Declaração de princípios da Conferência “Youth Writing History” – 1º Conferência Mundial da Juventude

Declaração de princípios da Conferência “Youth Writing History” – 1º Conferência Mundial da Juventude

Preâmbulo

Como jovens do mundo, assim como a humanidade em geral, estamos enfrentando atualmente uma crise sistêmica de intensidade sem precedentes. A catástrofe ecológica está piorando a cada dia, as guerras estão aumentando, o nacionalismo e os movimentos fascistas estão se espalhando por todo o planeta. Para saciar sua sede inesgotável de lucros, o sistema capitalista global está destruindo a natureza e, em última análise, despojando a humanidade de sua base natural de vida. Vivenciamos as consequências em todos os lugares em todos os lugares, seja em nossas próprias vidas ou em nosso ambiente: isolamento social, feminicídio, pobreza, miséria, violência e desastres ambientais. Crescemos em tempos de catástrofe e não aceitamos a realidade que nos é apresentada. Os jovens de todo o mundo estão se organizando e lutando por um futuro melhor. Para nós, ser jovem também significa buscar a verdade, um mundo melhor e um amanhã melhor. Estamos convencidos de que conseguiremos. Se não intervirmos nessa situação de crise, quem o fará? Se não começarmos a agir agora diante dessas catástrofes, quando o faremos? É nesse contexto que nos reunimos na rede “Youth Writing History” para dar novo impulso à nossa luta comum.

Queremos debater, trabalhar em rede, treinar e nos organizar juntos. Portanto, nós, mais de 400 jovens, de 49 países e 95 organizações, movimentos e partidos, declaramos que:

1. A solução para a atual crise global só pode ser alcançada fora do sistema capitalista existente e somente por meio da construção de uma ordem mundial nova, justa e verdadeiramente democrática.

2. Para atingir esse objetivo, é necessária a unidade de todas as forças democrático-revolucionárias e antissistêmicas. Como “Youth Writing History”, trabalhamos com base no respeito mútuo por nossas diferentes formas de organização diferentes formas de organização, luta e tradições políticas. Trabalhamos ativamente pela unidade mundial de todas as lutas e resistência que está em contradição fundamental com o sistema dominante e sua ordem mundial.

3 Nossa trabalho em rede e organização comum se baseiam no princípio da “unidade na diversidade”. Nós nos concentramos nos princípios que nos unem, em nossos objetivos comuns e em nossa oposição determinada ao capitalismo. Ao mesmo tempo em que deixamos espaço para as diferenças, as contradições e a diversidade na teoria e na prática.

4. Nosso ponto de referência comum é o internacionalismo e a constatação de que só se pode conseguir um mundo diferente mediante a luta comum de todos os oprimidos do mundo. Defendemos a fraternidade dos povos como valor fundamental da nossa rede.

5. Lutamos contra todas as formas de dominação e exploração capitalista e sua ideologia – o liberalismo – que divide a sociedade sob a bandeira da falsa liberdade e promove o individualismo e a destruição da natureza. Lutamos contra o patriarcado, o sexismo, o racismo e qualquer opressão baseada em gênero, identidade e/ou orientação sexual, religião, descapacidades, idioma ou nacionalidade.

6. Lutamos juntos contra todas as formas de ocupação e colonialismo e reconhecemos o direito de legítima defesa de toda sociedade. Consideramos que um dos deveres internacionalistas mais urgentes da juventude combatente nos países imperialistas é, antes de tudo lutar resolutamente contra as políticas imperialistas de seus respectivos países. Defendemos o direito à autodeterminação de todos os povos e declaramos nossa solidariedade a todos os povos oprimidos, especialmente os palestinos e o movimento de libertação curdo.

7. Consideramos o fascismo como um inimigo comum da humanidade e o ressurgimento de tendências fascistas e revisionistas históricas como uma ameaça à paz e  ao futuro de nossas sociedades. Como uma rede, apoiamos fortemente os povos e os jovens na luta antifascista.

8. Consideramos a juventude como a parte mais dinâmica de qualquer sociedade e o motor de qualquer mudança.  Consideramos que a organização autônoma e independente da juventude, baseada em sua própria força, é uma garantia de seus papel de vanguarda e a chave para a renovação constante de nossas lutas e organizações.

9. Estamos firmemente ao lado de todos os povos e sociedades em luta em todo o mundo e declaramos nossa solidariedade com as lutas revolucionárias em todos os países. Consideramos os territórios liberados e autônomos e autogovernados deste mundo, desde as regiões indígenas de Abya Yala, passando pela federação democrática do Norte e do Leste da Síria, até as montanhas livres do Curdistão e as bases das lutas de libertação na Ásia, assim como as lutas de libertação nacional dos povos da Europa e a luta contínua contra o colonialismo e o neocolonialismo na África como  a vanguarda da humanidade livre. A defesa das conquistas das lutas das últimas décadas é nossa tarefa comum.

10. Enquanto os governantes deste mundo agem juntos e de forma coordenada contra nossas lutas, seus aparatos repressivos trocam informações e perseguem as/os opositoras/es e revolucionárias/os através de todas as fronteiras nacionais, nossos movimentos e lutas muitas vezes permanecem isolados uns dos outros. Contra a coordenação mundial, contamos com a coesão global e a solidariedade internacional. Onde quer que nossos movimentos sejam atacados e perseguidos e perseguidos, nós nos apoiaremos e nos respaldaremos mutuamente. Juntos, nós trabalharemos pela liberdade de todos os prisioneiros revolucionários em todo o mundo. Especialmente no contexto da campanha mundial pela liberdade do líder revolucionário Abdullah Öcalan, que começou no dia 10 de outubro, declararamos nosso apoio às demandas da campanha e dizemos “Liberdade para Abdullah Öcalan – Uma solução política para a questão curda!

Nossa colaboração e cooperação serão baseadas nos princípios mencionados acima. Podemos ter diferentes formas de pensar e diferentes métodos, formas de trabalho e tradições em nossos movimentos. Nossas culturas e idiomas também são diferentes. Alguns de nós vêm de grandes movimentos e outros de pequenos movimentos. Mas não vemos nossas diferenças como um obstáculo, mas como uma riqueza e, com base nisso, queremos debater juntos, aprender uns com os outros e nos unir. Nossas diferenças são a força que não nos enfraquecerá, mas nos fortalecerá em nosso caminho comum. Nosso ponto em comum fundamental é nossa oposição ao capitalismo, ou seja, nossa insistência na humanidade. Em face da crise global, da guerra cada vez maior, da catástrofe ecológica, da escravidão das mulheres e de um sistema que tenta nos roubar o direito a um futuro digno, nossas diferenças e contradições devem ser colocadas em segundo plano. Como jovens de hoje, temos uma responsabilidade para com a história e devemos cumpri-la. Não queremos mais esperar pelo amanhã, queremos construir uma vida livre aqui e agora. Lutaremos por ela.

Este mundo e a humanidade precisam de uma juventude com vontade e força, organizada, crente em si mesma e radical. Os problemas atuais não serão resolvidos dentro do sistema capitalista; procurar soluções dentro da jaula do capitalismo não traz nenhuma vantagem. O capitalismo levou a humanidade à beira do abismo. A salvação só é possível por meio da derrota do capitalismo e da construção de uma vida diferente e de um mundo diferente. As conclusões que tiramos da situação atual mostram muito claramente que precisamos nos unir e nos converter em uma força organizada em menor tempo possível. O que é necessário é a unidade de espírito e a força das e dos jovens em luta em todo o mundo. Se em 1848 o Manifesto Comunista, que ainda influencia milhões de pessoas hoje, gritava “Proletários de todos os países, uni-vos! hoje queremos retomar esse legado e gritar:

“Jovens de todos os países, unam-se e mudem este mundo!”

Paris, 05 de novembro de 2023 1ª Conferência Mundial da Juventude –

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