Nota pública da RECC/FOB – Goiás

 

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O núcleo da RECC-Goiás, torna-se como necessária uma resposta à pichação, ocorrida em Maio/2018, na parede da Faculdade de Educação (FE), onde se intitulou por “abaixo fascismo da recc”, orquestrada pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR). Elencaremos aqui um histórico sobre os acontecimentos do Movimento Estudantil de Pedagogia (MEPe), sua articulação com a base e possíveis manifestações dos estudantes diante da atual conjuntura.

I.O que é o Movimento Estudantil de Pedagogia (mepe) e a Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe)?

O MEPe é construído por estudantes de graduação em Pedagogia e contém apoiadores que lutam por uma educação a serviço do povo, como por exemplo, estudantes de pós-graduação em educação e trabalhadores da educação. Sendo assim, é coordenado pela Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe) que é formada por estudantes de Pedagogia.

Há 39° anos existem os encontros e fóruns estudantis, que são realizados anualmente, com o objetivo de encaminhar debates acerca do curso, fortalecer o nível organizacional local e nacional, além de encaminhar os planos de lutas.

II.Histórico de luta do mepe: desde o rompimento com a falida une à organização combativa e classista dos estudantes.

Como já sinalizamos, o MEPe possui 39 anos de muita organização e luta. Vale ressaltar, a luta contra as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN’s) para o curso de Pedagogia, no ano de 2004-2006. Naquele momento histórico, o projeto do MEC, era desprezar a formação unitária do pedagogo com a indissociabilidade na pesquisa, docência bem como a gestão. E focalizar a pedagogia em um viés tecnicista com atuação somente na educação infantil e nos anos iniciais. Foi nesse contexto de luta e organização que os estudantes se organizaram e romperam com a União Nacional dos Estudantes (UNE) para lutarem contra tal projeto. Já que a UNE só impedia a luta combativa, mais do que isso, defendia a todo vapor o projeto tecnicista e privatista das DCN’s.

Desde então, construiu-se uma atuação das organizações combativas e não eleitoreiras e estudantes combativos que não constroem organizações para reafirmarem o rompimento com a UNE. Tal unidade se fez presente até o momento da centralização e autoritarismo do MEPR, explicitando no ano de 2016.

III. MEPR – Da unidade para combater a UNE à tentativa da aplicação do programa maoísta dentro da Pedagogia.

Antes de discorrermos sobre esse item, precede-nos, registrar o direito a livre organização entre os estudantes bem como a não criminalização de quem se organiza. Nesse sentido, o MEPe comporta organizações vinculadas a partidos eleitoreiros e organizações combativas. Por outro lado, é fundamental elencarmos o interesse do MEPR na Pedagogia, o qual se dá por alguns motivos: o elevado nível organizacional do encontro de área, o intenso debate qualitativo dentro do curso que proporciona a formação classista e combativa dos estudantes, além dos estudantes estarem no “caminho para servirem o movimento camponês e atuar na educação no campo”. Ou seja, o MEPe/ExNEPe seria um canal para fortalecer, apoiar o movimento camponês e aplicar a teoria maoísta. Salientamos que nossa intenção não é de criminalizar nenhuma frente de movimento.

Traçar os últimos acontecimentos na Pedagogia requer analisarmos, sobretudo, os anos de 2016 – 2018. Em 2016, a centralização exercida pelo MEPR, que até então, não se demonstrava descaradamente, iniciou-se a ficar evidente para os estudantes, ainda que de forma tímida. Pudemos constatar tal prática no FONEPe (Fórum de entidades de base de Pedagogia), em Vitória da Conquista, no ano de 2016. Onde a força politica, MEPR, era parte da Comissão Organizadora (CO) do 36° ENEPe (Encontro Nacional dos Estudantes de  Pedagogia).

Naquele FONEPe/2016, no espaço específico para debatermos a programação do 36° ENEPe/RO, a CO representada pelo MEPR, iniciou a não aceitação de propostas vinda da base (Centros Acadêmicos e estudantes que eram delegados). Foram longas horas de debates para a CO acrescentar propostas combativas na programação do 36° ENEPe. No decorrer do 36° ENEPe, as posturas de negar informações, debate amplo com os estudantes e centralização se aprofundaram, além do golpe do estatuto, que consistiu na anulação do espaço para o debate acerca do estatuto da ExNEPe[i]. Após o 36° ENEPe, tivemos inúmeros momentos de autoritarismo, centralização e desrespeito aos estudantes. No FONEPe de Belo Horizonte, em 2017, não foi diferente, onde o MEPR se constituiu como força política.

Cabe destacar, o 37° ENEPe, realizado em Petrolina-PE, em 2017. O evento foi marcado pelos debates e atividades políticas, além da intensificação da política de intimidação feita pelo MEPR[ii]. As práticas cometidas por essa organização foram as mais diversas: a negação de informação sobre o evento, desrespeito com os estudantes, trancamento das portas do auditório para impedir a entrada de quem não concordava com sua prática, naquele momento, diversas delegações ficaram sem adentrar no espaço da plenária, inclusive a delegação de Goiás. Além de gritos, olhares e conversas constrangedoras com estudantes das demais delegações, ameaças físicas e verbais cometidos por homens maoístas que são deslocados de outros Estados para intimidarem as mulheres militantes do MEPe, bem como, agressões físicas cometidas por um membro do MEPR a estudantes de Pedagogia se fizeram presentes em Petrolina.

É importante considerar que todas as ações de constrangimento e intimidação, sobretudo, realizada com as mulheres dentro do MEPe, se reproduzem a nível local e nacional.

Após todo o exposto do 37° ENEPe, o MEPR sofreu a perda das próximas sedes dos encontros de 2018[iii],por isso, concretizou um golpe contra a base. Ergueram-se encontros paralelos em nome da Pedagogia, porém sem a base dos estudantes e o estatuto da ExNEPe, mais do que isso, sem a aprovação em plenária final do 37° ENEPe. A partir de então, ocorreram e ocorrem diversos ataques[iv] pessoais e políticos aos estudantes de Pedagogia, a ExNEPe legítima[v] e as organizações combativas que não os apoiam. Mais recentemente, utilizam-se da perseguição, intimidação e espionagem assim como faz o Estado burguês contra aqueles que ousam lutar contra o autoritarismo[vi] e por uma educação que sirva ao povo.

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IV.Do rechaço da base à tentativa de vitimismo: estão colhendo o que plantaram na Pedagogia/Exnepe.

Inúmeras são as respostas dos estudantes da base expondo as posturas cometidas pelo MEPR em todo o país. Em Goiás não foi diferente.

No Encontro Goiano dos Estudantes de Pedagogia (EGEPe), realizado na FE-UFG, entre os dias 28 de Abril a 01 de Maio, houveram espaços com a presença e tentativa de desmobilização do MEPR, mas os estudantes se mantiveram firmes e fortalecidos. Durante o encontro, houve uma intervenção na FE “Fora MEPR”.

Nesse momento é importante verificar o que levou os estudantes da base, que em sua maioria não constroem nenhuma organização, a rechaçarem o MEPR. Porque isso está acontecendo pelo Brasil? Tal acontecimento não é exclusivo de Goiás. Vale ressaltar os rechaços sofridos por esse grupo no Pará, Alagoas e até mesmo no Rio de Janeiro na luta do ocupa bandejão[vii].

Portanto, essas expressões são as respostas que a base está entoando contra centralização, autoritarismo e agressões psicológicas, verbais e físicas que o grupo maoísta vem cometendo dentro da Pedagogia, além do aparelhamento, isto é, a possibilidade da Pedagogia ter que encaminhar nota de apoio a vida do presidente Gonzalo, ou realizar debates exclusivamente sobre o marxismo-leninismo-maoísmo como ocorreu no FONEPe de BH, ou um seminário marxista que aconteceu em Pernambuco, desprezando a pluralidade que há em um movimento de área ou ate mesmo prezar somente pela discussão da educação no/do campo, demonstrando o obrerismo camponês, ignorando assim, as demais especificidades do curso, como a educação infantil, educação especial, educação EJA e currículo e gestão, etc. Dessa forma, estão arcando com o que plantaram. Estão sentindo na pele as reações legitimas de quem não aceitará o aparelhamento ideológico tampouco metodológico bem como o oportunismo.

A RECC não mediará as criticas que a base possui sobre posturas antiéticas e desvios liberais cometidos pelo MEPR, tampouco, criminalizaremos os estudantes classistas e combativos que estão a construírem a luta em cada local de estudo. Nesse sentido, não estão em nossas contas à revolta que a base sente em relação às medíocres e covardes posturas desse grupo, pois os estudantes de Pedagogia tem total conhecimento das práticas exercidas pelo MEPR. Pelo contrário, o que fazemos é o fortalecimento da base pela auto-organização, classismo e combatividade. Tal fortalecimento contra a UNE se dava também em conjunto com o MEPR, até dois anos atrás, ainda com todas as divergências teóricas, metodológicas e práticas.

Sempre prezamos pelos espaços políticos para ater as críticas, reavaliação e conduta e moral militante com qualquer militante e/ou organização. Como já realizamos e procuramos vocês por diversas vezes, não é? Nesse sentido, não fomos nós que pichamos “FORA MEPR”. Entretanto, não fiquemos surpresos pela resposta da pichação feita pelo MEPR, pois o mesmo já demonstra posturas liberais e contrarrevolucionária por onde passa.

Seguiremos firmes travando a luta. De qual maneira? Pela auto-organização e pela ação direta coletiva. Ela tem de acontecer nas ruas e no cotidiano, nos locais de trabalho e estudo. Onde os estudantes devem combater as posições autoritárias, centralizadoras e oportunistas sem usar de armas autoritárias, ou seja, sem se utilizar do autoritarismo para combatê-lo. Mas de qual forma isso é possível? Realizando assembleias de base, formações políticas e passagens em salas, nos locais de estudo. Não é pela supressão do direito de portar bandeiras ou de se negar o direito a livre organização que se combate o autoritarismo, o oportunismo, o aparelhamento, a centralização bem como a via eleitoreira da UNE. Mas é realizando a ação direta classista e combativa que se faz essa diferença. Lutando para manter o poder nas bases de estudantes e com a revogabilidade dos mandatos e a direção coletiva.

Por fim, conclamamos os sinceros estudantes classistas e combativos, para construírem a luta por fora da política eleitoreira da UNE bem como por fora do centralismo e autoritarismo do MEPR. Avançaremos para derrotar as políticas privatistas na educação, a farsa da regulamentação da profissão do pedagogo e o retrocesso que é a BNCC.

 

PARA BARRAR A REGULAMENTAÇÃO, GREVE GERAL, GREVE GERAL NA EDUCAÇÃO!

PEDAGOGIA É COMBATENTE, ROMPEU COM A UNE E CONTINUA INDEPENDENTE!

A ExNEPe É DA PEDAGOGIA, E NÃO DO MEPR!

AVANTE, AVANTE, AVANTE JUVENTUDE! A LUTA É O QUE MUDA, O RESTO SÓ ILUDE!

[i] Avaliação feita pelo Coletivo Pedagogia em Luta/RECC sobre o 36° ENEPe, Rondônia: https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=1676486872667586&id=1615132512136356

[ii] Avaliação feita pelo Coletivo Pedagogia em Luta/RECC sobre o 37° ENEPe, Petrolina: https://www.facebook.com/1615132512136356/photos/a.1616618918654382.1073741828.1615132512136356/1817772508539021/?type=3

[iii] Plenária final do 37º ENEPe- https://www.youtube.com/watch?v=NqY7ASlOH1I

[iv] MEPR implode encontro alagoano 2018:  https://www.youtube.com/watch?v=8vCAOBIdKOM

[v] Página legitima da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia: https://www.facebook.com/MovimentoEstudantildePedagogia/?ref=br_rs . Blog legitimo da ExNEPe: https://exnepe.wixsite.com/exnepe

[vi] Denuncias sobre as práticas cometidas pelo MEPR na Pedagogia: https://exnepe.wixsite.com/exnepe/blog/abaixo-as-farsas-e-mentiras-do-mepr-no-movimento-estudantil-de-pedagogia-a-exnepe-%C3%A9-da-pedagogia

[vii] Posição sobre a apropriação indevida do movimento ocupa bandejão no RJ: https://www.facebook.com/OcupaBandejaoUerj/posts/1530142470429471

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