassada. Além da nossa categoria já ter demonstrado que quando a greve é deflagrada ela vem para luta, é fundamental a corrida em escolas com materiais de qualidade para dialogarmos com professores e técnicos sobre a necessidade da greve e de como que sua massividade pode nos trazer vitórias.
A unificação é fundamental para derrubarmos a política meritocrática, uma vez que esta atinge todas as redes de ensino. Nesse sentido, a pauta principal da unifi cação deve ser o Fim da Política Meritocrática. Já as pautas específicas de cada rede devem ser deliberadas de forma independente pelas mesmas.
Pelo Fim da Política Meritocrática!
Construir a Greve Geral!
Sem Direitos, Não Vai Ter Copa!
1 A recente ocupação do prédio OI-Telerj no fim de março é fruto desta política de encarecimento de vida nas favelas “pacifi cadas”, pois a maioria dos ocupantes é ex-moradores que em razão do aumento do aluguel não tiveram onde morar, sendo a única saída a ação coletiva de ocupação.