Olhares sobre a saúde pública e a classe trabalhadora do DF, frente o desafio do Corona Vírus

por Comitê de Base do Plano Piloto do SIGA-DF

Não é de hoje nem de ontem, que a saúde pública no Brasil, com raras exceções, e não diferente, no Distrito Federal, chama atenção pela falta de um funcionamento respeitoso e digno que tenha como prioridade a saúde e vida dos seres humanos que dela precisam, sobretudo a grande massa da classe trabalhadora.

Com rápidas ou detalhadas pesquisas, é possível fazer o histórico de avanços no setor da saúde pública no DF, tendo a mobilização social como precursora, e por outro lado, lacunas cruéis existentes nesse setor. E não chama atenção que o debate e questões envolvidas, perpasse em muito o quesito puramente econômico. Questões referentes a corrupção administrativa e outras, distribuição de recursos por setores, que contemplam a área, e não menos importante, os vários e frequentes casos de racismo, machismo, homofobia, e demais opressões que estruturam a sociedade, e não diferente, os sistema de saúde pública do DF e Brasil.

Entre algumas manchetes que marcaram o ano de 2019, no Distrito Federal, relacionadas a saúde, crescimento de casos e mortes em escala muito alta, em decorrência da dengue, em alguns meses, ganharam destaque nas mídias. Em maio de 2019 já tinham sido 16 mortes, no final de novembro, já somavam 48, e ao fim do ano, 61 vidas. Com um crescimento de ao menos 1000%, nos casos, em relação a 2018, segundo dados da Secretaria de Saúde do DF. Com a lotação nos hospitais públicos, chegou-se ao ponto de tendas improvisadas serem montadas para atender a população que necessitou. Como agora acontece devido ao Corona Vírus e a falta de preparo e estrutura do sistema público de saúde.

Quais são os setores sociais mais vulneráveis com a dengue, o COVID-19, e várias outros problemas que atingem ou podem atingir em massa grande parcela da população brasileira? Qual a importância da defesa de uma saúde pública e de qualidade, em tempos como estes e para toda a vida? A linha da história nunca se repete de forma exata, mas tormentas, vão e também voltam. Nos atentemos e saibamos pressionar e agir das formas possíveis, pela defesa de direitos básicos, há custo de muito, conquistados. Sabemos bem quem, além dos profissionais da saúde, limpeza das ruas e afins, não está podendo fazer a quarentena em casa. Maioria dessas pessoas tem região de moradia, identidade racial, classe, e em vários casos, com suas singularidades, identidades de gênero comuns.

Será como está a situação trabalhista e de saúde da maioria das pessoas transexuais nessa conjuntura? E a preparação do sistema para lidar com essas vidas? As vemos com frequência nos cargos confortáveis e bem remunerados, nos cursos de graduação e pós? E as trabalhadoras domésticas com e sem carteira de trabalho assinada? E os vendedores autônomos das ruas? E as/os desempregadas/os? E as pessoas em situação de rua? A quem serve os hotéis luxuosos e os milhares de apartamentos desalugados? Para quem e como faz diferença os impostos que seus donos deixam de pagar? A quem serve a fala sanguinária e capitalista de Bolsonaro, que o Brasil não pode parar?

Questionamentos importantes. E a saúde mental da população como um todo, e de quem está mais exposto/a? Quem consegue atendimento e assistência com facilidade? Na era do capital, adoecimentos e mortes de trabalhadoras/es, junto a crescente dos lucros, é combustível para manutenção da máquina sanguinária chamada de capitalismo.

Entre outros fatos de relevância, no que tange a responsabilidade governamental na saúde do DF, profissionais estressados, com alta carga de trabalho e pouco descanso, devido o quantitativo reduzido de profissionais atuantes, e as crescentes das demandas, compreendem outro fator de relevância nessa breve análise. Em 2019, entre casos de procedimento médico inadequados em hospitais públicos, como em Samambaia, a sobrecarga de trabalho e pouco efetivo, e informações ditas insuficientes em algumas investigações, apontam constantemente a maior necessidade de fiscalização e amparo real a tal setor.

Não podemos achar normal, passar 8 ou 10 horas na fila de um hospital, aguardando para ser atendida/o, em muitos casos, em situação de risco de vida. Não naturalizemos o machismo e racismo sobre as trabalhadoras negras. Pesquisas apontam que o efetivo de médicas/os, na saúde pública do DF, tem um déficit muito significativo, e é urgente a contratação de mais profissionais em diferentes setores, assim como, técnicas, enfermeiro/as, psicólogas, psiquiatras, e vários outros profissionais.

Geralmente, nas notícias e na VIDA real, não vemos pessoas em situação econômica estável e farta, ocupantes de trabalhos bem remunerados, morando em regiões supervalorizadas, brancas e demais privilégios relacionados, passando mal em hospitais públicos e reclamando do tamanho da espera, condições físicas do espaço e do tratamento recebido. Aquelas/es que decidem várias coisas nesse setor, em alguns casos, jamais foram atendidos em hospitais públicos, ou enviam algum familiar para tais, sobretudo nas regiões administrativas do DF.

Em épocas como agora e sempre, a grande classe trabalhadora do DF e do Brasil deve cobrar garantia de direitos trabalhistas e acesso digno a saúde pública de qualidade. Não aceitemos que a redução de lucros de alguns grandes empresários seja mais importante do que a saúde e a necessidade de cuidados com o coronavírus, do que as nossas vidas. Façamos deste momento uma oportunidade de união e solidariedade de classe. Organizemos os diferentes setores trabalhistas para construção de uma GREVE GERAL que culmine na garantia e avanços de direitos e vida digna para a classe trabalhadora que sustenta este país.

FORA GOVERNOS IBANEIS E BOLSONARO, INIMIGOS DO POVO E VIOLADORES DE DIREITOS!
PELA CONSTRUÇÃO DA GREVE GERAL PELOS DIREITOS DA CLASSE TRABALHADORA!
PELO ACESSO A SAÚDE PÚBLICA DE QUALIDADE!
ABAIXO A EXPLORAÇÃO, O RACISMO, MACHISMO, HOMOFOBIA, TRANSFOBIA, E TODAS OPRESSÕES QUE SUSTENTAM O CAPITALISMO
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