Boletim Especial – Chega de Escravidão – nº 9

Boletim Especial – Chega de Escravidão – nº 9

Pelo direito à saúde, ao trabalho e à renda

Boletim do Sindicato Geral Autônomo do Rio de Janeiro | Edição Especial em tempos de pandemia | número 9  | Julho de 2020

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Editorial: resistir pelo direito à vida!

Na publicação do oitavo número do nosso Boletim Especial, registramos as terríveis marcas a terrível marca de 1.151.306 casos do novo coronavírus (Sars-Cov-2), com 52.760 mortes em decorrência da Covid-19 no Brasil, dado do dia 23 de junho. No dia 12 de julho  atingimos 1.866.176 casos e 72.151 brasileiros e brasileiras perderam suas vidas. A maioria da trabalhadoras e trabalhadores negros das favelas e periferias do país.

Apesar do avanço do número de mortes, o governo federal continua sem tomar qualquer medida para a preservação das vidas, pelo contrário, suas medidas são opostas aquelas recomentadas instituições médicas e sanitárias. Esse foi o caso do veto do Presidente Bolsonaro à obrigatoriedade do uso da máscara de proteção individual em órgãos e entidades públicas e em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos, instituições de ensino e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas, que contavam da Lei 14.019 de 2020.

O veto também se estendeu à obrigação do poder público de fornecer máscaras de proteção individual diretamente às populações vulneráveis economicamente. Da mesma forma que vetou os trechos da lei que previam a obrigação do poder público garantir o acesso das comunidades tradicionais (população indígena, quilombola, caiçara) a água potável, materiais de higiene, leitos hospitalares e respiradores mecânicos.

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As medidas do Presidente Bolsonaro não deixam dúvidas sobre o seu desprezo com a vida do povo, em especial das parcelas mais necessitadas. Ele coloca o lucro de poucos empresários e ricos a custa dos riscos de saúde e de morte de milhares. Não importam quantos tenham ainda que morrer, desde que os lucros sejam preservados.

Nossas vidas não significam nada além de uma coisa que pode ser explorada até que se retire o último suspiro de nossas vidas. Por isso vamos dar um BASTA! CHEGA DE ESCRAVIDÃO!

Pela construção da Greve Geral pela Vida! Fora Bolsonaro e Mourão! Poder para o Povo!

Breque dos Entregadores!!!

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Breques dos APP Niterói. Foto: RMC Niterói-RJ

No último dia 01 de julho os entregadores de APP (Rappi, Ifood, Uber Eats, James, Loggi) realizaram uma greve internacional por melhores condições de trabalho. Além do Brasil, entregradoras e entregadores de Argentina, México e Costa Rica  paralisaram suas atividades desligando seus aplicativos e percorrendo ruas, shoppings e restaurantes divulgando as seguintes reivindicações:

1) aumento das tarifas pagas;

2) fim dos bloqueios;

3) auxílios para acidentes e contaminação pelo novo coronavírus.

Na cidade do Rio de Janeiro os entregadores se reuniram na Praça da Igreja da Candelária, no Centro. Em Niterói as entregadoras e entregadores se concentraram na Praça Arariboia, no Centro da cidade. Os atos contaram com a adesão de dezenas de entregadores que desligaram seus aplicativos e dedicaram o dia ao protesto e às reivindicações.

Uma das formas de organização é o movimento dos Entregadores Antifascistas-RJ, um movimento que começou no estado de São Paulo e se espalhou pelo Brasil. Os Entregadores Antifascistas-RJ defendem a auto-organização dos entregadores para:

1) criar um fundo de apoio para quem sofrer acidentes de trabalho;

2) criar uma rede de colaboração entre oficinas de bicicletas e mecânica de moto;

3) pressionar para formalizar os vínculos empregatícios e garantia de alimentação;

4) articulação de pontos estratégicos na cidade para usar o banheiro e carregar celulares;

5) criação de uma rede que ligue os consumidores diretamente com os entregadores.

O SIGA-RJ faz parte de uma rede de apoio as entregadoras e entregadores. Um novo breque já está marcado: dia 25 de julho. Apoie a luta dos entregadores. Solidariedade de classe é fundamental. Construir greves de solidariedade!!!

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Leia mais:

Depois do Breque, Acelerar a organização

Breque dos APPs

Entrevista com Entregadores Antifa-RJ

Paralisão no DF e a Greve do próximo dia 25

Mensagens aos Entregadores

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PM tortura trabalhador e é expulsa a base de pedras na Favela do Moinho

A PM entrou na favela do Moinho da mesma forma que faz em todas comunidades pobres do país, apavorando os moradores. Mas no dia 2 de julho foi diferente. Os moradores se revoltaram e, com pau e pedras, expulsaram a polícia. A revolta aconteceu após uma criança cadeirante ter seu braço mordido por um cachorro da PM e outro jovem de 18 anos, Sidney Santos de Lima, ter sido torturado após se recusar a dar informações para os agentes da repressão. “Eu não tenho que falar nada, eu sigo pelo certo, não falei nada” relatou o jovem trabalhador. Após três facadas na mão, Sidney agora se preocupa em como trabalhará “47 pontos!Vou passar por uma cirurgia amanhã, estou a ponto de perder os movimentos da mão, como eu vou trabalhar, isso é certo?”. Sidney ainda questiona se por ser preto e morador de favela isso é motivo para ele ter sua casa invadida e ser torturado.

A legítima revolta popular na Favela do Moinho demonstra que o povo já não aguenta mais tanta opressão. O mito de que o povo nesse país é pacífico e que aguenta tudo calado nunca existiu, a história das favelas é um exemplo de resistência e combatividade. Por vezes, quando morre um trabalhador ou criança em uma comunidade, ônibus são incendiados. A chama da revolta é contínua, não se apaga, e ainda vai queimar toda essa estrutura de opressão do capital sobre os pobres.

PELO FIM DA PM!

Ser criança negra e pobre no Brasil é nascer marcada com um alvo.

O final de junho e início de julho foram marcados pela morte de três crianças no Estado do Rio de Janeiro por armas de fogo em diversas circunstâncias.

Em junho, Kauã Vitor, 11 anos e morador da Maré, foi assassinado na porta de casa por um outro adolescente que havia recentemente entrado para o tráfico de drogas local. Seu caso não foi investigado por quê a Polícia Civil alegou que não poderia realizar operações, devido à decisão judicial que garante a integridade das comunidades durante a pandemia. Entretanto, a mesma Polícia tem realizado operações, como uma de vingança pela morte de um policial no Morro da Serrinha, em Madureira.

Na mesma semana de junho, Rayane Lopes foi morta por tiros numa festa junina em Anchieta, depois que um carro passou atirando contra os presentes, ferindo 7 pessoas e matando 5, entre elas Rayane que tinha apenas 10 anos de idade.

A terceira vítima é Ítalo Augusto, 7 anos de idade, morto enquanto brincava por uma bala perdida na porta de sua casa em Vila Norma, São João de Meriti. Segundo moradores, não há tráfico no local, mas no momento, aconteceu um tiroteio envolvendo uma patrulha da PM.

Rayane, Ítalo e Kauã se juntam a estatística de 14 crianças mortas por violência durante o governo genocida de Wilson Witzel.

Atendendo aos anseios do Mercado, Governo do RJ e da cidade do Rio de Janeiro realizam flexibilização desordenada.

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Marcelo Crivella, prefeito do Rio, parece ter se curvado aos anseios de empresários e bolsonaristas efetivando assim uma flexibilização totalmente descolada da realidade, levando a crer que a política oficial é a do genocídio sanitário.

Desconsiderando a OMS e estudos da FIOCRUZ e UFRJ que apontam a possibilidade do aumento da taxa da contaminação, Crivella liberou as vésperas do Dia dos Namorados, a abertura dos shoppings, atendendo o anseio dos empresários famintos por lucros. Logo depois, liberou o futebol, a abertura de bares e restaurantes e a normalidade nos transportes públicos, desconsiderando todos os alertas. Crivella, desesperado por um novo mandato nas eleições municipais de 2020, busca apoio do empresariado e distribui mentiras sobre o real estado da pandemia carioca.

Já o governador Wilson Witzel está escondido, tentando manter seu mandato com tratativas com a Assemblei Legislativa. Depois dos imensos rombos financeiras na Saúde, Witzel vai a reboque das medidas de Crivella e nem dá mais suas entrevistas cheias de ênfase pela “vida”, puro discurso hipócrita do genocida.

Pelo Brasil

Caso SINHA

O trabalhador negro do Hospital Federal do Andaraí e estudante de Educação Fisíca, Wilton Oliveira da Costa, 33 anos, conhecido como Sinha, conseguiu liberdade provisória e foi solto na última semana. Mais um caso de racismo cometida contra um homem negro no país. Queremos a anulação da acusação contra Sinha.

Morte Indígenas

                A expansão da pandemia da COVID-19 pelo interior do país vai afetando as populações indígenas. Na última semana cinco lideranças do Xingu morreram em decorrência da doença. A política do governo Bolsonaro é a continuação do genocídio. Segundo o site http://emergenciaindigena.apib.info/ já foram 13801 casos confirmados com 490 mortes e 130 povos atingidos.

Vidas Indígenas Importam!

Assassinato no Campo

Na última semana o militante Mineiro do Acampamento Emiliano Zapata, coordenado pela FETAGRI/RJ, em São Pedro da Aldeia, interior do estado do Rio de Janeiro. Testemunhas apontam que policiais do 25º BPM estariam a serviço do fazendeiro Matheus Canellas.

A terra onde as trabalhadoras e trabalhadores se encontram assentados (Fazenda Negreiros) foi desapropriada pelo Incra em 2008. No entanto, apenas 450 hectares da fazenda foram efetivamente destinados para a reforma agrária, área onde foi criado o Assentamento Ademar Moreira, com 21 famílias. Os outros 820 hectares da fazenda acabaram não sendo destinados a assentamento, o que gerou a ocupação pelos trabalhadores e trabalhadoras desde 2017, com cerca de 40 famílias residindo no local.

Terra e Liberdade!

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