Essa cartilha não é uma receita mágica ou acabada para a construção de uma organização sindicalista revolucionária. Aqui os camaradas encontrarão algumas informações sobre a história da FOB (Federação das Organizações Sindicalistas Revolucionárias do Brasil), métodos de trabalho de base, resolução e prevenção de problemas, formas de organizar um sindicato, formas de organizar a resistência e a luta, dentre outras. Esperamos que ela seja um instrumento a mais na longa caminhada de reorganização da nossa classe.
Essa cartilha é voltada principalmente para onde o sindicalismo revolucionário está iniciando. Aqui partimos do princípio de que “onde há opressão, também há resistência”. A luta e a organização popular podem ser desenvolvidas em todos os setores e realidades. O militante revolucionário sempre se opõe a uma opressão real, não atua por conveniências ou facilidades. A história da classe trabalhadora demonstra que a luta coletiva nos contextos mais difíceis (em regimes de escravidão, ditaduras, com jornadas de trabalho excessivas, etc.) foram essenciais para o povo conquistar direitos.
O militante, consciente de sua missão histórica e estratégica, nunca deve admitir que a luta é impossível. Não deve pretender lutar sozinho, mas sozinho ou com poucas pessoas é possível iniciar e, com paciência e persistência, desenvolver grandes movimentos.
Esta cartilha é voltada aos operários, desempregados, donas de casa, catadores, terceirizados, camponeses, estudantes, indígenas, professores, favelados, dentre várias outras condições de trabalho e de vida que se encontra o nosso povo. Ainda que seja impossível abarcar aqui toda essa diversidade de situações, e, ainda que o conteúdo dessa cartilha seja limitado pelas experiências que ela se baseia, a verdadeira superação desse problema só acontecerá de fato com a filiação de setores cada vez mais plurais para o sindicalismo revolucionário, e que eles próprios façam suas vozes e demandas serem ouvidas dentro da grande federação e da luta comum.
É necessário romper já com a tradição de sindicalismo socialdemocrata e conservador que paralisa e boicota as lutas populares em troca de votos e privilégios. Mas também é importante compreender que no Brasil apenas 10,6 milhões (11,2%) da classe trabalhadora é sindicalizada (IBGE, 2020). Assim, a lutas dos trabalhadores não pode ser resumida ao sindicalismo oficial e existe uma massa de trabalhadoras e trabalhadores fora destas entidades com os quais devemos nos organizar.
O nosso povo desenvolveu durante uma longa experiência coletiva formas de resistência para defender suas condições de vida, seu bem estar e seus direitos. Por isso, o militante revolucionário nunca parte do zero, ele também incorpora essas várias expressões seculares de resistência popular buscando fortalecê-las com uma nova estratégia e programa, o sindicalismo revolucionário.
A indignação individual é fundamental, mas ela só terá força de contestação real se estiver organizada em coletivo; e sua força será tão maior quanto se transformar em organização e ação de massas. Com o passar do tempo o isolamento só leva a frustração, a acomodação e ao medo, e o sistema é quem ganha. O problema também está naqueles que sabem disso e nada fazem.
Infelizmente, muitas iniciativas de grupos autônomos e combativos no Brasil são meramente locais, não se lançam a tarefa de nacionalização ou massificação local, interpretam a ação direta como mera “violência pontual”, morrem por desagregação interna sem deixar grandes legados ou aparecem apenas nos momentos de ascensão das lutas, sempre reativos à conjuntura, mas sem determiná-la por sua ação criadora.
Essa cartilha serve para inspirar a todos que decidiram romper a apatia e as formas limitadas de resistência e partir para a ação e organização revolucionária das massas trabalhadoras em todo Brasil.
Boa leitura!
Reconstruir o sindicalismo revolucionário!