
Na manhã de hoje nós da FOB, junto a estudantes da UFPI atendemos ao chamado das moradoras e moradores da praia da Pedra do Sal em Parnaíba, que tentam a todo custo limpar a praia do mais recente vazamento de óleo que atinge o nordeste brasileiro, e que chega com mais violência no litoral do Piauí.
O cenário que lá encontramos é desolador: a cada bloco de óleo retirado, as ondas traziam 5 vezes mais. Animais mortos são encontrados em toda orla, vitimados pelo contato com a substância tóxica. Pescadores e barraqueiros, muitas vezes sem nenhum tipo de equipamento, buscavam a todo custo limpar seu território e fonte de sobrevivência: a praia.

Relatos de moradores mostram a frequência com que esse tipo de desastre ocorre, e revelam que nunca foram assistidos por poder governamental algum: “todo ano tem isso aqui, faz mal não que eu sou acostumada. Todo ano a pedra do sal tem óleo mas agora como tem em outros lugares sai na mídia”.
Os órgãos que supostamente deveriam auxiliar nesses momentos, pouco ou nada fizeram. A Marinha chegou às 10h, ficou por aproximadamente 1h e foi embora. A SEMAR, a mesma que a tempos atrás aprovou documentos no mínimo “alterados”, e que permitiram a instalação das eólicas e da instalação de um resort de luxo na localidade, tentavam convencer a todos sobre a necessidade de não divulgarem o que acontecia lá – “ficaria ruim” para eles.

Alguns trabalhadores, terceirizados da SN ambiental davam suporte à limpeza. Segundo ouvimos, mas sem confirmação, estariam sem receber nada pelo trabalho insalubre que realizavam.

SÓ O POVO SALVA O POVO
A comunidade da pedra do Sal, que hoje se encontra em um claro projeto de sufocamento cultural para a destruição dos seus modos de viver, promovido por todos os poderes do Estado, nunca esperou nada e sempre buscou criar soluções para seus problemas.
Sobreviveu a um arrendamento fundiário que beneficia uma das mais poderosase perigosas oligarquias coronelistas do Piauí.
Sobreviveu a instalação de eólicas em seu território, sem consulta e sem nenhum resquício de “democracia” nessa “escolha”.
Sobrevive as constantes ameaças de um modelo de turismo predatório e violentador, vindo de megaempreendimentos como o Pontal do Delta e o Pure Resorts
E certamente, sobreviverá a mais essa hecatombe ecológica que acomete a região, com a solidariedade de estudantes e trabalhadores que, na medida das possibilidades, derramarão suor e lágrimas para salvar suas formas de viver.

Salve a Pedra do Sal!
Só o povo salva o Povo!