por Rede de Mídia Classista (filiada ao FOB)
Atenção – nossa matéria foi redigida por colaboradores presentes nos protestos, acompanharam tudo de perto, entrevistaram manifestantes e emite um ponto de vista dos trabalhadores.
Mobilização dos professores causa impacto no DF e Rollemberg ordena violência policial
Ocorreu nesta quinta (28) um conjunto de mobilizações dos professores da rede pública de Brasília em greve desde o dia 15 de outubro. Pela manhã, os professores realizaram piquetes em todas as Regionais de Ensino do DF e impediram suas atividades. Pela tarde, “piquetaços” reuniram mais de uma centena de pessoas em algumas escolas do Plano Piloto – Gisno, Caseb e Polivalente.
No fim da tarde ocorreram atos descentralizados que fecharam simultaneamente as duas principais vias de acesso do Plano Piloto, nas saídas do Eixão norte e sul. O fechamento da saída norte (Ponte do Bragueto) reuniu cerca de 150 professores e ocorreu sem grande confusão, apesar da PATAMO estar fortemente armada de prontidão. Na saída sul (sentido Aeroporto) a ação iniciou às 16h30 e reuniu cerca de 200, porém a Polícia impôs a violência para dispersar o protesto.
TRUCULÊNCIA – Às 18h, o Batalhão de Choque da PM chegou acompanhado do “caveirão” no Eixão Sul. Sem nenhuma tensão e em poucos instantes, o Choque reprimiu os professores com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, balas de borracha, tonfa e golpes. A repressão ocorreu mesmo após a negociação que havia combinado a saída pacífica dos professores com o Capitão da Polícia Militar.
Não havia ocorrido qualquer conflito. Não houve “uso progressivo da força” como afirmou a PM. O Batalhão de Choque agiu com excessos e subitamente. Os professores já haviam acordado pacificamente sua saída. As agressões partiram unicamente por parte da Polícia.
Vários professores correram e alguns foram atingidos. O comércio local fechou as portas. Na ação, dois professores foram detidos. Uma professora foi arrancada do próprio carro quando tentava ir embora, foi espancada, arrastada pelos cabelos e ficou sangrando e com escoriações. Outro professor foi detido ao tentar proteger sua colega de trabalho. No camburão, os professores foram filmados, provocados e humilhados pela PM.
Confira o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=WvlqtPrSDco
SOLIDARIEDADE – Trabalhadores rodoviários presentes no protesto imediatamente tomaram um ônibus e o atravessaram no Eixinho W, fechando o sentido norte-sul em apoio. Nesta ação, outros dois rodoviários também foram detidos. Em solidariedade aos presos, os rodoviários fecharam a rodoviária do Plano Piloto, nenhum ônibus saía. Só iriam liberar com a libertação dos trabalhadores injustamente presos. A paralisação durou duas horas. A polícia também reprimiu.
Confira o vídeo: http://migre.me/rXdbn
LIBERTAÇÃO DOS PRESOS – Ao todo, foram cinco trabalhadores detidos, todos foram para 1º DP. Mais de 100 professores, rodoviários e estudantes compareceram à delegacia para exigir a libertação dos companheiros e prestar apoio jurídico e emocional. Às 20h30 e aos gritos de “Força, ação, abaixo a repressão” os trabalhadores foram soltos e acolhidos por seus camaradas.
Era perceptível que todos presentes saíram com mais convicção na causa de sua luta, entoando gritos como “O povo unido, é povo forte, não teme a luta, não teme a morte…”. Centenas de outros professores se solidarizaram nas redes sociais e prometeram ir às ruas e fortalecer a greve.
A VIOLÊNCIA DE ROLLEMBERG – Na semana passada (22) outro protesto de estudantes da UnB contra os aumentos de tarifas foi reprimido pela polícia e impedido de chegar à L3. Um primeiro protesto do Movimento Passe Livre no dia 18/09 contra o aumento de tarifas também foi reprimido pela PM. Mas estes não foram os primeiros e parecem não ser os últimos.
Em Nota Oficial, o GDF assumiu a responsabilidade pela ação da PM. “O governo de Brasília tem a obrigação de assegurar à população o livre trânsito pelas vias da cidade e não pode permitir que algumas pessoas interrompam o tráfego por sua vontade ou a qualquer pretexto. A Polícia Militar agirá sempre, dentro da lei e de suas atribuições, para impedir o fechamento de vias públicas.”
Na administração pública, o comandante em chefe das forças policiais é o próprio Governador. Isto significa que as ações da segurança pública são de responsabilidade do Rollemberg. Os professores e rodoviários detidos, Rollemberg é responsável. Os estudantes reprimidos, Rollemberg é responsável.
RESPOSTA DOS TRABALHADORES – Rollemberg promete usar a Polícia contra novos protestos. “Mas até quando vamos apenas ficar só apanhando? Temos que organizar nossa auto-defesa”, comentou uma professora que não quis se identificar. E continuou, “já que o GDF diz que é preciso fazer cortes, porque não diminuir os salários do governo para um salário mínimo e cortar os recursos com bombas e balas de borracha da polícia?”
As atuais lutas e greves contra o ajuste fiscal do GDF não são apenas lutas econômicas. São lutas políticas: enfrenta o Legislativo que aprovou a quebra do IPREV; enfrenta o Judiciário que votou contra a ação de improbidade administrativa movida por sindicatos contra Rollemberg e decretou ilegalidade de várias greves; enfrentam o Executivo que dirige o ajuste e no mesmo dia das detenções publicou corte de ponto dos grevistas no Diário Oficial.
“E também é uma luta militar. Mas não por opção dos trabalhadores”, complementou a professora. “Rollemberg quis a violência para acabar o diálogo e reprimir protestos da população de Brasília – sim, professores são parte do povo. Mas Rollemberg se esquece que o povo tem uma força maior que todo governo e polícia juntos. Esta força está na nossa união e organização. É a força da greve geral. É a força da luta e resistência. É a força das ruas. Haverá troco”, concluiu.
Rede de Mídia Classista – um ponto de vista dos trabalhadores