SNCC: Abaixo a militarização, por uma educação a serviço do povo!

A Semana Nacional Classista e Combativa (SNCC) é uma homenagem que a RECC faz todos os anos, para lembrar os estudantes que morreram durante a Ditadura Empresarial-militar brasileira. Dia 28 de Março foi o dia da morte do estudante Edson Luís, assassinado pela ditadura no Calabouço, um restaurante popular no Rio de Janeiro, no ano de 1968. O dia 11 de agosto, dia da criação da UNE pelega e da comemoração dos cem anos de fundação dos primeiros cursos de ciências jurídicas do país, data oficial do “dia do estudante”, não representa de fato a luta do movimento estudantil. Edson Luís foi o primeiro estudante que tombou morto diante da ditadura. A PM adentrou o restaurante metralhando indiscriminadamente, deixando vários feridos e outros mortos, como o estudante Benedito Frazão Dutra, que faleceu dias depois. A morte de Edson Luís gerou comoção e revolta nacional. Organizaram-se nos meses seguintes combativas passeatas e greves gerais com milhares de pessoas em mais de 20 cidades em todo Brasil – como a Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro -, nas quais tiveram mais presos, feridos e outros mortos pela ditadura.

A criminalização do movimento estudantil no Brasil durante a Ditadura Empresarial-militar foi marcada por delações, torturas e mortes. Baseada na Lei de Segurança Nacional, assim como outras leis que limitavam os direitos populares, estudantes foram retirados de suas famílias, e alguns deles até hoje não foram encontrados.

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Atualmente, o Brasil passa por uma escalada militarista. Aumento da repressão militar sobre os movimentos sociais, militarização das escolas, forte presença de militares no legislativo e no executivo, intervenções militares em diversos estados e por aí vai. A saída autoritária como solução para os problemas do país vem sendo defendida por vários setores da sociedade, inclusive por alguns setores populares. Mas nós sabemos que isso não passa de demagogia, de defesa dos interesses das classes dominantes.

Vamos focar em um aspecto desta escalada militarista, o que mais atinge o cotidiano dos estudantes, a militarização das escolas. Em primeiro lugar a farda, alguns livros didáticos, a matrícula e as mensalidades tornam este tipo de colégio um fardo pesado para muitas famílias pobres, além destas matrículas terem um percentual grande reservado para familiares de militares. Em segundo lugar, a padronização tende a eliminar as diferenças culturais, linguísticas, estéticas e políticas entre os estudantes. Em terceiro lugar, há uma forte tentativa de suprimir ou controlar totalmente qualquer tipo de organização política dos estudantes, como os Grêmios estudantis, de forma ainda mais repressiva do que nas escolas estaduais “comuns”. Em quarto lugar, as escolas militares recebem mais verbas do que as escolas “comuns”. Por quê? Simplesmente para tentar demonstrar para a população que o modelo “funciona”. Sendo que as melhores escolas são os Institutos Federais de Educação e os Centros de Aplicação ligados às Universidades, onde os estudantes possuem mais liberdade de expressão e de associação política. Projetos como o Escola Sem Partido também vêm para atuar neste sentido, ao contrário do que o nome diz, defende a Escola do Partido Único, o partido da defesa das classes dominantes.

Não acreditamos que com mais repressão e hierarquização se resolva o problema da violências nas escolas. Temos outro projeto e experiências satisfatórias, por exemplo, onde a organização de Grêmios ou organizações estudantis independentes ajudem na construção de um relacionamento pautado no respeito e fraternidade entre os estudantes; onde a parceria das escolas com associações culturais dos seus bairros ocupem o tempo vago dos jovens com atividades educativas e de sociabilidade saudáveis. Para isso, só a luta pela ação direta dos estudantes (como as ocupações e os protestos de 2013) vai conseguir trilhar uma nova perspectiva de educação popular comunitária e que sirva aos interesses do povo!

Desta forma, convocamos as/os estudantes do Brasil para celebrarem a data, realizando em suas escolas e cidades atividades na semana de 24 a 30 de Março. Não podemos permitir que apaguem nossa história e nossa luta, tal como tentaram quando assassinaram nossos camaradas. O esquecimento é a morte, a luta é a vida!

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1, 2, 3, 4, 5, MIL! AQUI ESTÁ PRESENTE O MOVIMENTO ESTUDANTIL!

LUTAR, CRIAR, EDUCAÇÃO POPULAR!

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