CHEGA DE ESCRAVIDÃO
Pelo direito à saúde, ao trabalho e à renda
Boletim do Sindicato Geral Autônomo do Rio de Janeiro | Edição Especial em tempos de pandemia | número 7 | Junho de 2020
Editorial: ocupar as ruas contra a fascismo e contra a racismo!
No domingo, dia 14 de junho, o Brasil atingiu a terrível marca de 928.985 casos do novo coronavírus (Sars-Cov-2), com 45.464 mortes em decorrência da Covid-19. No domingo, dia 14 de junho, foi também dia de manifestação antifascista em São Paulo e em Brasília.
Nesta terça feira a MP 936 que reduz salários foi aprovada por unanimidade no Senado. Ou seja, contou com votos da esquerda parlamentar. Em meio a pandemia e vivendo o pandemônio para conseguir sobreviver e sem direito ao isolamento, somos aqueles que mais sofrem as consequências da crise sanitária e social. Somos os mais vulneráveis à Covid-19, estamos perdendo as fontes de renda e nossos empregos.
O governo genocida de Bolsonaro-Mourão quer a todo custo acabar com o isolamento social, e governadores e prefeitos começam com as medidas de flexibilização para voltar ao “normal”. Mas para nós, a “normalidade” da violência terrorista do Estado, do genocídio do povo negro das favelas e periferias, sempre se manteve. A máquina de matar do Estado burguês não nos deu qualquer trégua.
O governo Bolsonaro-Mourão-Guedes é mais um governo que traz morte, miséria e desemprego. E no meio da pandemia ainda temos visto a máquina do estado produzir mais corrupção na compra de equipamentos que deveriam salvar o povo, como é o caso do governo Witzel e dos militares que recebem 600 reais que muitos que deveriam receber sequer conseguem ter acesso ao auxílio.
Nesse mês de junho de 2020, completam-se dez anos desde os primeiros esforços organizativos que dariam origem à Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB), que o SIGA-RJ é filiado. Neste mesmo mês, completam-se sete anos desde as batalhas conhecidas como Jornadas de Junho de 2013, a maior rebelião popular no Brasil nas últimas décadas. É também um mês em que lembramos quatro anos do massacre de Caarapó, que vitimou guerreiros da resistência Guarani e Kaiowá.
Mais de 10 milhões de trabalhadores tiveram contrato suspenso ou salários reduzidos
No dia 10 de junho a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho divulgou que 10,2 milhões de trabalhadoras e trabalhadores sofreram ou com a redução da jornada de trabalho e salário ou com a suspensão de seus contratos durante a pandemia da Covid-19.
Essa situação é imposta pela Medida Provisória nº 936, de 1º de abril, editada pelo presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo que impor sobre a classe trabalhadora o ônus pela redução da atividade econômica.
Segundo a MP 936, a jornada de trabalho e o salário do empregado podem ser reduzidos em 25%, 50% ou 70% por até 90 dias. Já a interrupção total do contrato é válida por 60 dias. Os afetados recebem compensação do governo, podendo chegar ao valor total do que ganhariam de seguro-desemprego se tivessem sido demitidos.
Nossa exigência é não só pela readmissão de quem teve os contratos suspensos e reestabelecimento dos salários integrais, mas também exigimos a estabilidade no emprego de todos os trabalhadores e trabalhadoras enquanto durar a pandemia.
ALERJ abre processo de impeachment de Witzel
O presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), abriu processo de impeachment contra o governador Wilson Witzel (PSC) no dia 10 de junho, após votação simbólica do plenário, onde 69 dos 70 deputados presentes à sessão foram favoráveis a abertura.
Até mesmo deputados do PSC, partido do governador, votaram pelo processo de impeachment, o que mostra o isolamento político de Witzel junto depois de suspeitas de corrupção relacionadas a desvios na saúde estadual durante a pandemia da Covid-19.
As acusações são de superfaturamento na compra de aparelhos de respiração e na construção de hospitais de campanha. O empresário Mário Peixoto é acusado de ser o chefe do esquema de irregularidades em contratos com os hospitais de campanha.
Enquanto empresários e políticos enriquecem com fraudes de superfaturamento, o povo do estado do Rio de Janeiro sofre com 77.784 casos e 7.417 mortes em decorrência da Covid-19, segundo dados do dia 14 de junho.
Guilherme, 15 anos: mais um jovem negro assassinado pelo Estado.
No último fim de semana, Guilherme Silva Guedes, um jovem negro de 15 anos, foi assassinado pela polícia em Vila Clara, na zona sul da cidade de São Paulo. Dois policiais que trabalhavam de segurança em um terreno usado pela SABESP sequestraram o jovem e o executaram com tiros nas mãos e nas cabeça.
A população de Vila Clara se rebelou contra o assassinato do jovem e fez protestos no bairro logo depois que descobriram a injustiça e no funeral e enterro do jovem. A PM paulista esteve provocando o povo durante todo o tempo dos protestos. Mais um jovem negro assassinado pelo Estado. A ditadura nas favelas e periferias nunca acabou. Justiça para Guilherme!!!
Paralisação dos Entregadores da LOGGI
No último dia 11 de junho os entregadores da LOGGI paralisaram sua atividade e bloquearam as unidades de Cordovil, São Cristóvão, Vila Isabel, centro do Rio, Niterói, Barra, Duque de Caxias. Os trabalhadores reivindicam aumento do preço da entrega. Segundo os entregadores durante a pandemia o preço caiu pela metade. Ou seja, além de arriscarem suas vidas continuam a trabalhar ainda tem seu ganho diário diminuído pela empresa.
Os trabalhadores também fecharam vias como Avenida Brasil e Linha Amarela e lembraram a morte jovem entregador Thiago Coelho, que sofreu um acidente de moto na terça-feira em Niterói
A empresa tem feito prática anti-sindical ao punir aquelas que protestam por melhor condição de vida e trabalho. Geralmente boqueiam o aplicativo e impedem que os trabalhadores peguem entregas, além de não fornecerem EPI em quantidade suficiente.
A Loggi é uma startup brasileira que trabalha com transnacionais como Rappi e Ifood e e compete com empresas como Correios, Jadilog e Total Express. E empresa teve em 2015 investimento de 50 milhoes de reais dos fundos de investimento Monashees Capital, Qualcomm Ventures e Dragoneer Investiment Group. Em 2019 teve mais 400 milhoes de investimento da multinacionais japonesa SoftBank. Hoje o valor de mercado da Loggi é 1 Bilhão de dólares. Ou seja, para garantir o lucro dos financistas a empresa explora os entregadores.
PELO BRASIL
O ataque aos povos indígenas continua. A devastação de suas terras pelo agronegócio e a mineração é claramente estimulado pelo governo federal. Além disso, estão sofrendo agora com a pandemia do coronavirus que avança pelo interior do país. Segundo a APIB são 236 indígenas falecidos de 93 povos.
Em Dourados, MS, a contaminação de indígenas da Reserva Indígena de Dourados (RID) dividida pelas aldeias Bororó, onde vivem os povos Guarani-Kaiowá e Ñandeva, e pela aldeia Jaguapiru, de maioria Terena aconteceu a partir da contaminação no frigorifico da JBS.
Veja mais em Contaminacao de indigenas em Dourados-MS partiu de frigoríficos da jbs
Claudiodi Vive!!!
O dia 14 de junho é lembrado por diferentes comunidades Guarani e Kaiowá, que se levantam na memória de Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, agente de saúde indígena de 26 anos assassinado na ocasião por latifundiários da região. As primeiras mobilizações foram apoiadas pelo Comitê de Solidariedade para os Povos Indígenas. Logo em seguida, o núcleo da FOB-MS buscou reivindicar o dia 14 de junho como um dia nacional de memória e luta
veja também
recc-fob-ms campanha de solidariedade campo cidade por saúde, teto, terra e liberdade
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DEMISSÕES DA FOGO DE CHÃO
A Justiça do Trabalho concedeu uma liminar determinando que a rede de churrascaria Fogo de Chão (fundo de investimentos americano Rhône Capital) reintegre 112 funcionários demitidos a partir de 20 de março no município do Rio de Janeiro. A juíza substituta Ana Larissa Lopes Caraciki, da 52ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, considerou nula a dispensa coletiva por violar uma série de requisitos legais e afirmou que a empresa tentou “obter benefício unilateral próprio em detrimento de mais de uma centena de trabalhadores”. A ação civil pública foi movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Em todo o Brasil foram 690 demissões.
Relembre: demissões em massa em plena pandemia