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Aconteceu ontem (18.03.2019) uma assembleia autônoma de estudantes, que reuniu centros acadêmicos da UESPI de Parnaíba para debater as reivindicações discentes para a greve que se aproxima. Na reunião, que lotou o auditório da instituição, encontraram-se alunas e alunos de quase todos os cursos, assim como terceirizados que, juntos, apresentaram os problemas pertinentes à Universidade.
As e os estudantes foram uníssonos em apontar a precarização do espaço estrutural da Universidade: falta de laboratórios adequados, atualização da biblioteca, salas sem as mínimas condições de funcionamento, com cadeiras quebradas e/ou muito danificadas, ar-condicionados que não funcionam, ausência de segurança no campus, e até mesmo a ausência de produtos de limpeza (não repassados desde novembro do ano passado). Além disso, todas as bolsas (PIBIC, PIBEU, auxílio moradia, auxílio alimentação, dentre outras), que já se acumulavam em atrasos, foram cortadas, tornando impossível a vida de estudantes pobres e/ou vindos de outras cidades para Parnaíba. Trabalhadores terceirizados, por sua vez, relataram um atraso de 05 meses em seus salários, além de cortes no número de trabalhadores, falta de condições estruturais de trabalho e assédios da direção do campus. “Estamos pagando para trabalhar”, afirmou uma terceirizada, contando à assembleia que tem gastos com transporte e alimentação não subsidiados pela Universidade, e que já espera a represália da Universidade por estar naquele espaço.
AS LIÇÕES DAS GREVES ANTERIORES
A RECC, desde 2016, debate os problemas da Universidade e constrói coletivamente formas de superá-los. Na greve daquele ano, demarcamos a prioridade de se construir Comitês de Greve por Curso (GDCs), no intuito de ampliar a capacidade de luta dos discentes, criando pautas específicas e apoiando, também, a luta dos professores. (https://bit.ly/2CljFob). Após a greve, no boletim “A Luta Estudantil”, avaliamos que só não fomos completamente vitoriosos por conta da secundarização das demandas estudantis diante das pautas docentes. (https://bit.ly/2Fdtc1f). Além disso, no documento que debatemos a criação de um coletivo de curso na História, apontamos nosso olhar para mobilizações anteriores, onde autonomamente, alunas e alunos deflagraram greve e conquistaram boa parte da ainda precária estrutura que possuímos pela via da ação direta, assim como garantiram a contratação de diversos professores. (https://bit.ly/2Flj6fU)
O QUE ARGUMENTA O GOVERNO
Wellington Dias (PT) é enfático em afirmar que cumprir as demandas estudantis, docentes, de técnicos administrativos e terceirizados significa infringir o teto de gastos do Estado. Por conta disso, pede que reconsiderem a greve diante do quadro financeiro piauiense. Ironicamente, no fim de 2018, Dias lançou um edital que garantia R$26,2 milhões para aluguel de aeronaves que deveriam ficar à sua disposição e de sua família. Em 2017, seu filho foi condenado a ressarcir aos cofres públicos a quantia de R$ 17.267,00, valor usado por ele para o deslocamento e hospedagem em um resort em Barra Grande (PI) em 2015. Ao que parece, o governo Wellington Dias é quem patrocina um violento trote aos calouros (e veteranos) da UESPI.
SEM ILUSÕES, NEM PESSIMISMO
O projeto de desmonte da educação pública é algo que passa, passou e passará pelas mãos de todos os governos do Estado, e por isso, já não nos iludimos com a possibilidade de um governo “popular”, que olhe pela educação piauiense. Esta, mesmo na situação em que se encontra, foi arrancada das mãos dos poderosos com combates permanentes, e não dadas pelas almas caridosas que administram o dinheiro dos ricos no Piauí.
Mesmo nessa situação calamitosa, parte das e dos alunos rejeitam a possibilidade de greve. Existe a ideia disseminada de que a greve atrasará a conclusão do curso, ou mesmo que o movimento “não muda nada”. Lembramos que raras foram as vezes onde as turmas reteram um semestre sequer por conta da greve, onde a maior consequência “negativa” foi a reposição das aulas em finais de semana e nas férias, o que, se pesado com a devida atenção, parece pequeno diante dos ganhos obtidos em outros movimentos que aconteceram na UESPI.
É preciso antes de mais nada afastar o fantasma que assombra a cabeça de discentes que acreditam que a greve nada pode trazer de bom. A única luta que se perde é a que se desiste, e com isso, é necessário fortalecer entre as e os estudantes o pensamento de que sem reivindicar nossos direitos, os parasitas do povo tratarão de muito em breve tomar o pouco que já conseguimos.
Além disso, outra necessidade é compreender que apesar da luta pela UESPI ser geral, cada grupo que pertence à instituição tem demandas exclusivas, e que devem ser tratadas como prioridade e com igualdade. Dessa perspectiva, terceirizadas, terceirizados, discentes, docentes, técnicos administrativos e a comunidade em geral acolherão a luta pela UESPI como sua, e uma autêntica unidade de classe brotará desta relação, que pode enfim derrotar o projeto de sucateamento da UESPI.
OS RESULTADOS DA ASSEMBLEIA
Após exporem as questões descritas acima, decidiu-se por um ato na porta da UESPI, que marca o início de um processo grevista discente, amparado unicamente na capacidade política de estudantes, trabalhadores da instituição e na solidariedade de classe vinda de escolas, institutos e universidades parnaibanas, piauienses e brasileiras. Um outro ato está marcado para a quinta-feira (21.03.2019), ÀS 17:30h no Mirante, com confecção de cartazes às 15:00h na UESPI.
Defender a UESPI é defender o futuro da educação pública no Brasil e combater os inimigos do povo! Nós, da Rede Mídia Classista (RMC), filada à Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB), deixamos aqui nossa solidariedade, convertida em ação de apoio mútuo à causa dos que constroem a Universidade Estadual do Piauí.
REIVINDICAÇÕES DAS E DOS ESTUDANTES:
– Ampliação, manutenção e pagamento das bolsas estudantis
– Mais segurança no Campus
– Melhoria estrutural da Universidade (investimento na reparação/atualização de laboratórios, banheiros, biblioteca e salas de aula)
– Renovação dos contratos de docentes temporários
REIVINDICAÇÕES DAS E DOS TERCEIRIZADOS:
– Pagamento dos salários atrasados;
– Fixação de data para o pagamento dos salários;
– Contratação de novos trabalhadores;
– Fim das retaliações da direção contra as e os terceirizados que ousam lutar por um trabalho digno.
IR AO COMBATE SEM TEMER!
OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!