Neste domingo, 21 de janeiro de 2024, mais de 200 fazendeiros realizaram um ataque violento à retomada do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe no território tradicional Caramuru-Catarina Paraguassu, município de Potiraguá, no Sudoeste da Bahia. O ataque foi realizado sob as vistas e conivência da PM da Bahia, que em nada impediu esta reintegração ilegal de posse da fazenda Inhuma que havia sido retomada pelo povo originário no dia anterior.
Como resultado desta ação cruel, Maria Fátima Muniz de Andrade Pataxó Hã-Hã-Hãe, conhecida como Nega, foi assassinada a tiros pelos fazendeiros. Também foram baleados vários guerreiros do povo, como o Cacique Nailton que foi socorrido e atualmente está em estado estável. Há relato de espancamentos, fraturas e diversas feridas que ficarão marcadas nas vidas destes guerreiros que reivindicam um território ocupado a séculos pelo seu povo.
Este ataque foi mobilizado pelo Movimento Invasão Zero, que surgiu em abril de 2023 sob a liderança do empresário e político Luiz Uaquim que atualmente se reivindica como coordenador nacional. Deste movimento, surgido na esteira da CPI do MST, também deu nome a uma frente parlamentar com os deputados Luciano Zucco (PL-RS), Ricardo Salles (PL-SP), Magda Mofatto (Patriota-GO), Caroline de Toni (PL-SC), Messias Donato (Republicanos-ES), Capitão Alden (PL-BA), Marcos Pollon (PL-MS) e Pedro Lupion (PP-RR).
Seja se apresentando como movimento, campanha, ou frente parlamentar, o que importa é que seu objetivo é impedir que o povo tenha acesso à terra e manter a alta concentração de terra que existe no Brasil. Com um discurso cínico, dizem defender a produção de alimentos enquanto, na verdade, estão apenas defendendo os interesses de uma minoria que são os donos das grandes terras contra a grande maioria de trabalhadores camponeses, indígenas, quilombolas, pescadores e demais povos tradicionais.
A conivência da Polícia Militar da Bahia demonstra a política de (in)segurança pública que o governador Jerônimo (PT) vem promovendo contra o povo. Sendo em 2023 a polícia que mais mata durante intervenções, superando inclusive a do Rio de Janeiro. O discurso falacioso de “Reconstruir o Brasil” pelo governo Lula (PT) é, na verdade, uma grande maquiagem para este país que é um campo de guerra onde muito sangue do povo é derramado em terras roubadas pelos poderosos. Estamos iniciando o 2º ano deste governo que não avança na reforma agrária e está muito aquém do necessário para cumprir o mínimo justo para os povos originários.
A classe trabalhadora deve entender que o sangue derramado nesta retomada são sangue de irmãos e irmãs, que o assassinato de Nega Pataxó é um assassinato contra todo o povo. É preciso dar as mãos entre os oprimidos e erguer o punho cerrado aos opressores que matam pela ganância. O Estado sempre apresentará a resposta insuficiente. Poderá fazer notas, encenações e criar secretarias ou ministérios, mas só o povo unido vai trazer a resposta necessária para estas injustiças.
“Pajé Nega não será enterrada, ela será semeada para que dela nasçam novas guerreiras. Porque a nossa luta não para, mãe natureza!”
Erahsto Felício, Teia dos Povos.
Fotografia: Deriva Jornalismo.
Assim, a Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB) se solidariza com o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe neste momento doloroso e se coloca de braços dados para os enfrentamentos que virão. Haverá um tempo que todo o sofrimento do povo existirá somente nas cicatrizes banhadas nos rios sem dor.
Nega Pataxó não será esquecida! A luta pela terra será vencida!
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Nome: CRISPINA PATAXÓ DOS SANTOS