Rede de Mídia Classista da FOB-DF
O México é um dos países da América Latina que mais têm sido afetado economicamente desde o início da crise mundial do Covid-19. Segundo a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), a economia mexicana cairá 6,5% em 2020, especialmente devido a queda do preço do petróleo combinado com a diminuição do comércio e o fechamento de setores não essenciais. Essa queda é maior do que a prevista para a América Latina (-5,3%), sendo que a queda do PIB da AL será a maior em toda a sua história (maior do que foi na I Guerra Mundial, -4,9%, ou mesmo na Grande Depressão de 1930, -5%).
Frente a isso, o governo “progressista” de López Obrador (MORENA) anunciou no início do mês de abril um plano de reativação da econômia que consistia em austeridade fiscal, programas assistencialistas (como “Sembrando Vida”, fortemente criticado por organizações indígenas, camponesas e zapatistas) e a contratação de 45 mil médicos temporários.
O que mais chama a atenção do plano econômico é o recrutamento de mais de 31 mil novos soldados para o Exército, Marinha e Guarda Nacional, além da continuidade, em plena pandemia, dos megaprojetos extrativistas, de infraestrutura e modernização capitalista, tal como o Trem Maia, o aeroporto de Santa Lucía e a Ferrovia do Istmo de Tehuantepec (parte do megaprojeto do Corredor Transoceânico do Istmo de Tehuantepec).
A escalada repressiva que já avançava por todo o país na medida em que aumentavam as pressões expropriatórias com vistas a realização dos megaprojetos capitalistas não demonstram que pararão, pelo contrário. A escalada dos conflitos no México geraram desde 2018 uma série de protestos nacionais e internacionais, sendo a maior delas a JORNADA EM DEFESA DO TERRITÓRIO E DA MÃE TERRA – SAMIR SOMOS TOD@S, na data que marcou 1 ano do assassinato do líder popular Samir Flores Soberanes, motivada por sua luta contra os megaprojetos.
Esses protestos, liderados em geral pelo Congresso Nacional Indígena (CNI) e pelo Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), estavam cada vez mais mobilizando e impondo limites aos planos do governo, ainda que setores pelegos por todas as partes buscassem a conciliação e corrupção nos cargos governamentais. Nesse momento, tudo indica que o governo oportunista de López Obrador se aproveitará do momento delicado da pandemia para avançar seu plano colonialista e neoliberal.
Indígenas denunciam o início de obras da Ferrovia do Istmo de Tehuantepec
Em plena crise do Covid-19 no México, a União de Comunidades Indígenas da Zona Norte do Istmo (UCIZONI) reivindicou o cancelamento de qualquer obra que realize a empresa Ferrocarril do Istmo de Tehuantepec (FIT) S.A. de C.V. Segundo a denúncia das comunidades, as obras são ilegais já que a avaliação de Impacto Ambiental foi suspensa.
O cancelamento do Impacto Ambiental aconteceu porque não houve sequer uma consulta às comunidades indígenas que serão atingidas pelo megaprojeto. Os indígenas assinalaram através de um documento, que no dia 13 de abril empregados da empresa Ferrocarriles do Istmo de Tehuantepec SA de CV, chegaram nas comunidades de forma agressiva e ameaçaram os camponeses nas comunidades Estación Mogoñe, Mogoñe Viejo e Zarzal para convocarem assembleias com o objetivo de autorizar as obras.
Segundo o presidente da OCIZONI, Dagoberto Toribio Severo, as comunidades indígenas estão organizando rondas de vigilância para impedir o trabalho ilegal de construção da via-férrea em suas terras. “Pedimos o cancelamento de toda a obra, assim como o Corredor Transístimico do Istmo de Tehuantepec que se abstenha de iniciar qualquer obra relacionada com o projeto em questão, já que não cumpriram os requisitos de lei”.
Trem Maia: expropriação de terras para o turismo capitalista
O megaprojeto “Trem Maia” visa transportar de 600.000 a 800.000 novos turistas por ano na península de Yucatán. Através de “votações” enganosas e autoritárias, o governo pretende consultar as populações sobre os efeitos do projeto, alegando que é um projeto de “desenvolvimento” que trará benefícios para os pobres e indígenas da área: empregos, modernos, infraestrutura, oportunidades de negócios.
No entanto, a verdade é outra. Tais foram as conclusões de, entre muitos, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CONACYT), um órgão federal independente encarregado de assessorar o governo mexicano. Este estudo, entregue ao governo no início de dezembro, foi censurado até março, e concluiu que o Trem Maia teria sérios impactos negativos, incluindo: destruição de 10 áreas nacionais de proteção ambiental; impactos negativos irreversíveis no território que serão apropriados para o projeto; a violação dos direitos de 146.000 indígenas que vivem na área; gerar empregos temporários e precários; levar a um aumento da violência relacionada ao tráfico de drogas e ao tráfico de pessoas.
Em 1 de abril, o governo López Obrador anunciou que está analisando as propostas de 14 consórcios (de propriedades de multinacionais chinesas e de Carlos Slim, o homem mais rico do México) para construir a primeira fase do trem, que custará ao governo entre 12 e 22 bilhões de pesos mexicanos (de 600 milhões a mais de um bilhão de dólares). O governo reafirma, a despeito da oposição das comunidades locais e do protesto nacional e internacional em defesa da natureza e da autonomia territorial dos povos, que o projeto começará no dia 30 de abril.
Em todo o mundo, construir uma alternativa frente a ofensiva capitalista e colonial contra os povos e classes trabalhadoras
É importante que todos saibam que o atual governo mexicano foi saudado por diversos partidos e movimentos no Brasil (PT, PSOL, PCdoB, MST, etc.) como sendo uma esperança para a “esquerda” da América Latina. Essas organizações hoje se calam às convocações e jornadas de solidariedade que os zapatistas convocam para denunciar os crimes do governo de López Obrador em conluio com os capitalistas e narco-paramilitares.
Ao contrário desse silêncio criminoso e cúmplice da socialdemocracia brasileira, a Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB) e suas entidades de base têm reforçado a solidariedade internacionalista com os zapatistas e sua justa rebelião contra os megaprojetos, por sua autonomia e dignidade.
Nesse momento, de aprofundamento da crise sanitária e social em todo o mundo, é fundamental mostrar aos poderosos e oportunistas que a resistência dos povos originários e classes trabalhadoras não parará, ao contrário, no que depender dos sindicalistas revolucionárias irradiará como uma faísca num palheiro, acendendo as chamas da revolta popular por uma nova sociedade, justa e igualitária.
FOB – Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil
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