O 12º Congresso de Trabalhadores da Educação (CTE) do Sinpro foi marcado pelo esvaziamento: político, organizativo e presencial. Isto foi refletido na programação, com foco em palestras de um pensamento único e sem dar voz a pluralidade política dos professores que vivem o chão da escola. O CTE não preparou as táticas de luta para o próximo período, se resumiu em ser um curral eleitoral.
Baixa participação. Foram aproximadamente 250 delegados (representantes eleitos) ao Congresso, fora observadores sem direito a voto. Cada uma das cerca de 600 escolas do DF poderia eleger pelo menos 1 delegado, havendo escolas que elegem mais, além de delegados por CRE, Sede, aposentados, diretoria etc. Considerando este universo, a participação no CTE foi extremamente reduzida, pouco representativa. Por que isso ocorre?
O Sinpro vem perdendo credibilidade. Duas razões explicam isso: de um lado, a crescente ideologia liberal e anti-sindical na sociedade ataca as organizações de trabalhadores, nossas lutas e direitos, afastando o professorado de suas organizações; por outro, a própria diretoria do Sinpro é distante das escolas, mal divulgaram o Congresso, acumulam a condução de derrotas, a exemplo da pífia campanha salarial, e criaram uma cultura de centralização e pensamento único que repele a participação. Não são meros dirigentes; se veem como donos do Sinpro.
CTE sem democracia de base. A programação do Congresso foi focada em palestras. E não qualquer palestra. Palestras de personalidades externas à categoria, em proporção desequilibrada ao aceitável. E todos palestrantes com pensamento alinhado ao da diretoria. Estilo pensamento único, sem pluralidade. Trataram de temas importantes, é verdade, porém foram secundarizadas as falas dos professores da base, com suas experiências de lutas e estudos. Enquanto as palestras duravam 40 min, 1 hora, 1 h 30… os delegados se humilhavam pra disputar 10 falas de 3 minutos cada.
“Pensamento único” no CTE. Nosso Congresso deveria ter uma exaustiva apresentação e discussão das reflexões políticas da categoria. Isso serve para alinhar as ações sindicais. Porém, cada Tese inscrita (sobre conjuntura, educação, plano de lutas etc.) teve de 3 à 6 minutos de fala. Algo pífio. E sem debate. A diretoria do Sinpro reduziu o espaço das Teses, mas habilmente diluiu a sua Tese na programação dos três dias. Ou seja: doses homeopáticas de fala para base, pensamento único da diretoria garantido.
Um comício eleitoreiro. O pensamento único presente reduziu o CTE a um comício lulista. No desespero de combater os ataques de Bolsonaro e Ibaneis, se perdem no único “plano de ação” que é… mudar de governo. Com confiança total num candidato, saímos do CTE sem plano de ação tática e organização dos próprios trabalhadores da educação. Algo que beira o messianismo. É raso. É estreito. Assim como o bolsonarismo não se resume a um cargo presidencial, o lulismo está – mais do que nunca – limitado por suas próprias alianças e pela elite econômica. Este eleitoralismo castra nosso intelecto. Desmobiliza o Sinpro no médio-longo prazo. Deseduca nossas ações diretas. Desacredita o potencial de luta e mudança pela força dos trabalhadores. Compromete nossa independência. Nos subordina a políticos profissionais e ao cretinismo parlamentar.
O que fazer? O CTE expressou a miséria política destes tempos sombrios, marcado por um pobre maniqueísmo e ausência de horizontes. O falso apelo pela democracia sequer funciona para dentro do sindicato. É preciso resistir para que isso não nos cegue nem nos paralise! Precisamos nos posicionar contra as pequenas políticas da diretoria do Sinpro. E agir. O apelo por uma suposta “consciência eleitoral” não se reflete em organização e luta. Até quando ficaremos apoiando messias? Aguardando promessas de candidatos? É preciso criar disposição para agir. Preparar táticas para os conflitos de classes e lutas nas escolas, nos bairros e nas ruas. Chega de peleguismo!
—
▪ Leia a Contribuição (parcial) da OLTE (ex-ORC) ao 12º CTE sobre conjuntura política:
▪ Leia também nossa Tese e Balanço do 11º CTE, ocorrido em 2018.