[RMC] 1º protesto em Goiânia contra aumento da tarifa termina em confronto e prisões

Por Rede de Mídia Classista (RMC)

Após cerco e repressão policial, manifestantes responderam destruindo postes, bancos e ônibus. Um carro do SBT foi virado.

Ocorreu nesta sexta-feira (20/02) a 1º Manifestação Contra o Aumento da Tarifa de ônibus em Goiânia. O protestos foi convocado pela Frente de Luta Pelo Transporte em Goiás, organização composta por indivíduos e coletivos, como a RECC, o MPL, o MEPR e outros. Uma reunião da Frente foi realizada neste sábado (21) e prometeu continuar a luta até que o reajuste seja derrubado.

O ato público se concentrou na Praça Universitária e chegou a reunir 500 manifestantes. Muitos pedestres e usuários do transporte público demonstraram apoio à passeata. Apesar disso, a polícia militar atuou com truculência. Na na Praça da Bíblia, a polícia realizou um cerco ao protesto, impedindo o direito de ir e vir. Utilizou helicópteros, cavalaria, tropa de choque, bombas de gás lacrimogênio e tiros de balas de borracha. Os manifestantes reagiram à provocação com pedras, barricadas e destruição de uma agência bancária e ônibus. Um carro do SBT chegou a ser virado.

Policia atira balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral contra manifestação que queria redução da tarifa do ônibus.

Até o fim do ato, dois manifestantes foram presos. Foi estipulado fiança de R$ 3.000 para soltura de cada. A Frente de Luta realizou uma campanha para a libertação dos presos. “Em 2013 companheiros tiveram suas casas violadas e reviradas. Prisões preventivas mostraram o caráter político das prisões, que não provaram nada e a justiça teve que soltar. É assim, eles [a polícia] pega qualquer um pra criminalizar e intimidar. Sabemos que eles vão tentar novas prisões”, disse o estudante de direito da UFG Lucas Barbosa. Até o fechamento desta matéria, um manifestante havia sido libertado e outro continuava detido. (Saiba mais sobre a prisão AQUI.)

O impacto do aumento no bolso da população

A tarifa na capital goiana foi reajustada em R$ 0,50, indo de R$ 2,80 para R$ 3,20. O aumento de 17,85% foi decretado no carnaval, pegando toda população de surpresa. Segundo a Agência Goiana de Regulação (AGR) e a Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), o aumento foi baseado em um estudo tarifário da planilha de custos das empresas. Em todo Brasil, já passam de dez as cidades que tiveram reajuste de tarifas. Em praticamente todas estão ocorrendo manifestações contrárias. Para se ter ideia, o aumento do salário mínimo em 2015 foi de apenas 8,8%.

Assim, o reajuste no transporte irá impactar entre R$ 30 e R$ 90 na média da renda familiar goiana. Isto representa cerca de 9% da renda das famílias que recebem até um salário mínimo e meio, maior parte da população. “E ainda tem os outros aumentos, né? O aluguel, o supermercado, a gasolina, a luz. Não vai dar, tem que ir pra rua mesmo”, disse a trabalhadora ambulante Isabela de Almeida presente no protesto.

Tais “estudos tarifários” não foram apresentados à população. “Estes estudos fazem parecer tudo muito ‘técnico’, mas são uma caixa preta, um acordão entre os políticos e estas empresas que financiam suas campanhas eleitorais. Eles escondem que o interesse é só aumentar seus lucros”, comentou o estudante encapuzado que preferiu não se identificar para não sofrer repressão policial. E continuou, “será que o salário dos rodoviários aumentou na mesma proporção?”.

Saiba mais na página da Frente de Luta: www.facebook.com/frente.delutago

Confira o vídeo produzido pelo Coletivo Desneutralizador Brasil:

Confira vídeo produzido por Gisele Toassa:

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  1. INFORME

    Quatro pessoas foram presas no dia 26/02/15 no ato espontâneo surgido no Terminal Praça A, sem provas de crime, estão acusando-os injustamente. Não haverá fiança. A liberação dos mesmo se dará somente com Habeas Corpus.

    Nesta manhã, eles foram encaminhados a triagem da CPP, para prisão preventiva. É necessário nesse momento, total mobilização para que os camaradas não sejam condenados injustamente, responsabilizados pela indignação geral da população com o transporte público sucateado de Goiânia. A repressão não vai nos intimidar!

    Não adianta tentar parar, vai aumentar o protesto popular!!!

    fonte: https://www.facebook.com/frente.delutago

  2. “Uma autocrítica profunda e necessária” – PARTE 1

    Referente ao ceticismo com o qual o Coletivo C.H.A.P.E.U. encarara o protesto do dia 26/02 encabeçado pelo Diretório Central dos Estudantes da UFG:

    O Coletivo Horizontal de Ações Proletárias Estrategicamente Unificadas (CHAPEU) vem por meio desta circular fazer sua autocrítica em virtude dos desdobramentos do ato puxado pelo Comitê Contra o Aumento, encabeçado pelo DCE-UFG, no dia 26/02. Ao C.H.A.P.E.U. parecia que a perspectiva e tática da Frente de Lutas pelo Transporte eram mais adequadas para enfrentar o aumento da tarifa e havíamos julgado uma piada de mal gosto, uma falta de comprometimento com a causa e mesmo uma certa truculência política nas atitudes de alguns membros do DCE e da Juventude Comunista Avançando (JCA) quando do ato realizado pela FLTP no dia 20/02.

    Alguns membros do DCE (agora percebemos, todos muito bem intencionados) compareceram ao protesto cientes dos moldes organizacionais propostos pela FLTP e também cientes da pauta. Sua atuação política no ato, contudo, consistiu basicamente em tumultuar as discussões que se davam dentro da manifestação, alegando que o protesto estava desorganizado e que as coisas ali não faziam muito sentido, além de gritar nomes de supostos culpados pela violência que não o governador Marconi Perillo, prefeito Paulo Garcia, empresários Odilon Santos e Hailé Pinheiro. Atuação que, à época, nós, ingênuos e despreparados que somos, julgávamos equivocada.

    Realmente preocupados com os rumos da luta pelo transporte na cidade e com a segurança e a responsabilidade política da FLTP, membros do DCE compareceram a uma audiência pública junto a alguns setores públicos e representantes das empresas; quando perguntados sobre os “atos de vandalismo”, fizeram a profunda análise de que tais atos, nos protestos chamados pela Frente, eram fruto da desorganização deste grupo, e que o DCE garantia que em seus protestos tais coisas não ocorreriam, mestres que eram na organização e gestão soberana de protestos de rua. Nós do C.H.A.P.E.U. pensávamos que movimentos que tenham mínimo acordo quanto às pautas e objetivos deveriam discutir suas divergências e fazer as avaliações uns dos outros de modo interno, mas o DCE nos elucidou, demonstrando que, na verdade, o que se deve fazer é empurrar movimentos dissonantes à ilegalidade, deslegitimando-os como desorganizados.

    E nós, que até então discordávamos de tudo isso, pudemos ver o efeito prático de todo o preparo do DCE no glorioso ato do dia 26/02. Ato que certamente entrará para os anais da história dos movimentos de esquerda, ao lado da Comuna de Paris, da Revolução de Outubro de 1917 e das revoltas ocorrentes em todo o mundo recente.

    No dia 26/02 o ato foi chamado para que saísse da praça universitária, por volta das dezessete horas. O trajeto, mostraram-nos a tática adequada, era um sigilo de estado, destinado ao conhecimento dos poucos sábios que, tal qual a estrela de Davi, guiariam os peregrinos manifestantes em sua jornada contra o aumento. E saíram em marcha os revolucionários, indo até os portões da CMTC mas um absurdo impossível de ser previsto ocorreu: não havia ninguém lá! Onde já se viu um local de trabalho fechar suas portas em horário tão estranho?

    Parecia que tudo conspirava contra os grandes dirigentes da revolução, mas a luta tem seus percalços e isso não deve desanimar os espíritos ardentes que lutam contra as maldades cometidas pela classe exploradora.

    Eis que a marcha prossegue… e segue… e segue… até os pés da estátua do Anhanguera.

    Lá, um discurso inflamado sobre a queda do estado e da propriedade privada e da promulgação do novo mundo é feita. As pessoas pareciam havidas por ouvi-lo, palavras tão bonitas em momento de tamanha relevância na luta pelo transporte em Goiás, certamente uma virada decisiva nos modus operandi da gestão da cidade estava em curso; mas a sabotagem não perdoa os reais inimigos do capital e do estado e um percalço técnico também impremeditável teve lócus, o aparelho utilizado, um megafone, não alcançava os ouvidos de todos. Infelizmente, não foi possível para as massas reunidas terem acesso à voz dos dirigentes , pois só assim se moveriam as montanhas na direção correta. E talvez também o discurso fosse demasiado difícil para que qualquer um pudesse repeti-lo.

    Com todos estes percalços bem contornados, eis que os dirigentes fazem o último retoque para de fato cravar o ato na memória dos historiadores críticos. Resolve findar a manifestação e “cada um que se disperse por sua conta”. Jovens de 10, 11 anos que estavam revoltados com a tarifa que se virassem, pois os dirigentes não iriam lidar com as suas inconsequências juvenis e com a falta de ônibus decretada pelas empresas. Ponto de dispersão seguro pra quê? Findemos ali mesmo esta epopeia digna de ser narrada em cantos épicos, aos moldes da ilíada de Homero.

    Se no desorganizado ato do dia 20/02 puxado pela FLTP foram presas 04 pessoas; neste exemplo de ensaio de revolução 16 pessoas foram levadas às delegacias. Realmente um primor a ser replicado.

    A epopeia, porém, não termina aqui. Ainda há o arremate: inconformados com tão escabrosa repressão, resolvem contra-atacar de maneira contumaz e certeira, tirando memoráveis selfies na delegacia (equiparáveis à litogravura da prisão de Marx em Bruxelas, ou ao relato de Lukács quando do confisco de sua caneta pela repressão soviética), demonstrando o sofrimento e o absurdo que os #militantesrevolucionários sofrem nas garras da #repressão.

    Por tudo dito o C.H.A.P.E.U. assume seu equívoco em não ter dado, de antemão, o devido crédito ao glorioso e legitimamente eleito DCE, que nos mostrou que somos ainda meros inexperientes na mística, quase alquímica, arte da revolução. Contamos com vocês, membros do DCE, para a liderança. Avante!

  3. CARTA ABERTA AO POVO GOIANO

    “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”.

    Rosa Luxemburgo

    Pedimos a sociedade goiana que se atente em relação às graves arbitrariedades, ilegalidades e truculência que vem sendo levadas a cabo em Goiânia pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás através das polícias civil e militar, com o respaldo do poder judiciário, prefeituras e órgãos ligados ao transporte.
    Desde o afastamento dos militares do poder e a promulgação da Constituição de 1988, queríamos que a ditadura fosse somente um triste acontecimento do passado e a democracia um processo em construção. No entanto, ao saírem às ruas na luta por direitos básicos, como um transporte público digno, os integrantes de diversos movimentos populares estão sentindo o peso das perseguições políticas.

    Em Goiânia, desde que foi deflagrada a vergonhosa Operação R$ 2,80 (quando a Polícia Civil despudoradamente se declarou a serviço dos grupos criminosos que controlam o transporte na região metropolitana de Goiânia), a principal atividade da Secretaria de Segurança Pública de Goiás passou a perseguir manifestantes e membros de organizações populares. Esse tenebroso cenário pode ser visto também no Rio de Janeiro, onde 23 trabalhadores e estudantes respondem a processos políticos na justiça por participarem de protestos e vários permanecem na cadeia há mais de 1 ano; em São Paulo, onde as perseguições políticas se repetem e a Polícia Militar se mostra cada vez mais truculenta contra manifestantes; e em diversas partes no Brasil (nas cidades e no campo) onde o Estado dá demonstrações claras de intolerância às reivindicações populares.

    Em Goiânia, o Poder Judiciário e o Ministério Público fecham os olhos para o caos que as quadrilhas organizadas que controlam o transporte vêm provocando na cidade. Os mafiosos do transporte impedem o direito de ir e vir das pessoas e causam graves prejuízos à economia do estado ao não prestarem um serviço de mobilidade urbana de mínima eficiência. Além disso, impõem aumentos abusivos baseados em documentos falsos (como comprovado pelo PROCON em 2013, que denunciou que as empresas mentiam em relação ao aumento dos preços dos itens que justificariam o aumento da tarifa do transporte). Por outro lado, as Instituições supracitadas (Poder Judiciário e Ministério Público), aliadas às polícias civil e militar, seguindo determinações claras dos Poderes Executivos (prefeituras e governo do estado de Goiás) e tendo o respaldo dos Poderes Legislativos, perseguem organizações populares; prendem arbitrariamente trabalhadores ao exercerem seu direito constitucional de manifestação; impedem reuniões em locais públicos; infiltram policiais nas manifestações para provocarem tumulto e também nas Universidades, atrapalhando a rotina de estudo e trabalho de professores e estudantes; montam peças jurídicas infundadas para perseguir trabalhadores e estudantes com até mesmo absurdas acusações de formação de quadrilha e praticam toda a sorte de ameaças e torturas física e psicológica.

    É estarrecedor ver que todas essas ações terroristas promovidas pelo poder público em Goiânia vêm acontecendo para garantir a integridade das empresas criminosas que impõe o caos à nossa cidade. Por isso, cabe perguntar se, além de seus altos salários e financiamento de campanhas políticas, os políticos, juízes, delegados e promotores de justiça em Goiás estão “recebendo algo por fora” das empresas do transporte para perseguirem os trabalhadores que estão em luta.

    Para conformar todo esse quadro, consideramos que as últimas semanas em Goiânia foram emblemáticas: visando garantir o aumento ilegal da passagem do transporte público que pulou de R$ 2,80 para R$ 3,30, no dia 20/02, trabalhadores e estudantes foram fortemente reprimidos pela PM que impediu o curso de uma manifestação contra o aumento da tarifa nas imediações do terminal Praça da Bíblia em Goiânia; no dia 26/02, pela manhã, 1 adolescente e 4 trabalhadores (Gabriel, Ramom, Alex e Jorge), dentre eles um estudante de jornalismo (membro do grupo de mídia independente Desneuralizador) que fazia a cobertura de uma manifestação para a TV UFG, foram presos e um deles espancado pela PM em um ato político espontâneo contra a demora dos ônibus no terminal Praça A; além disso, esses trabalhadores estão sendo acusados de diversos crimes – acusações essas que não se respaldam em provas materiais, ao contrário, têm como fonte principal a versão de policiais militares, cujos depoimentos já não têm fé pública, visto o mar de ilegalidades e crimes no qual a PM goiana se encontra envolvida; no dia 26/02, já pela noite, após o término e dispersão de uma manifestação pelo transporte, 20 membros do Diretório Central do Estudantes da UFG foram detidos para “averiguação”, submetidos a revistas abusivas e liberados horas depois – tudo isso sem qualquer acusação contra eles ou qualquer outro motivo legal que respaldasse essas prisões. Cabe denunciar também que essa manifestação foi fortemente vigiada e acompanhada por um aparato repressivo da PM de dar inveja à ditadura militar, com dezenas de homens da cavalaria, presença de muitas viaturas de grupos especializados da PM, como a ROTAM que, diga-se de passagem, está sempre envolvida em grupo de extermínios e outras ações do crime organizado em Goiás.

    Diante de todo esse quadro de claro cerceamento de liberdades democráticas mínimas em Goiás e no Brasil, trabalhadores, estudantes e vários ativistas de diferentes organizações e entidades que defendem os direitos constitucionais de livre manifestação e reunião decidiram conformar um Fórum pelo direito à livre organização e manifestação e contra a criminalização da Luta Popular. Já tivemos algumas conquistas: conseguiu-se um alvará de soltura para os 4 presos ilegalmente na manifestação do dia 26/02 na Praça A. No entanto, o momento é de defesa incondicional de nossas liberdades básicas. Não podemos baixar a cabeça e devemos agir em solidariedade a todas aquelas pessoas que hoje estão sendo perseguidas juridicamente e/ou estão presas.

    Lutar não é crime, crime é manter privilégios de empresários que colocam o povo refém de suas regalias, crime é implantar o estado de terror (como na ditadura), por isso, exigimos o fim de todos os processos políticos contra os manifestantes em Goiânia e no Brasil; o fim do cerceamento de reuniões; a interrupção da repressão contra as manifestações e o arquivamento imediato de todos os processos investigatórios promovidos pela DRACO (Delegacia de Repressão aos Crimes Organizados), que sob a direção do famigerado Delegado Breynner Vasconcelos, parece querer reivindicar o espaço deixado pelo antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) da ditadura militar.

    Fórum pelo direito à livre organização e manifestação e contra a criminalização da Luta Popular
    “CARTA ABERTA AO POVO GOIANO “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem”. Rosa Luxemburgo Pedimos a sociedade goiana que se atente em relação às graves arbitrariedades, ilegalidades e truculência que vem sendo levadas a cabo em Goiânia pela Secretaria de Segurança Pública de Goiás através das polícias civil e militar, com o respaldo do poder judiciário, prefeituras e órgãos ligados ao transporte. Desde o afastamento dos militares do poder e a promulgação da Constituição de 1988, queríamos que a ditadura fosse somente um triste acontecimento do passado e a democracia um processo em construção. No entanto, ao saírem às ruas na luta por direitos básicos, como um transporte público digno, os integrantes de diversos movimentos populares estão sentindo o peso das perseguições políticas. Em Goiânia, desde que foi deflagrada a vergonhosa Operação R$ 2,80 (quando a Polícia Civil despudoradamente se declarou a serviço dos grupos criminosos que controlam o transporte na região metropolitana de Goiânia), a principal atividade da Secretaria de Segurança Pública de Goiás passou a perseguir manifestantes e membros de organizações populares. Esse tenebroso cenário pode ser visto também no Rio de Janeiro, onde 23 trabalhadores e estudantes respondem a processos políticos na justiça por participarem de protestos e vários permanecem na cadeia há mais de 1 ano; em São Paulo, onde as perseguições políticas se repetem e a Polícia Militar se mostra cada vez mais truculenta contra manifestantes; e em diversas partes no Brasil (nas cidades e no campo) onde o Estado dá demonstrações claras de intolerância às reivindicações populares. Em Goiânia, o Poder Judiciário e o Ministério Público fecham os olhos para o caos que as quadrilhas organizadas que controlam o transporte vêm provocando na cidade. Os mafiosos do transporte impedem o direito de ir e vir das pessoas e causam graves prejuízos à economia do estado ao não prestarem um serviço de mobilidade urbana de mínima eficiência. Além disso, impõem aumentos abusivos baseados em documentos falsos (como comprovado pelo PROCON em 2013, que denunciou que as empresas mentiam em relação ao aumento dos preços dos itens que justificariam o aumento da tarifa do transporte). Por outro lado, as Instituições supracitadas (Poder Judiciário e Ministério Público), aliadas às polícias civil e militar, seguindo determinações claras dos Poderes Executivos (prefeituras e governo do estado de Goiás) e tendo o respaldo dos Poderes Legislativos, perseguem organizações populares; prendem arbitrariamente trabalhadores ao exercerem seu direito constitucional de manifestação; impedem reuniões em locais públicos; infiltram policiais nas manifestações para provocarem tumulto e também nas Universidades, atrapalhando a rotina de estudo e trabalho de professores e estudantes; montam peças jurídicas infundadas para perseguir trabalhadores e estudantes com até mesmo absurdas acusações de formação de quadrilha e praticam toda a sorte de ameaças e torturas física e psicológica. É estarrecedor ver que todas essas ações terroristas promovidas pelo poder público em Goiânia vêm acontecendo para garantir a integridade das empresas criminosas que impõe o caos à nossa cidade. Por isso, cabe perguntar se, além de seus altos salários e financiamento de campanhas políticas, os políticos, juízes, delegados e promotores de justiça em Goiás estão “recebendo algo por fora” das empresas do transporte para perseguirem os trabalhadores que estão em luta. Para conformar todo esse quadro, consideramos que as últimas semanas em Goiânia foram emblemáticas: visando garantir o aumento ilegal da passagem do transporte público que pulou de R$ 2,80 para R$ 3,30, no dia 20/02, trabalhadores e estudantes foram fortemente reprimidos pela PM que impediu o curso de uma manifestação contra o aumento da tarifa nas imediações do terminal Praça da Bíblia em Goiânia; no dia 26/02, pela manhã, 1 adolescente e 4 trabalhadores (Gabriel, Ramom, Alex e Jorge), dentre eles um estudante de jornalismo (membro do grupo de mídia independente Desneuralizador) que fazia a cobertura de uma manifestação para a TV UFG, foram presos e um deles espancado pela PM em um ato político espontâneo contra a demora dos ônibus no terminal Praça A; além disso, esses trabalhadores estão sendo acusados de diversos crimes – acusações essas que não se respaldam em provas materiais, ao contrário, têm como fonte principal a versão de policiais militares, cujos depoimentos já não têm fé pública, visto o mar de ilegalidades e crimes no qual a PM goiana se encontra envolvida; no dia 26/02, já pela noite, após o término e dispersão de uma manifestação pelo transporte, 20 membros do Diretório Central do Estudantes da UFG foram detidos para “averiguação”, submetidos a revistas abusivas e liberados horas depois – tudo isso sem qualquer acusação contra eles ou qualquer outro motivo legal que respaldasse essas prisões. Cabe denunciar também que essa manifestação foi fortemente vigiada e acompanhada por um aparato repressivo da PM de dar inveja à ditadura militar, com dezenas de homens da cavalaria, presença de muitas viaturas de grupos especializados da PM, como a ROTAM que, diga-se de passagem, está sempre envolvida em grupo de extermínios e outras ações do crime organizado em Goiás. Diante de todo esse quadro de claro cerceamento de liberdades democráticas mínimas em Goiás e no Brasil, trabalhadores, estudantes e vários ativistas de diferentes organizações e entidades que defendem os direitos constitucionais de livre manifestação e reunião decidiram conformar um Fórum pelo direito à livre organização e manifestação e contra a criminalização da Luta Popular. Já tivemos algumas conquistas: conseguiu-se um alvará de soltura para os 4 presos ilegalmente na manifestação do dia 26/02 na Praça A. No entanto, o momento é de defesa incondicional de nossas liberdades básicas. Não podemos baixar a cabeça e devemos agir em solidariedade a todas aquelas pessoas que hoje estão sendo perseguidas juridicamente e/ou estão presas. Lutar não é crime, crime é manter privilégios de empresários que colocam o povo refém de suas regalias, crime é implantar o estado de terror (como na ditadura), por isso, exigimos o fim de todos os processos políticos contra os manifestantes em Goiânia e no Brasil; o fim do cerceamento de reuniões; a interrupção da repressão contra as manifestações e o arquivamento imediato de todos os processos investigatórios promovidos pela DRACO (Delegacia de Repressão aos Crimes Organizados), que sob a direção do famigerado Delegado Breynner Vasconcelos, parece querer reivindicar o espaço deixado pelo antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) da ditadura militar.

    Fórum pelo direito à livre organização e manifestação e contra a criminalização da Luta Popular”

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