Em 4 de abril de 1983, diante da grave crise econômica, desemprego e demissões em massa, carestia de vida, inflação galopante e a situação de miséria da classe trabalhadora brasileira que marcaram o período do fim da ditadura empresarial-militar fascista, estourava na zona sul de São Paulo, em Santo Amaro, o movimento que ficou conhecido como Motim Contra a Fome e o Desemprego. A rebelião que arrancou importantes conquistas foi marcada pela ação direta popular e mobilização de base a partir do Comitê de Luta contra o Desemprego e do Movimento contra a Carestia, com saques e manifestações combativas se alastrando também para o Rio de Janeiro e Minas Gerais entre os dias 4 e 8 de abril de 1983.
Com saques de lojas e supermercados, em São Paulo a manifestação seguiu em direção ao Palácio dos Bandeirantes que foi atacado, com a exigência que o movimento fosse recebido pelo então governador Franco Montoro. Cerca de 100 manifestantes foram feridos e 70 presos pela PM, com mais de 400 lutadores sendo enquadrados na famigerada Lei de Segurança Nacional (LSN). O Movimento Contra o Desemprego e a Carestia arrancou do Estado a criação de 40 mil vagas de empregos em frentes de trabalho. O general fascista e então presidente da ditadura João Baptista Figueiredo foi a TV aberta acusar o movimento de atrapalhar o “processo de abertura”, uma transição pactada entre militares e a oposição burguesa para proteger os assassinos e torturadores do regime e seus patrocinadores, o empresariado e agentes do imperialismo. Os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro também vieram à público pedir o fim da violência e calma ao povo faminto.
Com a inflação oficial de 35% no início do ano e alimentos essenciais da cesta básica subindo até 400%, demissões em massa, cortes de investimentos públicos, situação de pobreza e miséria generalizada, a crise de 1983 tem muitos paralelos com a nossa conjuntura, assim como, os governos autoritários de Figueiredo e Bolsonaro. Elementos que hoje, agravam-se ainda mais com a Covid-19, a guerra biológica contra o povo pobre e trabalhador e a gestão desastrosa e genocida do atual governo. A disposição heroica, e em parte desesperada, do povo em luta pela sua sobrevivência é um exemplo para os dias atuais. A mobilização de massas, organização de base e os métodos insurgentes do Comitê de Luta contra o Desemprego e do Movimento contra a Carestia, assim como, a unidade de ação de diversas organizações da esquerda combativa, devem servir de guias para nossa ação nos dias de hoje, construindo comitês de base para agitação e propaganda de massas, mobilização direta e unidade de ação para avançar até a Greve Geral e a rebelião de massas, necessárias para derrotar o governo genocida Bolsonaro/Mourão, defender a vida e conquistar uma vida digna para nosso povo.
VIVA O MOTIM CONTRA A FOME E O DESEMPREGO!
RETOMAR A LUTA COLETIVA, RADICAL E COMBATIVA CONTRA GOVERNOS E PATRÕES!
AÇÃO DIRETA CONTRA A AGENDA NEOLIBERAL E O GOVERNO BOLSONARO/MOURÃO!