No contexto de pandemia da COVID-19, seguindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), decorreu-se a suspensão das aulas em instituições públicas e privadas, havendo, no caso de algumas universidades, a suspensão dos calendários acadêmicos. Porém, visando não “atrasar” o ano letivo, passou-se a debater em tal espaço a implementação do ERE (Ensino Remoto Emergencial).
O mecanismo em questão consiste em, basicamente, uma saída alternativa para seguir com os planos pedagógicos durante o período de distanciamento social. Em partes, usa-se o termo “remoto” tendo em vista que o mesmo surge como uma “opção” para evitar o contágio pela COVID-19, e, “emergencial” dada a dita necessidade extrema de se retomar as atividades pedagógicas. Entretanto, o que vem sendo ignorado pelas instituições que objetivam aderir a tal mecanismo é a realidade de seus estudantes.
Desde março, ignorando as condições econômicas e materiais dos estudantes, universidades particulares (PUC, UNIFAN…) e públicas (UEG) inseriram o ensino remoto goela a baixo , e os resultados desta postura foram surgindo aos poucos. Alunos sem forma de acessar as aulas – seja por falta de computador e celular, ou por uma internet que deixa desejar, resultaram em constantes faltas e em questões que muita das vezes não ficavam extremamente esclarecidos em virtude da precaridade dessas restrições.
Além disso, verificamos a ineficácia da metodologia usada nas aulas, a qual, em virtude do distanciamento social, ou da falta de contato, prejudicou – e muito – o processo de ensino. Se de uma hora para outra reduzimos todo o método a trabalhos mecânicos de cumprimento diário de atividades, estaremos andando no caminho contrário de uma boa formação.
Ainda acrescentamos os problemas que os professores vêm enfrentando em tentar se adaptar a esses tempos. Por mais que a internet seja de fácil acesso a esses profissionais, existem pessoas que encontram diversos obstáculos com aplicativos desconhecidos, para além do desgaste ao qual os mesmos estão sendo expostos.
É inadmissível que haja, nessa altura do campeonato e com vários exemplos locais, a insistência na proposta de ensino remoto, simplesmente para conter um atraso no calendário acadêmico e ignorando problemas fatais que estão surgindo. Acreditamos que não é assim que se constrói um espaço de conhecimento, o qual principalmente se propõe em direcionar seus trabalhos futuramente para a sociedade, formando profissionais que vão compor as áreas de serviços e científicas do país.
É necessário organizar os estudantes via assembleias e propor o boicote a essas aulas, apontando todos estes pontos e propondo, durante o período da pandemia, atividades contemplementares, que não prejudiquem o andamento acadêmico suspenso.
Seguiremos fortes na defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade, pois NINGUÉM FICA PARA TRÁS!!!