Carta de filiação da Casa da Resistência à Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil – FOB
A Casa da Resistência é um centro de cultura e luta que existe desde 2009 na cidade de Feira de Santana (Bahia), uma ocupação urbana que funciona em um espaço recuperado no centro da cidade, como um centro de cultura autogestionário, comunitário e autônomo, voltado para a educação popular, cultura rebelde, formação militante e organização de lutas, que reivindica a concepção histórica do sindicalismo revolucionário, a tradição radical e comunitária do povo negro, nos organizando como família revolucionária e tomando parte na construção de um projeto político popular, revolucionário e anticolonial, contra o Estado, a barbárie capitalista, a supremacia branca e a dominação patriarcal.
Ao longo desses quase 10 anos a Casa da Resistência tem desenvolvido projetos e atividades diversas, além de organizar e apoiar as lutas populares, da juventude periférica, dos/as trabalhadores/as e da maioria negra. Projetos e iniciativas como os cursos de formação militante, biblioteca popular, cinema comunitário, trabalho cooperativo, intervenções culturais, além de espaços permanentes de debate e organização a partir de uma dinâmica territorial-comunitária. Temos participado também de lutas gerais como pelo direito à cidade, contra a gentrificação e o genocídio do povo negro, o racismo e a brutalidade policial, desenvolvido o trabalho da Escola Comunitária Joquielson Batista que é um espaço de educação e auto-organização para a luta por moradia e direitos da ocupação sem-teto Quilombo Lucas da Feira, onde periodicamente acontecem os mutirões e um programa comunitário e solidário de doações, e recentemente fundamos o Centro Popular George Américo como uma iniciativa para promover direitos humanos e sociais.
Desde o II ENOPES (Encontro Nacional de Oposições Populares, Sindicais e Estudantis) nos somamos ao processo de construção da Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB), que agora formalizamos nossa adesão, afirmando que nossa causa é a causa do povo e nossa tarefa é organizar as lutas de nossa gente a partir dos locais moradia, trabalho e estudo, através de uma federação revolucionária e um programa militante e combativo que articule nossas urgências e sonhos, a partir de agrupações de base dos/as trabalhadores/as da cidade e do campo, do estudantes do povo e da juventude periférica, da maioria negra, das mulheres do povo e LGBTs, rompendo as amarras das ilusões institucionais vendidas pela esquerda da ordem, e avançando na organização de base autônoma e independente, por fora e contra o Estado, para construir organismos vivos de poder do povo. Reafirmamos, nessa nossa nova etapa de organização onde iniciamos a construção das instâncias da FOB na Bahia, nossos compromissos para contribuir programaticamente com as tarefas imediatas e que dialogam com processos de médio e longo prazo, de:
– Construir e ampliar os organismos de base do povo pobre e da classe trabalhadora baseados em um programa mínimo reivindicativo (trabalho, moradia, terra, pão, contra a brutalidade policial, educação, saneamento, transporte, etc.) e na ação direta popular, radicalizando as lutas e apontando uma saída revolucionária para a crise, como parte de um projeto popular e revolucionário capaz de construir uma alternativa de poder, para repartir a riqueza e por fim a esse regime de exploração e opressão.
– Organizar brigadas de autodefesa popular e militante, convocando todos e todas lutadores e lutadoras do povo dispostos do campo combativo e revolucionário; construir grupos de choque para atos de rua, preparação militante para conflitos, garantia de segurança para militantes, preparação física e defesa pessoal.
– Convocar uma greve geral construída pela base, por fora e contra as burocracias sindicais, adotando táticas insurrecionais, a ação direta, a sabotagem, a paralisação da produção, dos serviços e da circulação de mercadorias para barrar os ataques neoliberais, as reformas anti-povo, o genocídio do povo negro nas favelas e periferias, e enfrentar o governo de turno eleito para gerir a barbárie neoliberal no teatro da democracia burguesa.
– Construir o Congresso do Povo, baseado em assembleias populares e delegados eleitos pelos organismos de base do povo, como um instrumento de contrapoder e em oposição ao congresso nacional reacionário e demais poderes constituídos, e instância de construção da Revolução Brasileira, do Socialismo e do Autogoverno Popular.
Casa da Resistência, Bahia, construindo a Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil (FOB), dezembro de 2018.