Boletim Especial Chega de Escravidão – Nº 5

Boletim Especial Chega de Escravidão – Nº 5

CHEGA DE ESCRAVIDÃO Boletim do Sindicato Geral Autônomo do Rio de Janeiro | Edição Especial em tempos de pandemia | número 5 | Maio de 2020

Pelo direito à saúde, ao trabalho e à renda

Editorial

Ao finalizar o quarto número do nosso Boletim Especial, no dia 26 de maio, registramos 391.222 mil casos de Covid-19 no Brasil e 24.512 mil mortes provocadas por essa pandemia. Após uma semana, ao finalizar nosso quinto número, dia 2 de junho, registramos 530.733 casos e 30.079 mortes.

Com mais de 30 mil mortes por Covid-19, o Brasil encontra-se perante um drama humanitário, resultando numa realidade inaceitável e tendo em visto, a velocidade da letalidade do novo coronavírus, o Sars-CoV-2, em um cenário de pandemia, mostra que a situação ainda piorará muito.

Nos últimos 16 dias, as mortes dobraram no Brasil. A primeira morte ocorreu em 17 de março, no dia 15 de maio, cerca de dois meses depois, o número de óbitos chegou a 15.662, mas agora, cerca de duas semanas depois, esse número de vítimas fatais dobrou, atingindo 30.079 pessoas.

Mesmo diante de uma realidade tão dramática, o governo Bolsonaro continua indiferente. Preocupado única e exclusivamente com sua escalada autoritária para esconder seu envolvimento em atos criminosos, como sua relação com as milícias e milicianos do Rio de Janeiro, com os esquemas de laranjas, rachadinhas (parte do salário dos assessores que são repassados para os políticos) e divulgação de notícias falsas, as chamadas fake news.

Com todo esse cenário, a resposta popular não poderia ser outra, as manifestações contra o avanço fascista do governo Bolsonaro, que começaram ainda pequenas em Porto Alegre, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro, foram muito maiores no domingo dia 31 de maio, com uma grande manifestação em São Paulo, organizada pelas torcidas de futebol Antifacistas (Antifas), com a terceira manifestação Antifascista em Porto Alegre, com duas manifestações no Rio de Janeiro, uma Antifascista na parte da manhã e outra na parte da parte contra a violência genocida do Estado contra a povo negro das favelas e periferias, e uma grande manifestação contra o racismo e exigindo o fim do Governo Bolsonaro em Curitiba no dia 1 de junho.

flamengo-democracia-2-1280x720É hora de ocupar as ruas, enfrentar o avanço do fascismo e exigir o fim do governo genocida de Bolsonaro-Mourão-Guedes. Fora Bolsonaro! Poder para o Povo!

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Veja também: Boletim Especial Chega de Escravidão, número 4.

SIGA-RJ | Boletim Especial CHEGA DE ESCRAVIDÃO – Nº 4

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O genocídio do povo negro continua!

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Mais um capítulo na terrível e revoltante história do genocídio do povo negro das favelas e periferias do Rio de Janeiro, o jovem Matheus Henrique da Silva Oliveira, de 23 anos que trabalhava como entregador de aplicativo, foi assassinado com dois tiros disparados por policiais militares.

Matheus foi assassinado na madrugada do dia 30 de maio e no mesmo dia, moradores do Morro do Borel fizeram um protesto interditando os acessos ao Alto da Boa Vista.

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Veja também:

PM de Witzel assassina mais um jovem negro

João Pedro, 14 anos, mais um jovem negro assassinado pelo Estado

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As informações sobre a violência policial mostram que no mês de abril ocorreram 177 homicídios cometidos por policiais, ou seja, 42,7% a mais do que aqueles registrados no mesmo mês do ano passado.

A lista dos mortos pelas forças policiais no Rio de Janeiro só aumenta. Antes de Matheus, a polícia matou João Vitor Gomes da Rocha, 18 anos, Rodrigo Cerqueira, 19 anos, e João Pedro, 14 anos. Todos negros e moradores de favelas.

A localidade que registrou o maior aumento de assassinatos cometidos por policiais foi a cidade de Duque de Caxias, patrulhada pelo 15º BPM, que passou de 2 casos no ano passado para 11 este ano, um aumento de 450%. Já a área policiada pelo 41º BPM, o bairro de Irajá, é a segunda com maior aumento dos assassinatos, passando de 10 para 28 mortes, um aumento de 180%.

Essa é a realidade de um verdadeiro genocídio, bem planejado e estruturado com um alvo bem definido: a população pobre, negra e trabalhadora.

INTERNACIONAL

“Por favor, eu não posso respirar, por favor, cara”  (George Floyd) 

Essas foram as últimas palavras do afroamericano George Floyd antes de ser assassinado asfixiado pela polícia  de Minneapolis, Minnesota,  no norte do Estados Unidos. O assassinato de George foi o estopim para centenas de protestos e revoltas populares contra o racismo do Estado estadunidense. Já são oito dias de manifestações que ignoram o toque de recolher decretado por prefeitos de várias cidades do país.

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Sem justiça, sem paz! Foram os gritos dos manifestantes.  Mais de 4.000 pessoas foram detidas no fim de semana durante a onda de protestos antirracistas nos Estados Unidos. Esses protestos acontecem diante do aumento do desemprego da população negra, da constante violência policial que sofrem e do aumento da população carcerária norte americana, majoritariamente negra e latina. Os EUA tem a maior população carcerária do mundo com 2,3 milhões de pessoas presas e  5,1 milhões sob “supervisão correcional”.

As medidas tomadas pelo governo Trump não impediu a maior crise social do EUA desde 1929. O desemprego chegou a 40 milhões de pessoas, atingindo duramente as trabalhadoras e trabalhadores negras e que além disso, ocupam posto de trabalhos essenciais no trabalho de combate ao vírus da pandemia do COVID-19.

LYHQS4GGHZFOTEAR73TBXFZDSEAssim, milhares continuam na rua nos Estados Unidos contra o sistema penitenciário, as desigualdades sociais e econômicas e o racismo institucional persistente. Na França, Inglaterra, Holanda e Nigéria foram organizados manifestações de apoio ao movimento Vidas Negras Importam dos EUA.

DESEMPREGO SÓ AUMENTA!!!!

A crise social que atinge o povo trabalhador, principalmente homens e mulheres negras, só aumenta. O governo Bolsonaro escolheu que o povo deveria sofrer. Seu ministro da economia, Paulo Guedes, só quer saber de liberar dinheiro para as grandes empresas. Enquanto isso temos uma massa de desempregados que só aumenta.

No início de abril havia 18,7 milhões de trabalhadoras e trabalhadores desempregados e ainda temos 22 milhões vivendo de subempregos e bicos. Isso sem contar os trabalhadores e trabalhadores informais que correm atrás para conseguir renda para sobreviver.

Desde o ano passado já houve uma piora das condições de trabalho, processo que foi fruto da Reforma Trabalhista. Com a Pandemia, a tendência é piora, já que o governo Bolsonaro escolheu por matar o povo em benefício do lucro.

Pelo Brasil

Os trabalhadores de frigoríficos continuam sofrendo durante a pandemia. Dados do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostram uma grande concentração de casos na região Sul, do Brasil, em especial no Rio Grande do Sul, que tem 51 mil trabalhadores no setor. Em 21 indústrias instaladas em 16 municípios diferentes do estado gaúcho há casos de Covid-19, de um total de 24.488 trabalhadores, 2.161 foram diagnosticados com a doença, três morreram. Além disso, foram registradas outras dez mortes de pessoas que tiveram contato com os operários infectados. Em Santa Catarina a situação não é diferente. No estado, somente na BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, 340 trabalhadores foram diagnosticados com a Covid-19. A empresa tem 5.132 funcionários e o número de infectados representa 6,6% do total. Nos dois estados, tanto a Justiça quanto agentes sanitários locais já interditam frigoríficos para proteger a vida dos trabalhadores mais de uma vez.

No Rio Grande do Sul foram interditados os frigoríficos BRF e Minuano, no município de Lajeado. O da JBS, em Passo Fundo(RS), foi interditado duas vezes e reaberto no dia 20 de maio, 25 dias depois da interdição. Os dois frigoríficos de Lajeado foram reabertos no dia 18 de maio, porém com restrições no número de trabalhadores. Na fábrica da Minuano, 67% dos exames realizados deram positivo para Covid-19. Na BRF, 19% dos trabalhadores também testaram positivo.

Meio Ambiente e luta camponesa

Segundo o relatório anual de desmatamento no Brasil, o país teve uma perda de vegetação nativa detectada em todos os biomas do país no ano passado, o Brasil perdeu área equivalente a oito vezes o município de São Paulo, totalizando 1.218.708 hectares. Deste valor, mais de 60% de área desmatada está no bioma Amazônia, que é seguido pelo Cerrado na classificação de biomas que mais sofreram com o avanço do desmatamento.  

Além da perda da floresta, a crise ambiental também mostra outra face. Em meio à derrubada da vegetação, as comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas são colocadas no centro de disputas de território, onde a violência impera. De acordo com o mais recente levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conflitos no Campo Brasil 2019, no primeiro do governo Bolsonaro, o número de conflitos rurais foi o maior dos últimos dez anos, chegando a 1833 casos.

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