Os grandes supermercados não se importam com as nossas vidas!

Os grandes supermercados não se importam com as nossas vidas!

Durante o período de isolamento que estamos vivendo precisamos ao máximo reduzir nossa exposição, saindo de casa apenas para atividades essenciais, dentre elas estão as idas aos mercados e supermercados. Assim, para minimizarmos o contágio precisamos utilizar máscaras, luvas e álcool gel, produtos que têm tido aumentos de preço e muita procura, dificultando o acesso para toda a população.

Temos visto os mercados adotando algumas das medidas de segurança, são exemplos: marcas no piso mostrando a distância necessária entre clientes, disponibilização de álcool gel nas entradas, limpeza constante de cestas e carrinhos, controle do número de clientes dentro da loja e pequenas barreiras de acrílico separando cliente e funcionário nos caixas.

Os mercados e supermercados são o segundo ambiente de maior exposição e contaminação[1], perdendo apenas para os hospitais e demais serviços relacionados à saúde, a exemplo das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Por esse motivo se preocupar ao ir ao supermercado é compreensível, pois é uma simples ação que pode levar a sua contaminação e da sua família.

Infelizmente por falta de uma estratégia unificada a nível nacional no combate a propagação do vírus e uma fiscalização mais rígida, as medidas adotadas pelas lojas são, na realidade, uma preocupação em passar aos clientes uma falsa sensação de segurança do que um comprometimento real em frear a propagação do vírus. Observamos essa atitude quando boa parte dos supermercados proíbem seus trabalhadores de usarem ou não disponibilizam máscaras e luvas, com o objetivo de não amedrontar seus clientes, mantendo as caixas registradoras cheias de dinheiro e não demonstrando a seriedade do atual momento em que vivemos.

Além disso percebemos a ausência de um padrão de cuidado constante nos mais variados supermercados, ao que parece as medidas de proteção que mencionamos anteriormente são realizadas aleatoriamente durante horários ou dias específicos, não existindo uma contínuidade nas medidas.

O recente caso[2] na rede de supermercados Imperatriz traduz o que estamos falando. A vigilância sanitária fechou a loja localizada na Avenida Mauro Ramos para desinfecção no último dia 8 de Abril após a confirmação de que três funcionários estão com o coronavírus. Cerca de 12 funcionários foram afastados por risco de terem entrado em contato com os infectados, enquanto a loja iniciou já na noite do fechamento um processo de limpeza/desinfecção. Fica claro que entre a proteção dos funcionários e clientes, o mais importante é continuar as vendas a qualquer custo.

No Brasil e no mundo o setor dos supermercados é um dos mais lucrativos[3], só no Brasil no ano de 2018 faturaram mais de 355 bilhões de reais[4], manténdo seu crescimento durante os períodos de crise econômica. Os supermercados junto ao setor dos centros de ligações (call centers) são os que mais acumulam denúncias no Brasil e no mundo no que diz respeito às condições de trabalho durante a pandemia.

Em João Pessoa, no dia 4 de abril, faleceu aos 43 anos um funcionário gerente de uma rede de supermercados[5]. Na França e na Itália, os trabalhadores da rede de supermercados Carrefour entraram em greve exigindo Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para que tenham o mínimo de proteção no ambiente de trabalho. Na Bélgica, Argentina e Espanha os trabalhadores de redes de supermercados também fizeram greve pelos mesmos motivos. A mega rede de supermercados Whole Foods (do grupo Amazon), presente em diversos países, também teve suas atividades paralisadas na Europa e nos Estados Unidos por conta da greve dos trabalhadores exigindo o mínimo de segurança sanitária[6].

O cenário global é de preocupação generalizada e luta por condições básicas de segurança para os trabalhadores dos serviços essenciais, no Brasil foi publicada a Medida Provisória 927 que caminha na contramão dos interesses da população. Nessa medida os trabalhadores que contraírem Covid-19, para receberem a licença médica ocupacional, deverão provar que sua contaminação aconteceu no ambiente de trabalho[7], o que acaba criando um meio dos patrões dificultarem a dispensa e remuneração justa aos funcionários que forem infectados pelo vírus.

Os trabalhadores de supermercados representam mais de 1,8 milhão de empregados, hoje estão executando um serviço essencial, ficando durante horas imobilizados atrás dos seus caixas, ou reabastecendo as prateleiras, transitando entre os clientes, são os linhas de frente e estão expostos cotidianamente ao risco de contágio. Em Santa Catarina[8] o governo afirmou no dia 9 o lançamento de uma portaria tornando obrigatória a utilização de máscaras caseiras por todos os trabalhadores liberados para atuar durante a quarentena.

A falta de cuidado e exposição dos funcionários das redes de supermercados ao contágio pelo novo coronavírus coloca em risco os próprios funcionários, suas famílias e a população em geral que frequenta essas lojas. Sabemos que com uma situação de contagio em grande escala os setores mais atingidos pela pandemia serão os trabalhadores e os mais pobres, a falta de água, difícil acesso a coleta de lixo, poucas condições de estocar grandes quantidades de produtos coloca a periferia se equilibrando em cima da corda bamba na luta contra o vírus.

Nesse sentido para barrar o aumento das contaminações e proteger a saúde do povo trabalhador é nosso dever fiscalizar os estabelecimentos que frequentamos, notar as ações de proteção utilizadas, sua periodicidade e eficácia. Devemos cobrar a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para os funcionários que estão trabalhando diariamente e impedir que o vírus se espalhe para os bairros e comunidades de nossa cidade.

O Sindicato Geral Autônomo de Santa Catarina (SIGA-SC) está recebendo mensagens, vídeos ou áudios relatando situações de violação das recomendações sanitárias. As grandes empresas e patrões só estão preocupados com o dinheiro que entra em seus bolsos, por isso, nos locais que verificarmos o não cumprimento das exigências de segurança é nosso dever boicotar estes estabelecimentos, não comprar, gravar e compartilhar nas redes nossas denúncias, demonstrando o descaso com a população. Vamos pressionar aonde dói, no bolso!

SE O SERVIÇO É ESSENCIAL, A SEGURANÇA TAMBÉM É, EXIJA O EPI!

QUEM COMPRA SOMOS NÓS, QUEM LUCRA SÃO ELES!

DENUNCIE E BOICOTE!


[1] https://www.agazeta.com.br/es/economia/os-profissionais-mais-ameacados-pela-infeccao-do-coronavirus-0320

[2] https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/04/08/supermercado-em-florianopolis-e-fechado-para-desinfeccao-apos-funcionarios-contrairem-covid-19.ghtml

[3] https://exame.abril.com.br/negocios/as-15-maiores-redes-de-supermecados-do-brasil-em-2013/

[4] https://www.correiodopovo.com.br/not%C3%ADcias/economia/supermercados-brasileiros-fecham-2018-com-faturamento-de-r-355-7-bilh%C3%B5es-1.327429

[5] https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2020/04/04/gerente-de-rede-supermercados-morre-por-covid-19-em-joao-pessoa.ghtml

[6] https://www.vrt.be/vrtnws/en/2020/04/01/protest-closes-three-delhaize-supermarkets-in-brussels/
https://www.theguardian.com/business/2020/mar/31/whole-foods-coronavirus-outbreak-us-health
https://www.lmneuquen.com/los-empleados-los-grandes-supermercados-exigen-la-reduccion-del-horario-atencion-n692335
http://laizquierdadiario.com/Trabajadores-La-Gallega-en-Rosario-pararon-con-aplausos-reclamando-condiciones-de-prevencion

[7] https://www.agazeta.com.br/es/economia/empregado-vai-ter-que-provar-que-contraiu-coronavirus-no-local-de-trabalho-0320

[8] https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/04/09/numero-de-mortes-por-coronavirus-em-santa-catarina-sobe-para-18-estado-tem-693-casos.ghtml

0 thoughts on “Os grandes supermercados não se importam com as nossas vidas!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *