SIGA-RJ I NOTA SOBRE OS ACONTECIMENTOS DO DIA 24 DE JULHO NO RIO DE JANEIRO

SIGA-RJ I NOTA SOBRE OS ACONTECIMENTOS DO DIA 24 DE JULHO NO RIO DE JANEIRO

POR Sindicato Geral Autônomo do Rio de Janeiro

Paz entre nós, guerra aos senhores”, mesmo quando vocês ficam ao lado dos senhores?

A FOB-RJ reitera o apoio à  Fla Antifa, FIST, Casa Nem e demais coletivos de mídia independente que foram agredidos pelo PCB nos atos do dia 24 de julho. A descrição dos fatos pela nota da UJC é simplesmente mentirosa e baseada em achismos com base em interpretações no mínimo equivocadas sobre autonomismo e anarquismo. Para começar, os coletivos citados acima e o Bloco Autônomo tinha como objetivo sair da pista lateral da Av. Pres. Vargas na altura da Biblioteca Parque por que 1) estava cheio de carros estacionados na pista lateral e isso 2) possibilitaria maior possibilidade de ação do batalhão de Rondas Especiais e Controle das Multidões (Recom) que acompanhava o Bloco desde o início da manifestação. O mesmo tipo de manobra de mudança de pista já havia ocorrido em atos anteriores, sem ocorrências com as demais organizações presentes nos atos. Os militantes do MEPR seguraram a caminhada para que nos posicionássemos a sua frente e logo atrás do bloco pecebista. Portanto, o argumento de que estaríamos avançando sobre o bloco do PCB é baseado em mentira.

O que era para ser uma mudança de posição para proteção de todos aquelas e aqueles que seguiam conosco na pista central virou um espetáculo de posição policialesca e antirrevolucionária. O que presenciamos foi a falta de camaradagem, a presença de muita truculência, de LGBTIA+fobia e de uma verdadeira linha auxiliar de repressão estatal vindo do PCB. Isso porque quando mal os militantes começaram a se posicionar a frente do MEPR e a atrás do PCB já foram atacados pelos militantes da UJC que agiram como ganguistas com agressão aos membros da Fla Antifa, FIST e Casa Nem que vinham à frente do Bloco Autônomo. Portanto, a construção da versão sobre a responsabilidade de uma suposta proteção do seu bloco é ilusão para justificar uma estética que pretende ser algo próximo a uma autodefesa.

A FOB-RJ faz questão de ressaltar que a versão de que havia tentativa de “furar e desestabilizar” o bloco do PCB é mentirosa, uma tentativa de se eximir dos erros de seus integrantes, que em momento algum buscaram diálogo, agindo de forma truculenta como “donos da rua”, tentando impedir a movimentação de nossas organizações para aquele espaço. Um pingo de visão periférica e análise crítica sobre as condições físicas e de repressão do local ao invés de mera estética de autodefesa teria constatado a movimentação. O discurso de “não pode passar por aqui perto do nosso bloco” como justificativa para o acontecimento só demonstra que a linha da UJC/PCB e de linha auxiliar da repressão, uma vez que a política é tentar isolar autonomistas, anarquistas e comunistas revolucionários. Além disso, procuram nos criminalizar com afirmações de que somos individualistas, irresponsáveis e que utilizam a massa. Pois é justamente este setor que trouxe de volta toda a perspectiva não só da autodefesa para o movimento popular como da Ação Direta. Evidentemente muito tem que se avançar. E temos dado nossa modesta contribuição ao debate. E é ainda mais falso, chega a ser pueril, usar como argumento que a passagem do bloco poderia gerar mais aglomeração, ora, se o objetivo fosse evitar aglomeração, era só deixar nosso bloco seguir.

Esse episódio nos obriga a fazer alguns questionamentos, principalmente nos perguntarmos por que um partido que se diz defensor do ideário comunista poderia considerar a passagem de um bloco formado por militantes LGBTIA+, sem tetos, autonomistas, torcedores antifas, anarquistas, independentes, sindicalistas e socialistas revolucionários como uma ameaça? Também temos que questionar por que esse mesmo partido não considera uma ameaça para toda a manifestação realizar reunião prévia com as formas de repressão e assinar acordo com as mesmas? As respostas para essas e outros questionamentos estão na política colaboracionista praticada pelo PCB e pelos demais partidos eleitorais com a ordem burguesa, patriarcal, LGBTIA+fóbica e racista.

Portanto, repudiamos as agressões aos autonomistas, sem tetos e militantes LGBTIA+ ocorridas pela militância da UJC/PCB. Repudiamos essa forma de atuação do PCB que conscientemente ou não vem atuando como linha auxiliar da repressão estatal, empurrando Fla Antifa, Fist, Casa Nem e Bloco Autônomo na direção do Batalhão de Choque. Por fim, a utilização da frase “Paz entre nós, guerra aos senhores” sem nenhuma autocrítica é mera fraseologia de unidade para romper a unidade. A prática tem demonstrado que as ações da UJC e PCB tem colaborado com  a repressão. Estamos preparados tanto para o diálogo como para nossa proteção e dos camaradas que cerramos nossos ombros. A FOB-RJ reafirma que as ruas do Rio de Janeiro só têm um dono: o povo. E não é a política antipluralista do PCB que irá expulsa-lo de seu lugar.

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