Reproduzimos aqui o chamado de solidariedade internacional recebido de nossos camaradas em Mianmar, do Food not Bombs (Comidas, Não Bombas de Mianmar), da Federação Geral de Trabalhadores de Mianmar (Federation of General Workers Myanmar – FGWM) e da Federação de Sindicatos de Toda Birmânia (All Burma Federation of Trade Unions – ABFTU). Essas organizações têm sido vítimas da brutalidade policial e militar desde que os militares assumiram o controle do país em 1º de fevereiro de 2021:
Caros camaradas da Confederação Internacional de Trabalhadores (CIT/ICL), da rede do 1º de Maio Global (Global May Day) e outros grupos emancipatórios em todo o mundo.
Desde fevereiro, nós, organizações de base em Mianmar, temos tomado as ruas para resistir à Junta Militar, que pela força regressou ao poder de forma autoritária com um golpe de Estado, após as eleições de novembro de 2020.
O golpe tem graves consequências para nós, entre outras, resultando num retrocesso das liberdades alcançadas nos últimos anos e décadas. Desde o início temos nos mobilizado dentro das fábricas e construindo o Movimento de Desobediência Civil em todo o país.
Lutamos pela fim da Junta Militar e do seu regime fascista, bem como por uma nova constituição que implemente uma democracia federal plena. Todos os prisioneiros políticos devem ser libertados imediatamente!
Os trabalhadores enfrentam várias formas de repressão. Não só os militares estão disparando contra nós nas ruas, como as direções das fábricas estão frequentemente colaborando com os militares, chamando-os a reprimir os protestos e greves. A resistência contra o regime já teve a perda de pelo menos 738 vidas. Toda esta situação nos deixa tristes e revoltados. Prestamos apoio aos trabalhadores que perderam seus empregos devido à sua participação no movimento pela democracia. Incluindo trabalhadoras grávidas de fábricas e de famílias monoparentais, assim como, trabalhadores que estão participando no Movimento de Desobediência Civil.
Camaradas, vamos aumentar a pressão sobre a Junta Militar em todos os níveis de forma conjunta. Propomos que o dia 1º de Maio seja também utilizado como um dia de ação para expressar a solidariedade com o Movimento de Desobediência Civil em todo o mundo.
Eis algumas coisas do que se pode fazer:
Pressão sobre as empresas que colaboram com a Junta militar, tais como a Deutsche Post DHL Group, Total SE e Sinotruk/MAN.
Apoiar os trabalhadores que participam dos movimentos com donativos financeiros. Uma visão geral dos diferentes canais pode ser encontrada no site Support Myanmar. Caso deseje apoiar os esforços de apoio mútuo do Food not Bombs Myanmar, ou contactar asia@icl-cit.org para mais detalhes.
Pressionar as marcas internacionais de vestuário para assegurar que todos os trabalhadores nas suas fábricas de fornecimento tenham o direito garantido de tirar férias não remuneradas sem demissão. Acompanhar as ações das marcas internacionais sobre o golpe em Mianmar, tais como a Zara, H&M, Adidas, OBS, Mango e Sioen.
Pressionar o governo de Singapura. A rica cidade-estado insular é o maior investidor estrangeiro de Mianmar, ultrapassando a China em 2019 com investimentos de mais de 24 bilhões de dólares através de projetos imobiliários lucrativos, bancos, transporte marítimo, exportação de areia e construção, bem como venda de armas. O governo possui a Temasek Holdings, que combina cerca de de 230 bilhões de dólares. A Temasek Holdings tem também a maioria das ações de muitas empresas como a Singapore Airlines (56%). Pressionar também a Singapore Airlines para exercer pressão sobre o governo de Singapura.
Apoiar a iniciativa de um governo de unidade nacional. Os opositores da Junta Militar de Mianmar anunciaram um governo de unidade nacional que inclui membros depostos do parlamento e líderes dos protestos contra o golpe e de minorias étnicas, afirmando que o seu objetivo é acabar com a dominação militar e restaurar a democracia. Três dedos levantados – pela liberdade, unidade e solidariedade!
#Call4InternationalCDMsolidaridade #WhatsHappeningInMyanmar #1world1truggle #1mundo1luta
Leia também em nosso site MIANMAR: GOLPE, MASSACRE E RESISTÊNCIA POPULAR e no site da CIT.