Há muito tempo nós da ORC temos defendido e construído no SEPE-RJ uma concepção de sindicato que se contrapõe ao Sindicalismo de Estado (conciliador, ordeiro e pacífico). Defendemos o Sindicalismo Revolucionário (classista, combativo e com o protagonismo da base). Em nossa visão, a orientação baseada na concepção sindical conciliadora é um dos motivos pelos quais a greve de massas de 2016 não foi totalmente vitoriosa ou não alcançou mais vitórias. Por isso foi necessário passar ao Estado de Greve, o que significa manter a mobilização no recesso de agosto e não debandar.
O motivo da derrota econômica, na nossa avaliação, tem a ver com a correlação de forças em suas duas faces: externa e interna. Correlação de forças externa todos sabemos, é a capacidade de termos o máximo de adesão ao movimento paredista, o que tende a causar pressão nos governos. Mas a outra face também é importante e é necessário nos atermos a isso.
Quando falamos em correlação de força interna, esta significa a capacidade das bases e da vanguarda de impulsionar o sindicato para o enfrentamento com o governo. Significa barrar a tendência conciliadora e desmobilizadora da direção majoritária, bem como convencer as bases a construir a luta no dia a dia nos locais de trabalho, nas assembleias locais, na assembleia geral. Significa cumprir calendários de atividades tirados em assembleias e assumir o protagonismo da luta de maneira combativa, lançando mão da ação direta sempre que for necessário. Só assim teremos uma atuação eficaz.
Nossa greve começou com 70% de adesão e assim se manteve por um período, mas com o tempo foi se esvaindo. Grande parte da categoria que viu o tempo passar e quase nada avançar, bem como os sucessivos boicotes e desmandos da direção majoritária, foi se cansando e se distanciando cada vez mais. Por isso, continuamos a afirmar que somente grande adesão não é garantia de greve vitoriosa. Algumas greves, mesmo com pouca adesão, quando são bastante combativas, tendem a obter vitórias.
Ainda assim, é preciso manter a mobilização no recesso de agosto, pois estamos em Estado de Greve. Isso significa termos políticas claras para contrapor ao governo. Temos acompanhado as mesas de negociação da reposição e a SEEDUC está irredutível na sua proposta de reposição e continua tencionando a relação com a categoria. A SEEDUC concordou que será necessário que se altere o calendário escolar (admitindo férias em janeiro, mas incluindo sábados e contra turnos), mas insiste que escolas que foram ocupadas e com grande adesão de grevistas tenham aulas no recesso. E insiste também na antiga forma de reposição de conteúdo (horas aula) individualizada e punitiva. E nós precisamos e podemos mudar isso!
Papel muito parecido com o da SEEDUC exerceu grande parte da direção majoritária quando não encaminhou a proposta de reposição aprovada na assembleia do dia 22 de março, insistiu em recursos para mudar a proposta, não se preparou para defender a política na mesa de negociação e não orientou a categoria que agora volta para as escolas e cai na armadilha individualizante e punitiva que a secretaria prepara. Agora a secretaria alega que os trabalhadores estão repondo ‘voluntariamente’ e cobrará a reposição de conteúdo daqueles que se comprometeram assinando algum documento. Daí é necessário responsabilizar a direção majoritária pelo não encaminhamento da proposta e o não esclarecimento das bases, pois toda política tirada em assembléia geral deve ser amplamente divulgada, encaminhada para as bases e viabilizada a sua execução. Do contrário a direção continuará exercendo seu papel de suporte ao governo, o que chamamos para-governismo.
Por fim, é necessário apontar aqui algumas políticas para que se garanta a mobilização das bases durante o recesso, pois a SEEDUC não tem cumprido os acordos e não tem avançado nos GT’s. E com toda certeza os ataques aos nossos direitos previdenciários, parcelamentos salariais e atrasos não cessarão nopós-Olimpíadas. Possivelmente teremos que voltar à greve em setembro, junto com o movimento estudantil, fortemente mobilizados e com a política correta, preparados para uma radicalização das lutas que deve se dar juntamente com outras categorias.