Boletim Especial Chega de Escravidão – Nº 6

Boletim Especial Chega de Escravidão – Nº 6

CHEGA DE ESCRAVIDÃO

Pelo direito à saúde, ao trabalho e à renda

Boletim do Sindicato Geral Autônomo do Rio de Janeiro | Edição Especial em tempos de pandemia | número 6 | Maio de 2020

Editorial: ocupar as ruas contra a fascismo e contra a racismo!

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No domingo, dia 7 de junho, o Brasil atingiu a terrível marca de 691.256 casos do novo coronavírus (Sars-Cov-2), com 36.463 mortes em decorrência da Covid-19. Mas essa não foi a única notícia do 7 de junho, pois, mais uma vez, as ruas de todo o país foram ocupadas com atos antirracistas e antifascistas.

As manifestações foram as maiores até o momento e ocorram um contexto de imensas contradições sociais, pois nessa pandemia a maioria do povo trabalhador não tem a opção de fazer isolamento social, mas mesmo assim, somos aqueles que mais sofrem as consequências da crise sanitária e social. Somos os mais vulneráveis à Covid-19, estamos perdendo as fontes de renda e nossos empregos.

O governo genocida de Bolsonaro-Mourão-Guedes quer a todo custo acabar com o isolamento social, e governadores e prefeitos começam com as medidas de flexibilização para voltar ao “normal”. Mas para nós, a “normalidade” da violência terrorista do Estado, do genocídio do povo negro das favelas e periferias, sempre se manteve. A máquina de matar do Estado burguês não nos deu qualquer trégua.

Por isso, ocupamos as ruas, ocupamos as ruas por Marielle, Anderson, Àgatha, João Pedro, George Floyd, Miguel e todos aqueles e aquelas que foram vítimas do terrorismo do Estado.

Tiveram aqueles que se colocaram contra romper o isolamento social para protestar nesse momento. Alegaram que seria uma armadilha do governo fascista de Bolsonaro-Mourão, com o objetivo de ter a desculpa necessária para o fechamento do regime. Mas fascista não precisa de desculpas para ser totalitária e para o povo, só existe ditadura, não conhecemos o que é democracia. Outros ainda disseram que os atos podem provocar o aumento da contaminação pelo Sars-Cov-2. De fato, temos que escolher, ficar em casa e ser assassinados dentro de casa, ou ir para as ruas, protestar e correr o risco da contaminação. Nós escolhemos a segunda opção, pois lutar pela vida e contra a fascismo e contra a racismo é condição necessária para defender nossas vidas contra o genocídio em curso.

Por isso, as organizações de base da FOB estiveram presentes nos diversos atos do dia 7 de junho, e estaremos presentes nos próximos. Estamos orientados por políticas de biossegurança, reivindicando o Fora Bolsonaro e Mourão e por pautas imediatas de renda, saúde, trabalho, teto, ao mesmo tempo em que criticaram os limites da democracia apontando o horizonte de Todo Poder ao Povo como forma de autogoverno.

Ato Antifascista no Rio de Janeiro é reprimido pela PMERJ

Na manhã do dia 7 de junho torcedores antifascistas, reunidos com outras militantes Antifas, comunistas, anarquistas e sindicalistas revolucionários, se reuniram no Centro do Rio de Janeiro, com o objetivo de chegar até o Bairro de Copacabana, local marcado para a realização de manifestação fascista de apoio ao governo genocida e miliciano de Bolsonaro e Mourão.

Os Antifas eram em sua maioria jovens negros, das favelas e periferias da Cidade do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Juventude marginalizada, massacrada pela exploração e opressão burguesas. Jovens revoltados com as péssimas condições de vida a que são submetidos e com a certeza de que ação direta de enfrentamento ao fascismo significa a defesa de seus direitos e de suas vidas.

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As forças de repressão agiram violentamente pelo simples fato da juventude Antifascista está concentrada, conforme o relato do militante filiado ao SIGA-RJ nos conta:

“Estávamos parados esperando a chegada de mais um grupo de torcedores Antifas. Mas conforme mais Antifas chegavam, mas os policiais militares do 5º Batalhão, do Choque (como motos) e com o apoio do Centro Presente [policiamento da PM em convênio com as associações comerciais], reprimiram a gente. O que me chamou a atenção foi abordagem violenta com o uso de armas letais, igual ocorreu no domingo passado [durante o ato Vidas Negras Importam, no dia 31 de maio, a PM abordou manifestante apontando fuzis].

O grupo se separou e a PM foi atrás do grupo maior, cercou os manifestantes e atacou com tiros e bombas. Vários Antifas denunciaram que teve disparos de balas de verdade [uso de munição letal]. Mais ou menos uns 17 foram presos e levados para a 21ª DP.

O grupo em que eu estava foi revistado duas vezes quando já estávamos indo embora. Decidimos ir logo embora para retornar para o ato da tarde [manifestação antirracista “Vidas Negras Importam]. Mas um pessoal ainda ficou e foi mais uma vez abordado pela PM e um foi detido.

A rede de advogados ativistas, que conta com militantes do SIGA-RJ, foi acionada. Os detidos foram soltos só depois do ato contra o genocídio do povo negro, óbvio, né?

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Veja a filmagem feita ao vido por um mídia ativistas:

https://www.facebook.com/Cannabiano3d/videos/1156193228048586/

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Segundo informações colhidas com a militante do SIGA-RJ que atua na rede de advogados ativistas, todos os detidos foram liberados no início da noite de domingo. Os policiais tentaram forjas fragrantes de todas as formas, até imputar algum crime por estar com álcool em gel.

A violência da PMERJ expressão nitidamente o caráter racista e fascista da repressão: impedir de qualquer maneira a organização da juventude negra, favelada e periférica, o maior temor das classes dominantes!

II Marcha Vidas Negras Importam no Rio de Janeiro

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No domingo, dia 7 de junho, uma multidão ocupou a Avenida Presidente Vargas, no Centro da cidade do Rio de Janeiro, para participar da II Marcha Vidas Negras Importam. A segunda manifestação antirracista, a primeira ocorreu uma semana antes no dia 31 de maio, tinha como principal bandeira a luta contra o genocídio do povo negro das favelas e periferias.

Embora a II Marcha Vidas Negras Importam faça parte do contexto de mobilizações globais contra o racismo, que eclodiram nos EUA depois da tortura e assassinato do homem negro George Floyd pela polícia, os atos contra o genocídio promovido pelas forças de repressão do Estado ganharam força nas ruas ainda no ano passado, especialmente exigindo justiça para a menina Ágatha, assassinada com um tiro de fuzil disparado pelo PM Rodrigo José Soares.

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Protagonizada pela juventude negra, favelada e periférica, a manifestação foi um grito contra o terrorismo do Estado, como cartazes antirracistas, palavras de ordem contra a PM, contra o governo Bolsonaro e, principalmente com a lembrança das vítimas da violência com a repetição de seus nomes: “Marielle, presidente!”, “Agatha Félix, presente!”, “João Pedro, presente!”, “Miguel, presente”, “George Floyd, presente!” “Hoje e sempre!”.

A presença do aparato repressivo foi ostensiva, com o BEPE (Batalhão Especial de Policiamento em Estádios), Cavalaria, Batalhão de Choque, Centro Presente, Polícia do Exército, Cavalaria Motorizada do Exército. Objetivo era ostentar poder bélico, intimidar os manifestantes. Quem chegava era revistado.

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O SIGA-RJ apoiou a convocatório da II Marcha Vidas Negras Importam e participou da manifestação, empulhando nossa faixa “Chega de Escravidão”, nos juntamos com todos aqueles e aquelas que têm certeza que é o momento de ocupar as ruas, de enfrentar o avanço do fascismo, de exigir o fim da política de genocídio do povo negro!

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Vidas Negras Importam!

Greve Geral pela Viva! Fora Bolsonaro e Mourão!

PELO BRASIL

Manifestantes tomam as ruas do Brasil para gritar contra o racismo e o governo genocida de Jair Bolsonaro-Mourão-Guedes.

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Veja também:

Atos antifascistas e antirracistas tomam as ruas do Brasil

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No último domingo, 7 de maio, as ruas de dezenas de cidades de Brasil foram palco de atos contra o racismo, na esteira da onda de levantes antirrascistas que varre o mundo inteiro. Além do antirracismo, os manifestantes também gritaram contra Jair Bolsonaro e seu governo genocida.

Apesar da influência do caso George Floyd, os atos no Brasil trouxeram a tona, a denúncia das mortes de jovens negros e favelados em operações policiais como o caso de João Pedro, morto dentro de casa, e do racismo estrutural que permite o assassinato do jovem Miguel, abandonado no elevador pela patroa de sua mãe. Em conjunto com as manifestações de torcidas antifas contra os atos fascistas de apoiadores de Bolsonaro, criou-se uma efervescência que levou as pessoas as ruas no último domingo.

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Largo do Batata – São Paulo, SP

Em São Paulo, uma grande manifestação antirrascista e antifascista tomou o Largo do Batata. Os manifestantes ao tentarem se encaminhar para a Avenida Paulista foram cercados pelo Choque e reprimidos com bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha. Ao todo, foram 32 detidos.

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Mano Brown, Big da Godoy, Thaíde e Dexter em São Paulo

Na cidade de Campos de Goytacazes, interior do Estado do Rio de Janeiro, o ato com a mesma pauta foi dispersado por bombas de gás lacrimogênio.

Em Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais, grupos do movimento negro, torcidas antifascistas dos dois principais clubes da cidade e organizações políticas ocuparam diversos pontos da cidade.

No Ceará, a polícia de Camilo Santana não permitiu nem que o ato acontecesse. Evocando uma lei sobre isolamento social, o Choque utilizou de bombas impedindo a concentração dos manifestantes e realizando a prisão de 7 pessoas que estavam se encaminhando para o ato. Vale lembrar, que Camilo Santana faz parte do Partido dos Trabalhadores.

O isolamento social também foi utilizado em Belém do Pará para a repressão ao movimento social através de prisões arbitrárias. Quem tentasse chegar ao local de concentração paraense, era detido pela polícia e autuado na lei que impede aglomerações.

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Protestos em Brasília, DF

Em Brasília, capital do país, manifestantes antifascistas e do movimento negro ocuparam a esplanada dos ministérios gritando contra as mortes de jovens negros e contra a política genocida de Jair Bolsonaro. Em Goiânia, manifestantes ocuparam a Praça Cívica no centro da cidade.

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Brasília, DF

No Rio Grande do Sul, duas manifestações levaram as ruas da capital Porto Alegre as pautas antirrascistas e antifascistas, se reunindo em locais diferentes, elas convergiram para o Largo Zumbi dos Palmares. Vale lembrar que Porto Alegre tem sido palco de manifestações antifascistas que buscavam impedir as carreatas de fascistas pró bolsonaro. Em Caxias do Sul também teve protesto antifascista.

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Em Santa Catarina, também houve manifestações contra o fascista e genocida Jair Bolsonaro. Os manifestantes percorrem as ruas da capital Florianópolis gritando contra o genocida e contra o rascismo. Também teve protesto na cidade de Joinville.

Em Londrina, no Paraná, também teve manifestações antifascistas e antirracistas.

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