Informações de Liga Sindical Operária e Camponesa (LSOC)
Na noite de 10/03, no auditório do Sindicato dos Produtores de Mogi das Cruzes, reuniram-se representantes das associações camponesas do município para discutir a “crise hídrica” que passa a cidade de São Paulo e como tem afetado diretamente a agricultura no município. O evento contou com o apoio da FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados de São Paulo, UGT – União Geral dos Trabalhadores, Diocese de Mogi das Cruzes e Agência de Desenvolvimento do Alto Tietê.
Desde 2014 o governo de São Paulo vem lacrando as bombas e impedindo a irrigação das hortaliças. A cidade integra a região do cinturão verde, responsável por fornecer alimentos à população paulistana. A interrupção das irrigações acarretam sérios problemas, pois poderiam afetar diretamente a segurança alimentar de milhões de habitantes da cidade além de encarecer ainda mais os preços.
Os produtores assinalaram que sem água não podem sobreviver, são proprietários de pequenas parcelas e seria impossível migrar para outras culturas, também foi apontado o grande êxodo rural que sofreria a região. Não pouparam críticas à falta de responsabilidade do Governo de São Paulo, sobre a gerência de Geraldo Alkimin (PSDB). Acusaram ter água em outras represas, que ele corta água dos agricultores, mas assina 517 contratos com indústrias para o fornecimento de água a preços baixos.
Durante a reunião também relataram que a gerações os agricultores empregam técnicas para proteger e preservar os mananciais, e sua existência são resultado desses cuidados. Denunciaram que onde o rio corta área industrial a água é suja e as nascentes secam, ao contrário das áreas agrícolas, onde as empresas realizam a captação de água, para abastecer a cidade, porque é limpa e tem peixes. Criticaram os legisladores de São Paulo por criar leis para impedir o uso da água pelos agricultores.
Os agricultores ainda disseram que seus equipamentos agrícolas são financiados e que diante da lacração das bombas não poderiam pagar suas dividas, encaminharam que devolveriam seus maquinários nas rodovias, em protesto contra o governo.
Também foi denunciada a criação de um grupo de cento e cinquenta soldados da Polícia Ambiental para percorrer as propriedades lacrando a retirada de água.
A todo o momento a fala dos agricultores caminhou no sentido de resistir e denunciar a incompetência e o projeto do governador de São Paulo. Ficou clara a tentativa de levar a superexploração da água do Alto Tietê e Vale do Rio Paraíba até o esgotamento, e assim justificar o encarecimento do preço da água e a venda/privatização desse bem coletivo.
Camponeses que cultivam arroz no Vale do Paraíba estão sofrendo a mesma pressão.
A região passa por um processo de crise social no campo e se refletirá no desemprego e na alta do preço dos alimentos responsável por abastecer os bairros populares da capital. Os camponeses assumiram que, diante da falta de compromisso dos governos com o povo, o único caminho é assumir as rédeas da história e mudar esse país.
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