[RECC-DF] O Germinal, n° 43 – Ocupações e Eleições de DCE

por Oposição CCI – Combativa, Classista e Independente ao DCE-UnB (filiada à RECC/FOB)

88fad-cabecalhoAno IX, Edição Nº 43 – 21 de Novembro de 2016 (Download pdf.)

A TÁTICA DAS OCUPAÇÕES E A LUTA CONTRA O APARELHAMENTO

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Assembleia 31/10 – Vitória dos favoráveis a ocupação

A juventude da Universidade de Brasília (UnB), frente aos ataques do governo, se pôs em luta para barrar a precarização das condições de vida das (os) trabalhadoras (es) que a muito já vem sofrendo com cortes em diversas áreas. Tendo como precursora a ocupação na FUP, e após uma Assembleia Geral das (os) Estudantes histórica que contou com quórum de mais de 1200 estudantes no dia 31/10, houve uma ascenção nos movimentos de ocupação em nossa universidade onde mais de 15 departamentos, institutos e prédios de aula foram submetidos ao controle estudantil. Tal movimento espelhado na luta do movimento secundarista, resgatou métodos e táticas combativas que há anos vinham sendo condenadas pela esquerda reformista em nossa universidade.

DURANTE A ASSEMBLEIA QUE DELIBEROU a ocupação da Reitoria, presenciamos uma monopolização das falas por parte de militantes da União Nacional dos Estudantes – UNE (UJS, Juventude Revolução, Juntos, RUA etc.) onde todas estas fizeram apenas um encaminhamento, e sequer foram capazes de encaminhar algo relativo a PEC 55, a reforma do ensino médio, o projeto “escola sem partido” e demais ataques contra a educação, cabendo aos estudantes presentes, ao final da Assembleia, cobrarem da mesa um posicionamento acerca de tais retrocessos. Ficou evidente também a tentativa de centralização das decisões políticas por parte da UNE, que tentando aparelhar a ocupação da Reitoria “elegeu” como “coordenadores” seus militantes para cada comissão, algo no mínimo estranho, dado o histórico pelego e oportunista desta entidade.

HIERARQUIA – Mais do que isso, houve uma tentativa de hierarquizar as ocupações dizendo que a ocupação da Reitoria teria uma relevância central e maior perante as outras ocupações, e que devido ao fato de não ter uma ampla base mobilizada, seria necessário voltar todos os esforços para a ocupação da Reitoria, consequentemente esvaziando as demais ocupações. Isto demonstra uma total falta de capacidade de compreender que a luta se dá de forma descentralizada, da periferia para o centro, e não o inverso. Que a ocupação da Reitoria é um ponto estratégico isto é evidente, mas as ocupações se dando pelos institutos e departamentos conseguiria mesclar reivindicações gerais com pautas específicas de cada curso, atingindo um maior número de estudantes possibilitando um campo fértil de luta a longo prazo. Claro que com essa estratégia enfrentaremos a despolitização das bases, mas é algo superável e faz parte do processo de luta – vale ressaltar que a despolitização e desmobilização das (os) estudantes se deve principalmente pela atuação destas correntes reformistas na universidade que tentavam e tentam centralizar todo o processo de luta em suas bandeiras.

HÁ ANOS A PRÁTICA DA UNE e de sua “irmã” no movimento secundarista, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), vem atravancando o avanço da luta no movimento estudantil, onde os próprios estudantes notam isto e rechaçam tais entidades e suas práticas. Exemplo de tal fenômeno são as proibições de entrada da UBES em diversas ocupações secundaristas espalhadas pelo país, algo que também se verificou na UnB quando algumas ocupações negaram alojar militantes da UNE vindos de outros estados que participariam de uma Reunião nacional ampliada na UnB da UNE, UBES e ANPG e supostos representantes de ocupações em todo Brasil nos dias 14 e 15 de novembro. O estranhamento a tais entidades é reflexo de anos de uma prática burocrática mergulhada no parlamentarismo estudantil e na blindagem de críticas ao antigo governo petista que cortou mais de 10 bilhões da educação somente em 2015. Desde a fundação da RECC denunciamos o reformismo na luta das (os) estudantes, acreditando que só a ação direta da base seria capaz de atropelar essas entidades oportunistas e aparelhadoras como condição para enfrentar governos e empresários.

RESISTIR – Saudamos a todas(os) que nos ajudaram e ajudam a resistir contra as ofensivas do Estado, contra o aparelhamento de nossa luta e contra os ataques fascistas dos movimentos de desocupações. Compreendemos que é na ideia trocada e somada, dos obstáculos diários superados juntos, que nos reconhecemos enquanto classe e pertencentes ao mesmo lado da trincheira. As três principais tarefas colocadas a juventude combativa na atual conjuntura são: 1) resistir em nossos fronts de batalha, 2) massificá-los para enfrentar o governo e 3) impedir o aparelhamento de nossa luta.

É barricada, greve geral e ação direta que derruba o capital!


ELEIÇÃO DO DCE: Entre a burocratização liberal e a unidade engessada da esquerda, é preciso reorganizar o Movimento Estudantil na UnB para enfrentar os ataques à Educação Pública!

recc-3Em meio a um momento de intensas lutas contra a PEC 55 (ex-PEC 241), reforma do ensino médio e outros ataques do governo Temer-PMDB, iniciou-se na UnB o processo eleitoral para Gestão do DCE que, devido às ocupações e por decisão do CEB – Conselho de Entidades de Base, foi postergado para 2017.

Mesmo em meio aos movimentos de ocupações e crescente radicalização da luta política, o processo eleitoral não pode ser visto como um “espelho” do momento político atual. Duas chapas foram inscritas, onde a Aliança pela Liberdade tenta manter na situação, e assim manter o engessamento do DCE frente às lutas, e a outra chapa, denominada “Todas as Vozes” que se forjou numa tentativa de acordão entre diversas correntes do movimento estudantil (M.E.), entre ela UJS, Juntos, JR, Rua, etc., inclusive o PSB, partido de Rollemberg.  É preciso analisar o que se passa para entender essa configuração.

A chapa Todas as Vozes, que pelo nome dá a impressão de um grande esforço por reunir tais correntes com o único intuito de derrubar a Aliança, demonstra um grave problema que envolve o ME a anos e atravanca seu processo de reorganização: a unidade acritica e os acordos de cúpula.

É preciso que se lembre quais práticas políticas tais correntes trazem consigo para entender o teor de tal “unidade”. Nos parece óbvio que se trata de pragmatismo. Apesar de mais de 400 nomes inscritos, a divisão de cargos se dá entre as forças políticas, assim cada força tocará sua política em cada coordenação, minimizando o peso político dos membros não pertencentes a organizações. Do ponto de vista prático, o pragmatismo lhes custarão caro. Mas o mais importante, se olharmos para a conjuntura e a situação do ME na UnB e no Brasil, vemos os falsos apelos à unidade, vindos de setores que constrõem a UNE como um retrocesso para o movimento, uma vez que esta suposta unidade é na prática um “nivelamento por baixo” das políticas do ME, justamente num momento em que se é necessário avançar e radicalizar a luta.

Defendemos a unidade do ME, feita de maneira concisa e honesta, o que passa necessariamente pela reorganização do ME desde as bases, não através de acordos de cúpula, divisões de cargos e etc, como uma nítida reprodução da lógica parlamentar burguesa no seio de nosso movimento! Ao reforçar tais práticas, estas correntes acabam por legitimar o sujo e nocivo trabalho da Aliança pela Liberdade: burocratiza-se o ME, logo em seguida temos a aberração do parlamentarismo estudantil.

Dessa forma apontamos que antes de ganhar o DCE é preciso construir um campo combativo do ME na UnB, forjando uma democracia de baixo para cima, e não o inverso! Esse é um passo primordial para romper com a atual burocratização do DCE e suas eleições, com pautas rebaixadas, neste joguete ditado pela atual gestão.

Já a conhecida Aliança pela Liberdade tenta se utilizar do censo reacionário de seu fiel eleitorado, para tentar criminalizar e desarticular as Ocupações em curso na UnB. Fazem das eleições de DCE o mesmo espetáculo midiático das eleições burguesas. Um verdadeiro circo! Esse grupo neo-liberal, apoiado pela Students for Liberty, organização vinculada  e financiada diretamente fundações privadas e empresas, não faz mais que transmitir, assim como uma filial, a política das elites e disseminá-las no meio estudantil.

Sua prática tem atacado seriamente o ME, mas como combater um grupo que está a 4 anos na gestão do DCE? Nós da Oposição CCI acreditamos que apenas rompendo com o joguete burocratizante da Aliança reorganizaremos o ME, fazendo deste novamente uma organização que mobilize o estudantado!

Pelos motivos expostos chamamos o VOTO NULO nas eleições de DCE, entendendo que o caminho para a reorganização do ME não passará por acordos de cúpula, e que esta via já demonstrou não conseguir enfrentar a política suja da Aliança.

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