Durante cerca de 100 anos, o Palmares não só desafiou o poder dos impérios coloniais, mas também, e principalmente, concretizou uma nova sociedade.
O primeiro líder de Palmares foi Gamba Zumba, que foi sucedido por Zumbi. Ao assumir o posto de líder militar, Zumbi liderou os palmerindos contra as incursões das forças coloniais. Infelizmente os colonizadores conseguiram derrotar a rebelião de Palmares, mas nunca conseguiram derrotar a resistência do povo preto.
Foram as lutas negras que abalaram o sistema escravista: revoltas, greves, fugas, quilombos, sabotagens, guerrilhas, alforrias, agitações públicas e pressões diversas.
A abolição da escravidão foi uma vitória, mas não o fim da luta. Depois da abolição, não houveram reparações ao abismo social causado pelos séculos de exploração negra.
O racismo e a exploração dos corpos negros continuaram.
Assim, a luta deve continuar. Hoje podemos falar em “nova escravidão”. Com um racismo diferente, mas visível. Basta olhar a cor de pele da maioria nas periferias, nos enquadros policiais, nos casos de trabalho análogo à escravidão, nas vítimas de violência fatal, no desemprego e presídios.
De acordo com o DIEESE, 55% do brasil é negro, mas estes têm as menores rendas: em média, não-negros recebem R$ 3.072, enquanto negros recebem R$ 1.761. Postos de trabalho mais vulneráveis e com menos direitos, como os terceirizados, são geralmente ocupados pela população negra.
Após 133 anos da abolição, precisamos enfrentar também essa “nova escravidão”. Hoje, como ontem, o caminho é parecido: nossa vitória só virá pela ação direta, união, luta e organização!