Boletim da Oposição de Resistência Classista (ORC) / filiada à FOBCE / FOB. – Novembro de 2023
A imprensa noticiou a tendencia de que o início de 2024 seja um dos mais quentes dos últimos tempos, incluindo um “super El Ninõ”, fenômeno meteorológico que aumenta as temperaturas e que tende a causar uma redução nas chuvas, ou seja, seca. A catástrofe ambiental do capitalismo recai sob nossas cabeças. Sem alarmismo nem corporativismo, é preciso respondermos como classe.
O fim do ano de 2023 registrou as maiores temperaturas do ano. Em muitas cidades a temperatura passou de 40° causando sensações térmicas ainda maiores na população, gerando prejuízo na qualidade de vida e na qualidade do ensino nas escolas públicas, carentes de climatização e de ventilação.
TÁ QUENTE!
A constatação do calor nas escolas vem acompanhado com o ato de abanar-se. O livro ou caderno são fechados para que as crianças os usem para circular o vento manualmente. O calor deixa as crianças de nossas escolas enfadadas, letárgicas, prejudicando o andamento das nossas aulas, afetando diretamente a compreensão do conteúdo que estamos trabalhando com as crianças, e mesmo quando conseguimos a atenção das/dos estudantes, a concentração é interrompida pelo calor ou pelo barulho dos ventiladores.
O relato dado acima é um retrato das salas de aula da prefeitura de Fortaleza. Salas quentes com má ventilação e sem previsão para climatização. As gestoras/gestores amarradas/os sem poder climatizar as salas por orientação da SME, mas quem paga a conta da falta de planejamento da SME somos nós que estamos em sala e as crianças, objetivo fim da nossa profissão.
A tendência já apontada pela FUNCEME de um “Super El Ninõ” para 2024 deveria deixar nossa categoria preocupada e buscando organizar-se para conquistar melhores condições de trabalho, mas parece que a letargia não atinge apenas nossos estudantes nas saunas de aula. A temperatura do oceano deve subir 2° com o fenômeno, afetando a pesca. Dados de 2015 apontam que a termelétrica do Pecém consome 6% das águas do estado. Já o uso humano consome apenas 7%. Segundo a COGERH, a termelétrica do Pecém consome 500 litros de água por segundo. A chegada de uma nova termelétrica na região demonstra como o governo Elmano/PT trata a questão ecológica e das condições de vida de nosso povo.
As mudanças climáticas que afetam nossas crianças e degradam nossas condições de trabalho. Assim, defendemos:
- Climatização das salas como medida emergencial;
- Um plano de arborização das escolas e entorno.
- Sabemos que muitas escolas já executam projetos do tipo, mas é preciso de um plano da SME para que seja realizada a arborização em todas as escolas com o fim de mitigar os danos do aquecimento capitalista;
- Paralisações e greves quando a temperatura impedir a realização do nosso trabalho. Preparar a Greve Climática JÁ!
Devemos reforçar a 1° OCUPAÇÃO EM DEFESA DA CASA COMUM no dia 11 de dezembro as 8h na praça da Gentilândia, Benfica. Manifestação em defesa da nossa casa, o planeta terra!
EM ASSEMBLEIA ESVAZIADA, APEOC APROVA COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATICIOS DE SEUS FILIADOS.
Em uma assembleia vazia, com menos de 100 filiados, a APEOC/CTB aprovou a cobrança de honorários advocatórios de filiados. A medida visa abocanhar um percentual dos precatórios do FUNDEF, verba que parte dos filiados já começaram a receber e da qual ainda restam algumas parcelas a serem pagas.
Apesar de esvaziada, a direção da APEOC/CTB trabalhou para esvaziar ainda mais o espaço com uma ampla exposição realizadas pela diretoria, e só após abrir para o debate. Já entrando pela noite, quando muitos já haviam saído para o turno da noite, foi realizada a votação.
Entendemos que a categoria já custeia a APEOC com a contribuição sindical descontada em folha, e que é um absurdo realizar a cobrança de honorários dos filiados devido a contratação de uma banca externa. Defendemos que nas demais assembleias a categoria revise este ponto.
A perda do colega Sérgio Feitosa é consequência da ausência de gestão democrática
No dia 14 de novembro perdemos o colega Sergio Feitosa que estava coordenador na EM Godofredo de Castro Filho, no bairro Vicente Pinzon. O colega veio a óbito após uma série de paradas cardíacas. Na semana anterior, Sérginho, como era chamado carinhosamente por suas/seus colegas de trabalho, foi realizar um exame no coração, quando passou mal. No sábado, mesmo sentindo-se mal, abriu a escola e estava trabalhando. Colegas de trabalho avisaram-no para que cuidasse da saúde, mas as condições de trabalho desumanas a que são submetidas/submetidos as gestoras escolares não permite o cuidado com a saúde, com a própria vida.
A Secretaria Municipal de Educação e os distritos de educação tem sua parcela de responsabilidade pela morte do colega, que estava demasiado desgastado com as constantes demandas urgentes por parte do distrito de educação, e sabemos que pelo fato do cargo de coordenador escolar ser cargo comissionado, não existe a possibilidade de não atender essas demandas “de cima”.
Precisamos de democracia nas escolas. A gestão democrática não acontece apenas pela vontade da gestão escolar ou pela boa ou má relação entre o núcleo gestor e o corpo docente, discente e funcionários (secretaria e apoio), pais e comunidade em geral. Podemos e temos em diversas escolas núcleos gestores que se comunicam e se apresentam abertos à críticas e soluções de problemas. No entanto, estes apesar da seleção de gestores, se encontram amarrados em maior ou menor medida ao clientelismo presente na administração municipal sendo também vítimas de assédio moral presente na SME. Uma das razões para isso ocorrer é a ausência de eleições diretas para gestão de escolas.
A gestão democrática só ocorre no momento em que os gestores são submetidos à avaliação popular através de eleições diretas que envolvam a comunidade escolar, onde se apresentam os projetos de cada candidata/candidato para aquela escola. Isso é bom para a comunidade já que cada candidata apresentará seus projetos de gestão e de escola para o período de seu mandato. Assim, a comunidade escolherá aquele projeto que achar melhor e mais viável. Diferente do que ocorre hoje onde o gestor é encaminhado para a escola de acordo com a seleção interna da SME.
É preciso que defendamos, como bandeira democrática, a eleição direta para gestão escolar, para que a comunidade escolha o melhor projeto para a escola e para a comunidade. Queremos escolher nossos gestores!
Somos um grupo de trabalhadoras/es insatisfeitos com o modelo sindical hegemônico, incluindo o do Sindiute. Lutamos por liberdade sindical e pela autonomia da nossa classe. Leia nossa tese ao VIII Congresso do Sindiute. Venha construir a ORC: Conheça mais aqui.