por SIGA- Sindicato Geral Autônomo, filiado à FOB
Brasília “comemorou” nesse dia 21 de Abril seus 59 anos de sua fundação, mas a cidade, dividida em dois mundos, tem motivos para comemorar só da parte dos ricos.
O bairro Noroeste como contraste da desigualdade.
Exemplo emblemático foi o alagamento no dia do seu aniversário de vários tuneis e pistas na Asa Norte do Plano Piloto, inclusive do subsolo de prédios da Universidade de Brasília (UnB), com perda de materiais acadêmicos. Falados por muitos noticiários como desastre natural, nenhum fala da forma de ocupação e uso do solo urbano. Omitem, por exemplo, a construção do bairro nobre Setor Noroeste, erguido à cima da Asa Norte sobre o cerrado nativo próximo ao Parque Nacional.
O Setor Noroeste soterrou nascentes, impactou a área indígena Santuário dos Pajés, derrubou árvores, “plantando” asfalto sobre uma área de recarga de água, o que impede que a chuva percole no subterrâneo uma vez que a terra fica impermeabilizada. Isto gera aumento do fluxo de água superficial que, prejudicado pela má infraestrutura pluvial, colabora para os alagamentos vistos neste domingo. Situação de infraestrutura que é sempre pior nas periferias do DF, claro. Mas é importante notar a tragédia socioambiental na construção deste bairro, cinicamente chamado de “bairro ecológico”.
Noroeste possui uma das maiores rendas per capita da capital e um dos metros quadrados mais caros do Brasil. E foi construído enquanto a inadequação e déficit habitacional na capital estão próximos a 150 mil domicílios em números oficiais. Quer dizer, o governo se ocupa com moradia para a elite e apartamento para a especulação imobiliária, enquanto o povo trabalhador sofre em moradia precária ou pagando aluguel.
Uma história que se repete desde a fundação em 1960, onde as populações migrantes, sobretudo de Goiás, Minas e estados do Nordeste vieram construir a capital. Os candangos ergueram Brasília, seus prédios e monumentos, mas foram expulsos para as periferias, vivendo até hoje em uma cidade com forte segregação socioespacial, terceira cidade mais populosa do país com cerca de 3 milhões de habitantes, desconsiderando sua região de influência em Goiás e Minas.
Ibaneis, a velha novidade.
Com a eleição de Ibaneis Rocha (MDB) como governador vemos um quadro de precarização seguindo o mesmo rumo dos governos anteriores, sendo teste para várias políticas de precarização apoiadas pelo governo federal comandado por Jair Bolsonaro (PSL). Essas políticas anti povo caem como uma luva para os interesses da burguesia, do Brasil e na Capital.
Militarização das escolas, repressão à livre docência, teceirização dos hospitais públicos… Esses são os motivos pelos quais a burguesia tem para comemorar. Uma cidade cada vez mais elitista, excludente e guiada “por rédeas curtas”.
Nas escolas públicas, a falta de professores, mesmo com um banco gigantesco de professores substitutos (temporários) esperando por convocação, contrasta com um alto investimento para a aplicação da ridícula “militarização” de nossas escolas.
Além disso, o óbvio: o discurso de que a “disciplina militar” irá melhorar a qualidade da educação pública já se mostra uma farsa. Primeiro por que o nível de investimento em colégios militares e sua qualidade, passam por investimentos em infraestrutura, o que não é o objetivo da militarização das escolas públicas: o verdadeiro objetivo de passar responsabilidades das escolas públicas para militares é a repressão à livre docência, rompendo as possibilidades de uma formação humanística, crítica e de qualidade.
Se o interesse fosse melhorar a educação, os investimentos seriam aplicados na contratação de professores e não de polícia! Fora os investimentos em infraestrutura e valorização do corpo docente!
Além do absurdo dessas políticas para a educação pública, a terceirização dos hospitais, UPA´s e SAMU que o governo Ibaneis (MDB) já aplicada no Hospital de Base e que Enganeis pretende ampliar, só demonstra que nesses primeiros três meses o Governo de Brasília quer além de reprimir o povo, dar de bandeja às empresas privadas chamadas de “institutos” a saúde pública, transformando assim um direito em mercadoria! Não podemos aceitar ver o que resta do SUS ser sucateado de propósito para servir como desculpa para a burguesia lucrar as custas da saúde da classe trabalhadora!
Brasília, que tem um dos piores transportes públicos do país, fora a desproporção de qualidade de vida nas Satélites se comparadas ao Plano Piloto, torna-se assim uma cidade claramente elitista e repressora, e o que Ibaneis (MDB) e Jair Bolsonaro (PSL) querem é transformar nossa cidade num exemplo mais sinistro do que já é. Os reflexos disso já se mostram também no Entorno (GO) onde nesta semana, em Águas Lindas a professora do IFG, Camila Marques foi presa por questionar e filmar a abordagem abusiva da polícia civil à alunos do Instituto Federal!
Fé na luta do povo trabalhador!
Não podemos aceitar a precarização das condições de vida da classe trabalhadora e nem a repressão ao nosso povo! É preciso encarar as lutas de frente e barrar tais políticas que se implementadas, nos levarão à condições deploráveis!
Nós do Sindicato Geral Autônomo, o SIGA, defendemos a organização de um novo modelo de sindicalismo, sem rabo preso com as burocracias sindicais e partidárias atreladas aos governos que servem como auxiliares do Estado boicotando as lutas do povo!
Por condições dignas de vida para o povo candango, a classe trabalhadora de Brasília! Contra a militarização das ecolas! Contra o desmonte da educação e da saúde pública! Por transporte e Moradia!
SIGA na Luta! Junte-se a nós, filie-se ao Sindicalismo Revolucionário!
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