Qual é a história que nós mulheres queremos no verdadeiro 8 de março? Sobre a nossa ativa participação na vida, nas greves, no mundo do trabalho como um todo. Esta data não pode ser apresentada de maneira simbólica ao modo de representação capitalista, pois o primeiro momento em que se pensou nela foi quando mulheres operárias decretaram greve. Por isso, neste dia, não queremos flores oferecidas pelos donos do capital, queremos continuar a luta por nossos direitos, muito já foi feito e muito mais ainda há por fazer.
As nossas condições de trabalho permanecem inferiores em relação ao dos homens e temos que lembrar da referência à greve nos Estados Unidos que resultou num incêndio criminoso culminando na morte de 125 operárias, em 1911.
O 8 de março não pode ser comemorado como uma data comercial, na qual, as grandes corporações fazem uma propaganda enganosa sobre a conquista dos direitos das mulheres e as liberam neste dia dizendo ser um avanço na legislação trabalhista. Definitivamente, não é isso que queremos, uma data comemorativa, principalmente porque esta tradição foi oficializada pela ONU, em 1975.
Temos que lembrar principalmente da luta das mulheres socialistas, da passeata de 1917, na Rússia, verdadeira celebração da “mulher heroica e trabalhadora”. A luta pelo socialismo, que é a luta pelo fim da pobreza, é inseparável das lutas pela igualdade de direitos entre mulheres e homens do povo.
Nenhum espaço hoje é livre de violência de gênero, dos lugares mais inóspitos para mulheres a outros que deveriam ser mais seguros, como seus lares. Em todos, além da manutenção da exploração emocional feminina, a desigualdade salarial, assédio, também há o racismo que coloca a mulher negra numa condição ainda mais subalterna.
Neste sentido, nós mulheres trabalhadoras, precisamos nos unir, temos uma pauta em comum. No capitalismo, a nossa exploração é fundamental para a manutenção do sistema nas mãos dos poderosos. Um exemplo desta situação trágica é que desde a Revolução Industrial, a mulher trabalhadora e seus filhos eram os que sofriam as piores condições de trabalho.
Atualmente, nós sofremos do mesmo mal, porém de uma forma mais cruel porque é menos percebida socialmente. Não podemos nos esquecer do trabalho informal e da dupla jornada que nos leva a ter doenças ocupacionais. Além disso, há questões relacionadas ao assédio noturno e salários inferiores segundo a média calculada. Isto porque as trabalhadoras temem mais pela segurança em determinados horários justamente pela violência sexual.
Só com a luta das mulheres trabalhadoras será possível nos libertar do medo, da exploração e da desigualdade.