Em uma conjuntura nacional de arrocho salarial e cortes de direitos dos trabalhadores, observamos a consolidação da repressão intensificada que se instalou no período da Copa do Mundo para sufocar a insurgência popular. No estado de São Paulo, a crise de abastecimento de água e o recente aumento de tarifas mantiveram a juventude nas ruas, enfrentando-se com a tropa de choque do governo tucano e lutando em defesa dos direitos do povo.
Novamente, o Governo Estadual cerra seus punhos de ferro para golpear a juventude combatente que se organiza e luta em seus locais de estudo. No dia 29 de janeiro, o movimento estudantil da UNESP é atacado com a expulsão de 17 estudantes do campus de Araraquara, defensores do movimento de ocupação do prédio da direção da unidade, defensores da luta por permanência estudantil e democracia na universidade.
No dia 30 de maio de 2014, os estudantes do campus de Araraquara ocuparam o prédio da direção local pela revogação da expulsão de 38 estudantes da moradia, além de reivindicar a democratização do processo seletivo das bolsas socioeconômicas. No dia 20 de junho, a tropa de choque invade o prédio fortemente armada para cumprimento da reintegração de posse, a mando da direção local.
A ocupação em Araraquara segue o exemplo da combativa greve de 2013, quando o movimento estudantil ocupou por duas vezes o prédio da reitoria da UNESP, em junho e julho, contra os cortes de verba, pelo aumento do número de bolsas permanência, pela construção de moradias estudantis e contra o famigerado Programa de Inclusão por Mérito no ensino superior paulista, por uma verdadeira política de cotas e diversas outras pautas, relacionadas às necessidades dos estudantes pobres na universidade. Após a reintegração de posse, no dia 17 de julho, 113 estudantes foram detidos. Em janeiro deste ano, a Reitoria decretou a suspensão de 95 lutadores por 60 dias.
As 17 expulsões, somadas às 95 suspensões e um grande número de processos administrativos contra estudantes compõem um cenário estarrecedor na Universidade Estadual Paulista, de intensa perseguição política, negação do direito de defesa e distribuição de punições arbitrárias aos estudantes que se opõem à elitização do ensino público superior.
O único crime dos estudantes perseguidos é organizar a luta contra o PIMESP, contra os cortes de verba que precarizam a universidade e contra a escassez de políticas de permanência estudantil, que excluem sumariamente os estudantes pobres da instituição. A luta por uma universidade pública acessível e de qualidade é uma luta de todo o povo pobre e trabalhador, como parte da luta por melhores condições de vida e de trabalho. E para que a luta siga, é imprescindível defender os que primeiro ousaram se levantar. É urgente defender a liberdade de organização e manifestação, assim como denunciar as intransigências da Reitoria da UNESP, correia de transmissão do fascismo institucionalizado do Governo do estado.
Que a repressão não nos intimide! É preciso organizar o movimento estudantil desde as recepções de ingressantes de cada campi da UNESP para armar a estudantada contra os ataques! Construir campanhas de solidariedade aos estudantes perseguidos! Unificar as lutas com os trabalhadores contra os processos administrativos e os cortes de ponto! Propagar em cada curso, entidade e campus a necessidade da rebelião contra as estruturas antidemocráticas da Universidade Estadual Paulista!
O endurecimento da repressão nos impõe a ousadia: é preciso defender, reivindicar e ampliar os métodos radicalizados de combate que já nos garantiram inúmeras vitórias, pois é somente através da força das greves, piquetes e ocupações que as necessidades e os direitos do povo pobre serão garantidos na universidade!
Lutar nos campi e nas ruas pela revogação das punições aos estudantes da UNESP!
Pelo fim de toda perseguição aos lutadores!
Liberdade aos presos políticos!