FOB – RJ
(…)mulheres da classe trabalhadora, inclusive as que estão desempregadas ou na informalidade, seja do campo ou da cidade. Estas mulheres são, em sua maioria, negras ou indígenas. É sob as mulheres do povo que também perpassam as opressões pela sexualidade e identidade de gênero, como no caso das violências sofridas por mulheres lésbicas e/ou trans.(…). É urgente que as mulheres da classe trabalhadora tenham como horizonte em sua luta, a autodefesa, a independência aos partidos políticos, governos, empresas e ao Estado. (Subsídio ao II Encontro Nacional de Oposições Populares, Estudantis e Sindicais).
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A nós, mulheres do povo, sobram as migalhas das riquezas produzidas com nossos braços e mentes, sobram as ofensas e humilhações mais ultrajantes, as violências mais brutais desse sistema econômico que só faz aumentar a exploração da classe trabalhadora pela classe que se apodera injustamente das nossas energias para servi-la. A nós, mulheres negras, indígenas e trans, são reservados os menores salários de trabalhos mais precarizados, mais desvalorizados socialmente, as jornadas de trabalho mais extensas e exaustivas. Enterramos nossos filhos e parentes, quando não somos nós mesmas enterradas por guerras criadas e promovidas pelo Estado para cercar e calar o povo pobre. A mensagem do genocídio cotidiano cometido pelo Estado, suporte da classe burguesa, é de que vidas negras, indígenas, trans, não importam.
Nos dizem há um século que a saída para a desigualdade de gênero é votar pela representatividade feminina no parlamento; que precisamos estar unidas, enquanto “mulheres”, para o combate contra o machismo cotidiano; que as leis punitivas contra as várias violências machistas sofridas por mulheres serão eficazes; que a luta pelo acesso a altos postos de trabalho tende a diminuir a hierarquia entre homens e mulheres. Esses são os principais caminhos martelados para destruir ou diminuir as mazelas do patriarcado. A realidade já teve seu tempo de provar o contrário. As taxas de feminicídio e estupro crescem vertiginosamente conforme a crise econômica que vivemos, independente da aplicação de lei punitiva, de mulher presidente, senadoras, deputadas, delegadas, juízas, etc.
Esses feminismos burgueses e liberais convenientemente se esquecem que vivemos em uma sociedade de classes: que o parlamento estatal existe para defender a ordem burguesa de exploração econômica, que “as mulheres” não são todas iguais (ainda existem sinhás!), que o alto cargo de trabalho conquistado por mulheres tem como único efeito legitimar a hierarquia de trabalho e salarial do sistema capitalista, que as violências da exploração do trabalho, da desigualdade e da pauperização transbordam necessariamente nos setores mais marginalizados da sociedade. É extremamente ilusório continuar apostando nas estratégias que pretendem reformar esse sistema, mantendo intactos sua estrutura e funcionamento – que se deixe claro, estratégias essas criadas e estimuladas pela própria burguesia – para melhorar as condições de exploração e violência sofridas por trabalhadores e trabalhadoras.
É urgente que as mulheres da classe trabalhadora se organizem de forma autônoma enquanto parte da classe explorada, a partir dos locais de estudo, trabalho e/ou moradia, construindo um poder de baixo para cima, tendo como princípio a combatividade, a autodefesa, a independência aos partidos políticos, governos, empresas e ao Estado. Nesse 8 de março de 2018, e em todos os outros, convocamos para a construção de uma greve global de mulheres que deve romper com as ilusões reformistas e impulsionar a autodeterminação, tendo como base o internacionalismo e o classismo.
AVANTE A LUTA COMBATIVA DAS MULHERES DE TODO MUNDO!