Ato relembra os 30 anos da chacina de Acari, exige justiça e o fim do genocídio do povo negro e favelado

Ato relembra os 30 anos da chacina de Acari, exige justiça e o fim do genocídio do povo negro e favelado

Por Rede de Mídia Classista – RJ

Na tarde do dia 26 de junho de 2020, dia em que completaram 30 anos da chacina de Acari, quando policiais militares do Rio de Janeiro executaram e desapareceram com os corpos de 11 jovens moradores da Favela de Acari e se encontravam em Magé, cidade da Baixada Fluminense, o Coletivo Fala Akari e Favelas na Luta organizaram um ato em memória das vítimas e dos familiares, exigindo justiça e resgatando o legado da luta das Mães de Acari.

O ato teve concentração no Hospital de Acari, Hospital Municipal Ronaldo Gazola, teve a participação das Mães de Manguinhos, assim como dos familiares do menino Maicon, 2 anos, assassinado por policiais em 1996 quando brincava na porta de sua casa em Acari, dos familiares de Jonathan Oliveira, 19 anos, assassinado por policiais em maio de 2014, dos familiares da menina Maria Eduarda, 13 anos, assassinada por policiais em março de 2017 quando estava dentro da Escola Municipal Daniel Piza, em Acari, dos familiares de Marcus Vinícius, 14 anos, assassinado por policiais no dia 20 de junho de 2018 quando estava indo para escola na Maré.

O ato também contou com a cobertura realizada por vários coletivos de mídia autônoma e independente, do apoio do Sindicato Geral Autônomo do Rio de Janeiro – SIGA-RJ e da torcida Flamengo Antifascista.

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Os participantes do ato saíram em passeata pelas ruas de Acari levando a faixa em memória dos 30 anos da chacina com os dizeres “30 anos sem justiça, sem democracia”, fotos das vítimas do terrorismo do Estado e cartazes exigindo justiça e fim dos massacres.

Relembre o caso da chacina de Acari

No dia 26 de julho de 1990, Viviane Rocha, 13 anos, Cristiane Souza Leite, 16 anos, Wudson de Souza, 16 anos, Wallace do Nascimento, 17 anos, Antônio Carlos da Silva, 17 anos, Luiz Henrique Euzébio, 17 anos, Edson de Souza, 17 anos, Rosana Lima de Souza, 18 anos, Moisés dos Santos Cruz, 31 anos, Luiz Carlos Vasconcelos de Deus, 37 anos, e Edio do Nascimento, 41 anos, todos moradores da Favela de Acari, estavam em um sítio na localidade de Suruí, cidade de Magé, na Baixada Fluminense quando foram feitos reféns por policiais, que queriam extorquir joias e dinheiro. Todos foram executados e os corpos até hoje continuam desaparecidos.

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Os policias militares responsáveis pela chacina eram do 9º Batalhão de Rocha Miranda, comandado pelo agora coronel reformado da PM e ex-deputado estadual Emir Larangeira. Ele era o comandante de um grupo de extermínio conhecido como “Cavalos Corredores” que também foram responsáveis pela chacina de Vigário Geral, em 1993, quando os policiais executaram 21 moradores de Vigário Geral.

O legado das Mães de Acari

Mães de Acari, foi assim que ficaram conhecidas Edimea da Silva Euzébio, mãe de Luiz Henrique, Marilene Lima de Souza, mãe de Rosana Souza, Vera Lúcia Flores Leite, mãe de Cristiane Souza, Teresa de Souza Costa, mãe de Edson de Souza, Laudicena do Nascimento, mãe de Hédio Oliveira, Maria das Graças do Nascimento, mãe de Wallace do Nascimento, Euzilar Joana Silva Oliveira, mãe de Hudson de Oliveira, Ana Maria da Silva, mãe de Antônio Carlos, Márcia da Silva, mãe de Viviane Rocha, Ednéia Santos Cruz, mãe de Moisés Santos e Denise Vasconcelos, mãe de Luiz Carlos.

As Mães de Acari se tornaram símbolos de coragem e determinação na luta por justiça. Numa luta incansável conseguiram mobilizar as atenções para o massacre cometido, obrigando a imprensa divulgar o caso e pressionar as autoridades. Assim o caso chegou a Anistia Internacional e teve repercussão no exterior. Elas foram precursoras de movimentos contra o extermínio de jovens negros e a violência policial.

Os Cavalos Corredores e seu comandante, Emir Larangeira, passaram a ver as Mães de Acari como uma ameaça, por isso emborcaram e executaram Edimea da Silva e sua cunhada, Sheila Conceição, em 1993, próximo à estação de metro da Praça XI, no Centro do Rio de Janeiro, quando buscavam informações sobre a localização dos corpos das vítimas.

Mas essas execuções não foram capazes que calar o grito que exige justiça. As Mães de Acari se tornaram inspiração para vários outros movimentos contra a terrorismo do Estado: Mães de Maio, Rede de Mães e Familiares da Baixada Fluminense, Mães em Luto da Zona Leste (SP), Mães de Curió, Mães de Manguinhos, Mães de Maio do Cerrado, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, Associação de Mães e Familiares de Vítimas de Violência do Estado do Espírito Santo, entre outros.

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