Não ao massacre e a invasão colonial pelo Estado turco!
#DoNotAbandonRojava
Por Rede de Mídia Classista (RMC / FOB)
O povo curdo e demais povos e minorias étnicas e religiosas tem sido fortemente atacadas pela guerra civil na Síria, onde governos de países do Oriente Médio e do Ocidente estão promovendo um verdadeiro massacre, que já soma milhões de atingidos entre mortos e feridos, além de uma onda de refugiados buscando abrigo para fugir dos horrores da guerra.
Apesar de todo o sofrimento, esse povo tem resistido heroicamente. Mais do que isso, o povo curdo e suas organização revolucionárias tem liderado um processo de construção de uma nova sociedade, uma verdadeira revolução social no século XXI. Desde 2014 a luta desse povo por terra e liberdade tem chamado a atenção de todo o mundo. O processo revolucionário se consolidou no território de Rojava (Norte da Síria) defendido pelas milícias populares de autodefesa (YPJ, YPG e outras, tais como as brigadas internacionais), autogerenciado pelas assembleias populares e comunas. Em 2016 esse território passou a ser chamado oficialmente de Federação Democrática do Norte da Síria (FDNS).
Enfrentando a brutalidade dos fundamentalistas do Estado Islâmico bem como os governos da Síria, Turquia, EUA, Rússia e outros, os curdos optaram por organizar sua vida e seu trabalho coletivamente, criando instituições que garantem uma democracia federalista e socialista, baseada no autogoverno popular, na ecologia, nos direitos das mulheres, na liberdade cultural e religiosa e no trabalho coletivo: o que eles chamam de Confederalismo Democrático.
Porém, no dia 19 de dezembro de 2018 os EUA anunciaram a retirada de suas tropas da Síria, além de fechar um acordo com o Estado Turco para a venda de 3.500 milhões de dólares em armamentos. Esse fato gerou ondas de temor para as comunidades curdas. À luz das ameaças anteriores de Erdogan (presidente da Turquia) de uma iminente invasão turca de Rojava, há preocupações sérias e genuínas sobre a possibilidade de genocídio e limpeza étnica, como vimos este ano quando a Turquia invadiu Afrin. Muitos curdos e organizações internacionais de apoio à Rojava tem denunciado essa como mais uma ação articulada entre o Estado imperialista norte-americano com o Estado colonialista turco para sufocar a revolução social em Rojava.
Frente a mais essa ameaça as organizações populares e revolucionárias do Norte da Síria estão decididas a resistir e vencer. Em artigo divulgado pelo portal “Kudistán América Latina” a militante curda Hawzhin Azeez afirma a disposição da resistência heroica:
“(…) Ainda que tenhamos temores legítimos de que a Turquia invada e participe em uma limpeza étnica como fez em Afrin, nunca devemos nos esquecer de algo extremamente importante: estamos participando de uma revolução e ninguém iria nos entregar essa dura luta pela liberdade. Esta sempre será uma luta existencial entre os curdos e o fascismo, entre a opressão e a liberdade, a colonização e a emancipação, a invasão e a libertação.
(…) Isso nunca seria uma luta fácil. Isso nunca seria entregue a nós. Os Estados Unidos nunca estiveram comprometidos com a nossa ideologia. Vive e encarna a antítese completa do que Rojava e seus mártires representam.”
“O segundo maior exército dentro da OTAN e a décima maior potência militar do mundo (Turquia), sob a ditadura de Erdogan, sempre se voltaria contra nós. Mas isso não significa que a luta acabou. Sim, Rojava precisa de solidariedade urgente. Ela precisa da voz internacional de feministas proeminentes, defensores dos direitos humanos, ecologistas e muitos outros para mostrar solidariedade a ela. A evacuação dos EUA é uma luz verde para a Turquia invadir e tomar parte na limpeza étnica dos curdos e de todos aqueles que partilham com eles a terra no norte da Síria. Todos aqueles que acreditam na humanidade devem falar sobre um inevitável desastre de direitos humanos que está no horizonte. Mas a luta é muito maior. Significa simplesmente que devemos estar mais comprometidos, ativos, firmes e inabaláveis em nossa resistência coletiva contra o fascismo. Mas, acima de tudo, significa que devemos acreditar em nós mesmos e em nosso povo.”
“(…) Só quando o último guerrilheiro for morto, somente quando não haja mais YPG / YPJ na frente de batalha, só quando as montanhas não existam mais, somente quando a resistência solitária de Öcalan não iluminar mais nosso caminho, esse será o dia que devemos dizer “os curdos não existem mais”.
“Até lá, nossa resistência deve continuar até que o último curdo que ama a liberdade dê seu último suspiro.
A liberdade e a luta pela liberdade nunca podem morrer.
Se queremos liberdade, temos que arrancar-la! Não podemos apelar para a consciência dos imperialistas, dos colonialistas, dos opressores e dos criadores de um despossuído Estado marginalizado. Nossos mártires não morreram por essa ideologia, morreram lutando contra ela”.
(FONTE: Hawzhin Azeez / A Região / Curdistão América Latina)
Também sobre a situação recente a YPJ (Unidades de Defesa das Mulheres) / Internacional emitiu um comunicado, publicado em espanhol no site Alasbarricadas. Um trecho do comunicado das mulheres guerrilheiras diz o seguinte:
“O fascismo, o feudalismo, o patriarcado e todas as outras formas de opressão nos unem como mulheres de diferentes lugares, culturas e tradições. Viemos aqui para envolvernos com o que significa construir um processo revolucionário, participar na construção e desenvolvimento de tudo o que é necessário e defendê-lo por todos os meios necessários.”
“Não é apenas uma defesa física, mas também uma defesa ideológica. Esta é uma revolução feminina! O front contra a opressão está em todas as partes.
As relações econômicas e políticas que qualquer organização ou estado mantém com a Turquia também são responsáveis por esta situação de uma guerra vindoura. Um único exemplo é o estado alemão que vende tanques para a Turquia e mantém uma “boa diplomacia” com os fascistas. Tudo isso ajuda a Turquia a continuar sua tradição de colonizar e massacrar os povos.”
“Como internacionalistas, também estamos empunhando armas contra o Estado turco devido à colaboração de outros Estados nesta guerra. Por essa razão, nos opomos ainda mais forte ao fascismo para defender a revolução em Rojava. Compartilhamos uma luta com os curdos, árabes, assírios, turcomanos e uma grande diversidade de pessoas contra o patriarcado, o sistema estatal e o capitalismo. As sementes de uma vida livre já estão se espalhando por todo o mundo.”
“Desenvolveremos resistência em todos os lugares. Precisamos que todas as pessoas, camaradas, nos sintamos responsáveis, não apenas para esperar pela guerra, mas para pará-la agora. É hora de lutar contra o fascismo! Nossos lugares são muitos, assim como nossos métodos nesta batalha. Silêncio significa cumplicidade, vamos apontar nossos inimigos como um objetivo, tornar a situação visível, nos organizar, começar a compartilhar e difundir as belas ideias que são a base dessa revolução.”
“Como combatentes internacionalistas, acreditamos que nos tornamos mulheres livres quando enfrentamos os ataques inimigos ombro a ombro. Lembrando todos os companheiros que lutaram pela liberdade até o fim, entre estes milhares de mulheres. Nossa resposta a essas ameaças é uma resistência ilimitada! Sua coragem e amor pela vida é um exemplo para nós enquanto seguimos seus passos.”
“Venceremos!
Viva a luta popular pela liberdade!
Viva a resistência de Rojava e do norte da Síria!”
(FONTE: Llamamiento YPJ International / Alasbarricadas)
Esse é um momento decisivo para a revolução social curda. São nesses momentos dramáticos que a nossa responsabilidade é cobrada para defender e aprofundar o caráter revolucionário e anticapitalista da resistência armada e de massas em Rojava! Em momentos tão decisivos é necessário que nos posicionemos ao lado do povo curdo e demonstremos a nossa solidariedade além das fronteiras! Temos que deixar bem claro a nossa posição anti-imperialista, anti-colonialista e solidária à luta dos povos oprimidos. Ocupemos as ruas e as praças brasileiras, ocupemos as embaixadas e denunciemos todas as organizações estatais, sociais e empresariais que direta e indiretamente estão a apoiar e a silenciar mais este massacre.
ROJAVA NÃO ESTÁ SOZINHA!
EXIGIMOS A RETIRADA IMEDIATA DA TURQUIA DE TODOS OS TERRITÓRIOS DO NORTE DA SÍRIA!
HONRA E GLÓRIA AOS MÁRTIRES REVOLUCIONÁRIOS DE ROJAVA!
TODO PODER AO POVO!
A LIBERDADE VENCERÁ!
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– FONTES:
“Llamamiento YPJ International “¡Es el momento de luchar contra el fascismo!” y de la Comuna Internacionalista de Rojava”:
http://alasbarricadas.org/noticias/node/41156…
“Se acelera la decisión de Turquía de invadir Rojava”:
http://kurdistanamericalatina.org/se-acelera-la-decision-…/…
“Entrevista al miembro del Comité Ejecutivo del PKK, Murat Karayılan”:
http://kurdistanamericalatina.org/entrevista-al-miembro-de…/
“Es hora de reafirmar el compromiso con Rojava en lugar de revolcarse en la desesperación”:
http://kurdistanamericalatina.org/es-hora-de-reafirmar-el-…/
“Solidariedade brasileira à Resistência em Afrin! Os curdos não estão sós!”:
https://lutafob.wordpress.com/…/fob-df-solidariedade-brasi…/
“CHAMADO INTERNACIONAL PARA SOLIDARIEDADE A AFRIN E A REVOLUÇÃO CURDA”:
https://lutafob.wordpress.com/…/chamado-internacional-para…/
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