“Todas as oposições afiliadas ao Fórum de Oposições Pela Base (FOB), em qualquer estado desse país defendem com coerência a mesma política. Sempre estamos dispostos a discutir qualquer polêmica com as demais correntes do movimento sem sectarismo. Olho no olho, assumindo publica e honestamente nossas posições. E principalmente respeitando as divergências e debatendo com aqueles/as que tenham essa mesma conduta.” ORC/FOB (setembro/2016)
Políticas de corredor: o cancro do M.E
Nós da A.D.E, tomamos como necessária uma resposta às pichações encontradas por volta de outubro/2016 nos arredores do campus da FFC, as quais correlacionavam a sigla da organização política a qual somos filiados à uma suástica (símbolo primeiro do Nazismo) e buscamos aqui estabelecer a relação entre tal fato e as políticas informais –mas que são formadoras de condutas e opiniões- adotadas pelo M.E. da Unesp-Marília.
Políticas essas que definimos em sua totalidade como “políticas de corredor” e que se baseiam em conversas paralelas, em espaços informais e com pouco acúmulo, interferindo, assim, nos espaços políticos formais. Consideramos tal prática, destrutiva ao M.E. por contribuir para a despolitização do movimento, já que partimos da compreensão que todas as ações colocadas como pertencentes ao âmbito pessoal são, na verdade, também ações políticas. Sendo imprescindível o debate na esfera formal.
Tais mecanismos são atravancadores do acúmulo das discussões, pois estabelecem uma cultura política estruturada na decisão arbitrária e individual de como se pontuar uma crítica, ora a uma individualidade, ora a uma organização política, de forma velada e indireta, pois se constroem a partir da mera conversa em espaços informais onde se pode selecionar com quem e de que forma se discutir questões provenientes dos espaços políticos.
Entretanto, tais críticas surgidas na informalidade liberal retornam aos espaços políticos formais a fim de construir um “limbo” em torno de uma individualidade ou de uma organização política por meio do convencimento no espaço “pessoal” com concepções políticas unilaterais e sem real conhecimento dos fatos em si. Em síntese, “políticas de corredor” são os conchavos políticos feitos em espaço informal.
Uma exemplificação dessa prática liberal é a difusão do escracho como método de “denúncia”. Entendemos a necessidade de um debate qualificado e pedagógico sobre possíveis opressões, objetivando a solução de casos com esse teor no seio da classe trabalhadora, pois vemos como tarefa revolucionária o combate ao machismo, ao racismo e a homolesbotransfobia. Porém, a difusão de escrachos não cumpre o papel de combate às opressões.
Partindo dessa análise, devemos ressaltar que práticas caracterizadas como nazismo/fascismo se configuram como o combate à luta revolucionária que tocamos. Como por exemplo, o assassinato de Guilherme Irish por seu pai em razão de sua participação ativa na luta classista e combativa.
Devemos, porém, reiterar que nossa posição não parte de uma cobrança moral relacionada a discussões fora dos espaços políticos formais ou de um apontamento exclusivo sobre as pichações, que por si só já representam essas políticas, por ser uma acusação grave (nazismo/fascismo), saída do próprio M.E, direcionada à uma organização que se coloca a partir do princípio de auto-organização da classe trabalhadora e de um movimento estudantil combativo e independente. Mas sim que o intuito, diferente desses aspectos citados, é da construção de um debate frontal a fim de combater o que interfere negativamente ao M.E.
Concluímos que há a necessidade de combate a essas políticas que não contribuem em nada para a construção da luta estudantil com único intuito oportunista de comprometer a luta e quem se coloca nela por meio da difusão de calúnias no moldes liberais.
O Liberalismo travestido de luta pela educação e a escola sem partido
Não são segredo, os fortes ataques aos direitos trabalhistas e a classe trabalhadora que vêm sendo operados em nosso país e ao redor do globo através da ofensiva ideológica burguesa sendo propiciada pelos operadores do capital. Entretanto, além da forte resistência externa – explicitada hoje na disputa dos espaços políticos burgueses, outra antiga trincheira ideológica tem voltado a ganhar força dentro da própria luta de classes. Tal disputa, porém, se mostra muito mais nociva à causa revolucionária dos trabalhadores pelo fato de não estar explicitada em uma disputa externa, mas sim de infestar nossas fileiras e espalhar, dissimuladamente, a desarticulação e a despolitização dentro do próprio movimento estudantil e trabalhador.
Sob a dissimulada máscara da ‘new-left’ e o impulso ideológico garantido pelo alardeamento de doutrinas pós-modernas, a corrente ideológica pequeno-burguesa do Liberalismo segue perpetuando a desarticulação revolucionária e a segmentação política dentro da militância estudantil. Sob um pretexto de falsa harmonia, uma harmonia alheia aos princípios da luta dos estudantes e trabalhadores, fortalecem-se hoje, a doutrina e a prática Liberal de maneira alarmante dentro do movimento estudantil universitário.
É Possível encontrar sinais da infiltração do liberalismo em nossas fileiras na figura do personalismo, do trabalho descompromissado, da constante recusa da autocrítica e revisão de métodos, da falta de metodologia e disciplina nos espaços organizacionais. Esses são alguns dos sintomas da nefasta infiltração de tal ideologia burguesa e contrarrevolucionária em nosso meio.
Dentre as muitas práticas liberais atualmente aplicadas no movimento estudantil, nenhuma, entretanto, talvez seja mais nociva do que o esforço por anular, da participação de espaços políticos da universidade, as organizações políticas. Os liberais, ao mesmo passo em que exigem politização e organização das lutas e das pautas caras à luta estudantil, esforçam-se ativamente por anular de determinados espaços de disputa política dentro da universidade a disputa ideológica e organizacional trazida pelas organizações. Tal prática remete profundamente ao polêmico projeto da “escola sem partido”, popularmente conhecido como “lei da mordaça”, que prevê a anulação da discussão ideológica nas escolas públicas brasileiras, criminalizando as individualidades ou organizações que se propõe a realizá-la.
O liberalismo, disfarçado de “politização estudantil”, aproxima-se assustadoramente de tal criminalização dentro da própria universidade. Trabalhando para garantir a anulação da disputa ideológica, política e organizacional dentro de determinados espaços políticos e institucionais da universidade, sob a máscara de desavenças pessoais, não baseadas em críticas aprofundadas e sólidas, os liberais asseguram a segmentação, desarticulação, desorganização e a efetiva despolitização das massas estudantis tão sonhadas pela burguesia. Impera a incoerência, tão característica aos liberais que, enquanto se consagram como “verdadeiros revolucionários” ou “agentes políticos efetivos”, perpetuam em sua prática valores e ações pequeno-burguesas e despolitizadoras. A construção de uma luta classista e combativa na universidade dá lugar a práticas personalistas, focadas no interesse e preferenciais pessoais de algumas individualidades.
O afastamento de organizações e correntes dos espaços políticos, ao contrário do que defendem os liberais disfarçados de revolucionários, não garante o funcionamento “livre de ideologias” de tais espaços, mas, pelo contrário, assegura a despolitização, desarticulação e segmentação da luta estudantil. Rechaçar ativamente a participação de organizações e correntes nos espaços políticos da universidade é garantir a continuidade da ideologia e do projeto burguês da “lei da mordaça” clandestinamente no espaço universitário. Em última instância, garante que a burguesia e seus operadores atinjam, precisamente, seus objetivos de dividir e despolitizar as bases estudantis e de desorganizar, devido a ausência de disciplina e de profundidade teórica e prática revolucionárias, os espaços históricos, conquistados com muita luta pelo movimento estudantil.
A saída dada para o combate ao liberalismo dentro da universidade deve ser a de construção de uma luta e um movimento estudantil classista e combativo. Criar espaços que privilegiam o debate e a politização das bases, garantindo que agiremos com disciplina e método nos espaços políticos. Realizar constantemente a autocrítica e a revisão de nossos métodos e táticas, nos apoiarmos nas táticas históricas de luta de nosso e outros movimentos populares dos trabalhadores. Somente um esforço ativo no sentido de construir a luta classista na universidade pode garantir a expulsão dos oportunistas liberais inseridos em nossas fileiras, com a politização das bases em torno de nossas pautas históricas garantimos que a vanguarda pequeno-burguesa e liberal não seja incapaz de articular seus desmandos sobre a luta estudantil.
No intento de fortalecer a luta classista dentro da universidade, garantindo uma unidade ideológica e prática com as outras lutas da classe trabalhadora, seja na fábrica ou no campo, a primeira tarefa a se realizar é a de expulsar, de dentro de nossas fileiras, o oportunismo pequeno-burguês e seu imobilismo que nos divide e atrasa, permitir a perpetuação do oportunismo liberal em nossas fileiras, nos recusarmos a reavaliar nossas práticas e métodos é, essencialmente, falhar com a luta de classes. Como disse Mao, todos os militantes revolucionários “devem unir-se para lutar contra as tendências liberais de certos indivíduos entre nós, e conseguir chamá-los ao bom caminho. Essa é uma das nossas tarefas na frente ideológica”. Combater o liberalismo sem medo, sem piedade e com contundência torna-se, cada vez mais, uma das únicas saídas para superarmos a dupla-crise organizacional e de lideranças que assola a articulação revolucionária estudantil atualmente.
A decadência de uma falsa vanguarda e a necessidade de ascensão de um movimento estudantil independente
A partir das ideias apresentadas quanto às condições do Movimento Estudantil da Unesp-Marília, devemos apontar, portanto, a posição de construção que a A.D.E./R.E.C.C. defende. Para tal é necessário que nos debrucemos sobre a caracterização das forças politicas atuantes no M.E. que apresentam diversas concepções de saída para o nosso refluxo de mobilização, às quais concebemos que há um espectro errôneo de vanguarda do movimento.
Essa vanguarda, composta pelos mortos-vivos se levanta oportunamente nos momentos de fervor para atuar no M.E., apresentando-se aos estudantes como a linha política que nos levará à vitória. Porém, por não possuir uma linha concreta para tal, atua de forma liberal, nos fazendo andar em círculos em uma linha ilusória. Assim, depois de desgastar a estudantada em momentos cruciais, atravanca as ações concretas que nos trariam algum êxito e retorna para sua sepultura ególatra confortavelmente, sem assumir, portanto, as consequências de suas atuações oportunistas e liberais.
Como aparece em momentos pontuais, tal vanguarda, desconhece as demandas reais da FFC e ainda atua distante da realidade. Deste modo, a cada reaparecimento repentino contempla cada vez menos os estudantes e sua imagem se desgasta, entrando em decadência.
A propaganda dos governistas e paragovernistas apresenta as conquistas da luta estudantil de forma mágica, mas nunca como palpável e por meios concretos. Ao invés disso, possuem políticas conciliadoras de classe que além de serem ineficientes, atrasam e desgastam a nossa luta. Assim, essas vitórias alcançadas por meios mágicos, não mais trazem a juventude para a mobilização e ainda a culpabiliza por não compor esse movimento tão descolado de nossa realidade.
Sem dúvidas, a Ação Direta Estudantil compreende que o desgaste com essa falsa vanguarda atrelado aos espaços sem metodologia, a uma discussão maçante e repetitiva e ao tarefismo inócuo culminam no afastamento de estudantes combativos do nosso movimento, contribuindo assim para o momento de refluxo em que ultrapassamos.
As saídas práticas para nosso refluxo ultrapassam uma mobilização pelas bases: organização dos cursos por meio da articulação de suas pautas em uma semana de curso; a estruturação prática da metodologia dos espaços políticos de forma democrática; o combate ao parlamentarismo estudantil -uso do M.E. como palanque-. Assim conseguiremos superar o refluxo o qual enfrentamos e desenvolver um trabalho de base concreto.
Desta forma, é urgente a mobilização de baixo pra cima para que novamente possamos vislumbrar um horizonte de vitórias para nossa luta revolucionária com tripla tarefa: combater o governismo e paragovernismo; aniquilar o liberalismo em nossas fileiras; organizar estudantes classistas e combativos. Com o único objetivo de confrontar os impecilhos pontuais: liberais; governistas e os ataques à educação.