Em 30 de maio de 1814, nascia, em Premukhimo, Império Russo, o anarquista russo Mikhail Bakunin. Filho de aristocratas, rompe com o czarismo, abandona a carreira militar e passa a luta revolucionária, em princípio pela libertação dos povos eslavos.
Nos anos de 1840, Bakunin migra para a Alemanha, onde se aprofunda em estudos filosóficos Hegel e outros filósofos. Ainda na Rússia tem contato com os socialistas pela influência de filósofos russos Aleksandr Herzen e Nikolay Ogarev, que se tornariam seus interlocutores e amigos. Em Paris se aproximas dos círculos operários e conhece o anarquista francês Pierre-Joseph Proudhon e os comunistas alemães Karl Marx e Friedrich Engels. Sendo influenciado por Proudhon, Bakunin será o principal continuador de seu legado, dando o caráter verdadeiramente revolucionário.
Participa das insurreições e revoluções de 1848, que ficaram conhecidas como a Primavera dos Povos. Passa a ser perseguido pelas forças da reação. É preso em 1850 e condenado à morte. Sua pena é convertida em prisão perpétua. Em 1851, é extraditado para Rússia, onde começa a cumprir sua pena na Fortaleza de São Pedro e São Paulo, na cidade de São Petersburgo. Posteriormente é enviado para o exílio na Sibéria, onde ficaria até sua fuga, em 1861. No exílio, ele se casou com Antonia Kwiatkowska.
Em sua fuga, Bakunin foi para o Japão, passou pelos Estados Unidos e chegou à Europa e retomando suas atividades políticas pela causa revolucionária. Em 1864 inicia a construção de uma organização revolucionária clandestina que reunia revolucionários de várias nacionalidades em diversos países da Europa, a “Fraternidade”, conhecida como Sociedade Secreta Internacional da Revolução, cujo programa constitui as bases do anarquismo revolucionário.
Em 1864 é fundada a Associação Internacional dos Trabalhadores, a AIT, em Londres. Uma iniciativa dos operários franceses e dos tradeunionistas ingleses. O movimento operário francês, em especial aqueles que participaram da fundação da AIT, era influenciado pelas ideias mutualistas do anarquista Proudhon.
Em 1868, funda a Aliança Internacional de Democracia Socialista, a “Aliança”, e pede filiação na AIT depois de sair da Liga pela Paz e liberdade. Uma vez no interior da AIT os aliancistas formaram com os mutualistas revolucionários o bloco coletivista no interior da AIT, responsável pelo delineamento do programa revolucionário da Associação, especialmente a partir do seu terceiro congresso, realizado em 1868 em Bruxelas, com a aprovação das teses em defesa da abolição da propriedade privada, em defesa da coletivização dos meios de produção e da estratégia da greve geral insurrecional.
Com a eclosão em 1870 do movimento comunnard na França, Bakunin e os demais coletivistas da AIT se dedicam a causa da insurreição revolucionária, defendendo uma Revolução Social, isto é, a insurreição das massas proletárias do campo e da cidade contra todas as formas do poder burguês, destruindo simultaneamente a propriedade privada e o Estado e consequentemente, construindo a federação livre das comunas e das associações da classe trabalhadora, em outras palavras, o autogoverno do proletariado.
A Comuna de Paris em 1871 foi derrotada pela reação burguesa e clerical. Essa derrota impactou o movimento proletário internacional, inclusive na AIT. Marx e os demais comunistas, que já tinham manifestado discordâncias com o programa a e estratégia coletivistas, aprovou, na conferência de 1871 a estratégia da fundação de partidos operários para disputar as eleições burguesas, decisão de desagradou o bloco coletivista.
Em 1872, no Congresso de Haia, Marx e seus partidários aprovaram a expulsão de Bakunin da AIT. Essa decisão não foi acatada pela maioria das seções da Associação. As seções da Suíça, França, Bélgica, Itália e Espanha convocaram um novo congresso ainda em 1872, realizado em Saint Imier. Os congressistas de Saint Imier não reconheceram as decisões de Haia, sendo contrários às disputas das eleições burguesas, à expulsão de Bakunin e à transferência do Conselho Geral da AIT para os EUA. Mais tarde essa organização ficou conhecida com a “AIT-Antiautoritária”, responsável pelas bases do sindicalismo revolucionário que foi difundido pelo globo no final do século XIX e início do século XX.
As principais discussões de Saint Imier se deram em torno de dois tópicos: como organizar a classe trabalhadora e qual modelo de ação política. O primeiro foi a base para o que viria ser as confederações nacionais, como a CNT Espanhola e CGT Francesa, e o segundo a ação direta com estratégia principal a greve geral que se desdobraria numa insurreição proletária. Nesse sentido, Bakunin e seus camaradas aliancista e da Federação do Jura foram fundamentais para ampliar o raio de ação do que começou a ser conhecido simplesmente como sindicalismo: o sindicalismo revolucionário.