A Coordenação Nacional da FOB recebeu e comunica o desligamento voluntário da Casa da Resistência em Feira de Santana (BA) de nossa Federação. Desejamos boa sorte na nova caminhada e lamentamos algumas razões alegadas, entre as quais destacamos:
1 – Do ponto de vista prático, a FOB não impediu nenhum trabalho de base em Feira de Santana ou outra localidade. A unidade nacional gerada pela Federação não nega as autonomias e flexibilidades táticas locais, ao contrário, parte delas e devem ser aí assumidas.
2 – A concepção e programa sindicalista revolucionário da FOB está sistematizado nas Teses do I Enopes (2013), sendo o livre acordo com estas um critério de ingresso. Divergências ou adendos programáticos possuem as devidas instâncias para apreciação definitiva, mas neste caso a divergência com o sindicalismo revolucionário não foi claramente apresentada, nem as instâncias foram aguardadas. Há, então, uma divergência ou indisposição com o sistema federalista de decisão.
3 – Existe um equívoco em afirmar que estudantes e servidores públicos são, indiscriminadamente, parte da pequena-burguesia. Esta leitura não acompanha a proletarização crescente destas categorias nas últimas décadas e o atual desnível de salários e formas de contrato no serviço público. Ainda assim, classes sociais não são classe de renda.
4 – De todo modo, a estimativa da condição objetiva e das categorias ocupacionais do quadro filiado na FOB é equivocada. Desde o II Enopes em 2017, nossa mudança de linha política repercutiu em novas experiências e ampliação do trabalho junto ao proletariado marginal (como autônomos e desempregados), comerciários, bairros populares, sem teto e comunidades tradicionais. Muito há pra ser feito, estamos dando nossos modestos passos.
5 – Reconhecemos as dificuldades que a ofensiva reacionária e a pandemia como guerra biológica impuseram à nossa classe e suas organizações. Assim, a atual defensiva popular no Brasil exige táticas adequadas, e não será superada apenas com proclamações e estéticas combativas, nem mesmo com impeachment de Bolsonaro conduzido pela burguesia e o reformismo brasileiro. Com paciência e persistência, sem derrotismo nem superestimação, precisamos amassar muito barro no trabalho de base, saber ouvir, servir e convencer o povo para construir uma contraofensiva.
Por fim, saudamos todo o esforço do trabalho comunitário e territorial. As concepções e práticas territoriais combativas devem ser incorporadas aos movimentos sindical e estudantil em relação harmônica destas lutas. Seguimos convictos de que os movimentos comunitários e territoriais possuem importância estratégica junto a greve geral insurrecional para a revolução e o socialismo em nosso país e continente como obra coletiva.
Reconstruir o sindicalismo revolucionário!
Não vote, lute pelo socialismo!
2º de Julho de 2021