[RECC] 8 de março: A LUTA DA MULHER TRABALHADORA – PELA GREVE GERAL

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Flores, exaltação da beleza, elogios pela garra e dedicação ao cuidado dos filhos e da casa, agradecimentos pelo empenho no trabalho e muito mais formas de comemorar o dia 8 de Março. Porém, nesse dia festivo e de exaltação à mulher, é posto de lado o dia-a-dia da maioria das mulheres, além de tratá-las como se todas fossem iguais. Como todas as mulheres podem ser iguais quando a sociedade em que vivemos é dividida entre aqueles que trabalham exaustivamente e mesmo assim tem uma vida miserável e aqueles que só mandam e não trabalham, mas mesmo assim tem uma “vida de rei/rainha”?

O dia-a-dia de todas as mulheres é marcado pelo medo de ser agredida, abusada sexualmente e ser vítima de feminicídio, ou seja, violentada apenas por ser mulher. Porém a violência não ocorre da mesma forma para todas as mulheres, porque a sociedade em que vivemos é dividida em classes sociais que são demarcadas pela raça: há um grupo que possui grandes fortunas, pois são donos/donas de fábricas, multinacionais, grandes empresas, bancos e fazendas, também desfrutam de influência e controle da política. Ou seja, quando eles não são os próprios políticos, financiam a candidatura e os partidos daqueles que concorrem aos cargos no parlamento.

Por outro lado, há uma classe social que tem a sua realidade marcada pelo acesso mínimo às condições básicas para sobreviver (educação, saúde, transporte público, alimentação e moradia) mesmo trabalhando 8h por dia, para receber um salário mínimo e, quase sempre, complementá-lo com horas extras ou bicos. Essa configuração da sociedade é demarcada pela raça, pois não é apenas coincidência as pessoas dessa classe social serem, em sua maioria, negras ou indígenas, especialmente porque no Brasil por mais de 300 anos, os povos africanos foram escravizados, e os indígenas assassinados e também submetidos a escravidão.

Ora, quem são as mulheres que prestam serviços terceirizados? Quem são as mães que choram a morte de seus filhos pelas “balas perdidas” da polícia? Quem são as mulheres que assistem as ordens de despejos de suas casas? Quem são as mulheres que para conseguir uma vaga na creche ou escola precisam madrugar em filas? Quem são as mulheres que cumprem tripla jornada de trabalho, pois trabalham, estudam e cuidam da casa? Quem são as mulheres que odeiam a sua cor, seu cabelo e seu traços? Quem são as mulheres que deixam seus filhos para cuidar dos filhos da patroa? Quem são as mulheres que veem sua aldeia sendo queimada por pistoleiros? Quem são as mulheres que passam por situações vexatórias todas as vezes que vão visitar os filhos/esposos/parentes nas penitenciárias? Quem são as mulheres que precisam se prostituir para ter o que comer? Quem são as mulheres ameaçadas por outras mulheres quando essas são patroas?

Assim, as mulheres da classe trabalhadora, inclusive as que estão desempregadas ou na informalidade, seja do campo ou da cidade, são em sua maioria negras ou indígenas, sobre as quais também perpassam as opressões causadas pela sexualidade e identidade de gênero, no caso das violências sofridas por mulheres lésbicas e/ou trans.

Neste dia, não devemos comemorar, mas sim resgatar a combatividade das mulheres do povo, pois nossos direitos cada vez mais têm sido negociados para gerar lucros aos homens e mulheres da classe que nos explora – eles enriquecem às custas da nossa miséria que vai desde privação a condições básicas para viver ao encarceramento e morte! Precisamos nos organizar junto aos nossos nos locais de trabalho, estudo e moradia, sem ilusão com partidos políticos eleitoreiros, governos e Estado.

Garantir a nossa autodefesa, nos armarmos na teoria e na prática contra machismos e misoginias cotidianos, reconhecer o machismo, o racismo e a homolesbotransfobia no interior da classe trabalhadora auxiliando no processo pedagógico de autocrítica e, pela base, construir a Greve Geral. Não apenas a paralisação simbólica de um dia, mas sim nos utilizarmos desse instrumento de luta histórico da classe trabalhadora para garantir e conquistar direitos e convergir nossas lutas. Não se trata de uma opção, mas uma condição para nos mantermos vivas e construirmos, ombro a ombro, a emancipação do nosso povo.

A LUTA DA MULHER É A LUTA DO POVO, A LUTA DO POVO É A LUTA DA MULHER!

MULHERES DO POVO NA LINHA DE FRENTE CONTRA O ESTADO RACISTA E BURGUÊS!

CONSTRUIR A AUTO-DEFESA DAS MULHERES DO POVO!

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