Por Comitê de Propaganda da RECC-MS/Dourados
No último dia 5 de abril, o movimento estudantil da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), organizado de forma independente e combativa, barrou a exibição de documentário pró-Ditadura Militar que estava marcado para domingo, dia 07/04. O documentário foi organizado por membros da UFGD-Conservadora, página no facebook que agrega militantes do fascismo de Dourados, ligados ao latifúndio, aos militares e ao grande empresariado local. A exibição do filme contaria com a participação de tenente-coronel reformado do Exército, ligado à Escola Superior de Guerra, reconhecida por ter fundamentado ideologicamente a ditadura militar brasileira.
A vitória da mobilização teve início a partir da organização de assembleia geral, com convite realizado sala por sala e na conversa com as/os estudantes da universidade, para debater três pautas fundamentais para a defesa da educação pública e a serviço do povo: 1. O corte orçamentário de 5,8 bilhões de reais anunciado pelo governo federal; o povo sabe que este não é o primeiro ataque, visto que em 2015 o governo do PT-MDB cortou 9,4 Bilhões da Educação, mais R$ 4,27 bilhões no ano seguinte. 2. A defesa da universidade e a luta contra o fascismo, no intuito de barrar o documentário em questão; 3. Acessibilidade, tendo em vista a negligência da UFGD no tratamento de um estudante cego, que teve e ainda tem seus direitos negados em função da estrutura precária e inapropriada da universidade e à lentidão da burocracia.
A assembleia, com participação massiva dos estudantes, realizada de forma independente do DCE capitulado pelo PSOL/RUA, garantiu aprovação por consenso de manifestação a ser realizada no dia seguinte (05/04), exigindo da reitoria o cancelamento imediato do documentário. Caso não houvesse resposta até as 17h, os estudantes permaneceriam no local, com o intuito de impedir a exibição do filme. Na reitoria, a sequência das pautas elencadas na assembleia geral seriam novamente debatidas.
Durante a manifestação, o embrião da nova rebelião estudantil ecoou nos corredores. As paredes ficaram repletas de cartazes e faixas relembrando a revolta popular, as/os companheiros e companheiras torturados e assassinados pela ditadura militar, como Edson Luís, Helenira Rezende e Carlos Marighella. Também relembramos a memória de luta de Pedro Henrique, militante que denunciava a violência policial, assassinado brutal e covardemente pela Polícia Militar na Bahia, na cidade de Tucano, no dia 27 de dezembro de 2018. Clodiodi de Souza, indígena Guarani e Kaiowá assassinado no massacre de Caarapó em 2016, também engrossou as fileiras da memória. Ninguém será jamais esquecido.
Após um dia inteiro de elaboração coletiva de documentos, assembleias, debates e articulações, o movimento protocolou documento na reitoria exigindo o cancelamento da exibição do documentário, com o prazo estabelecido pelo movimento para a resposta. O vice-reitor (e atual reitor em exercício) presente, diante do temor da iminência de novas ocupações, e da emergência de uma ação antifascista organizada e consciente, não teve alternativa senão acatar a decisão das/dos estudantes. Assim, o documentário foi cancelado. Mais uma vez, o movimento estudantil independente, classista e combativo demonstrou que somente a luta transforma, através da autonomia e da ação direta. Como sempre, continuamos combatendo o fascismo, o capital, o patriarcado, o Estado e o oportunismo, e não iremos baixar a cabeça para qualquer agressão. A RECC/FOB Dourados continuará apoiando a articulação de um movimento estudantil classista e combativo para a UFGD, independente das instâncias oficiais, do peleguismo e da burocracia.
Enfim, ao debater o corte orçamentário anunciado pelo governo federal, iniciamos a propaganda da construção da greve geral, que deverá ser organizada para o enfrentamento do próximo ciclo de lutas que se anuncia. Manifestamos nosso total apoio à greve geral deflagrada pelos estudantes da Universidade Federal da Bahia, através de assembleia massiva, contra a política de desmonte da educação imposta por Rui Costa (PT), mesmo governador que comanda a PM assassina de Pedro Henrique. E ressaltamos que nos solidarizamos com as/os estudantes de todas as universidades e escolas que têm combatido com ações diretas e intervenções o documentário pró ditadura empresarial-militar. ESMAGAR O FASCISMO! NÃO PASSARÃO!
AVANTE ESTUDANTES, CAMPONESES(AS), INDÍGENAS E TRABALHADORES(AS)! PELA UNIÃO DAS LUTAS DO CAMPO E DA CIDADE!
O FASCISMO NÃO SE DISCUTE, SE DESTRÓI! MORTE AOS TORTURADORES DA DITADURA MILITAR!
AVANTE A LUTA ANTIFASCISTA!